Pequenas Notas

Os equívocos da revista Veja em Vitória da Conquista

Por Paulo Pires

A revista Veja notória publicação semanal do Grupo Editora Abril, há muito tem realizado um trabalho jornalístico da maior envergadura (para uns) e de discutível conteúdo (para outros). A ideologização dos seus editoriais coloca-a sob suspeita de que, na maioria das vezes, a publicação toma partido ou propende para defesa de questões em benefício das elites mais enraizadas do País, tudo em detrimento dos menos favorecidos.  Os seus diretores rechaçam essa acusação e dizem que fazem justamente o contrário. Preocupado e ao mesmo tempo indiferentemente a ideologização da revista bem como sobre as posições dos seus diretores, o autor desta coluna, gozando da liberdade de expressão que se estende a todos os cidadãos que vivem em um estado de direito, manifesta-se com certa apreensão em relação a algumas matérias que a revista produz.  Não a recriminamos por se inclinar política ou financeiramente por A ou por B. Entendemos que a Revista pode atribuir-se o sagrado direito de defender a quem achar mais coerente com o seu ideário e, portanto, nada a comentar sobre isso. Em países desenvolvidos as publicações de grande alcance tem cuidado em informar ao grande público para quem torcem. No Brasil essa prática é pouco comum.

 

            Ocorre que na edição 2.241 destes 02 de novembro essa revista publicou uma matéria com 35 páginas dando-lhe destaque na parte de cima da capa com o título Especial Cidades. A proposta é [ou era] fazer uma espécie de Raios-X de cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes. Ótimo, isto seria ótimo se os leitores mais cuidadosos não tivessem percebido falhas gritantes no conteúdo da matéria.  

 

            Nossa perplexidade aflora porque estamos diante de uma publicação de grande conceito, as falhas que constatamos são inconcebíveis, principalmente considerando a experiência dos seus editores, seus jornalistas e sua atuação no mercado há exatos 44 anos.

 

            Sem entrar no mérito de todas as cidades por onde ela diz que os seus jornalistas passaram, queremos nos deter especificamente a nossa Vitória da Conquista. Lembrando que Feira de Santana também está furiosa.

 

            As informações sobre nossa cidade carecem de reparos.  Reparos urgentes. Como não estamos dependendo de recursos oficiais nacionais ou internacionais e vivemos uma administração competente sem escândalo ou rupturas surpreendentes, graças ao bom Deus estamos tranqüilos quanto aos pequenos prejuízos que poderíamos ter tido com a matéria. É fundamental assinalar sobre a interpretação de dados. Aprendemos que na interpretação deles, é necessário muito cuidado para que informações enviesadas nãos nos levem a conclusões também enviesadas.  Por exemplo: Vitória da Conquista é a terra do Glauber Rocha. Em Vitória da Conquista todos gostam de cinema, logo todos são iguais a Glauber Rocha? É verdade isso?

 

            Um aluno de uma Escola do interior do município foi submetido a um teste que ninguém sabe, exceto o técnico do IDEB (e a criança). O menino não foi bem no teste. Conclusão (genial): A Educação em Vitória da Conquista é a pior do Brasil.

 

            Vamos e venhamos. Isso é uma análise séria? Os cidadãos de Vitória da Conquista sabem que temos na Rede Municipal 203 Escolas, todas avaliadas recentemente pelo IDEB. A maioria apresentou índices de aproveitamento dentro da média nacional, algumas delas conseguindo notas superiores a essa média.

 

            Onde foi que o jornalista (genial) da Veja colheu os dados para nos apresentar como o pior desempenho do Brasil? Como ele chegou a esse número e a esses dados? Quantas crianças e quantos professores foram entrevistados e submetidos a testes? Quais foram os diretores e professores com os quais ele, o jornalista, se encontrou? Em que ano foi realizada a pesquisa?

 

            Quem mora nesta cidade sabe que há uma distância muito grande entre o que foi publicado e a realidade em nosso município. Hoje a mortalidade infantil de crianças nascidas na Sede e nos nossos Distritos está na média de 16 para cada mil que aqui nascem (índice de primeiro mundo). O jornalista ignorou os números reais dos nossos distritos – só os do nosso município – e computou, ou melhor, DEBITOU a mortalidade de crianças de 200 outros Municípios atendidos em Conquista cujas mães, pelas formações culturais que tiveram e a falta de um pré-natal adequado, chegam aos nossos hospitais em condições lamentáveis, algumas em estado de eclampsia.

 

            Que matéria vazia é essa? Que conteúdo oco é esse? Procurem saber efetivamente quantas crianças do nosso Município (só do nosso, claro) são enterrados por mês na cidade. Claro que a PMVC tem consciência que não faz a administração mais perfeita do mundo. Nós, Conquistenses nascidos aqui ou não, rejeitamos a classificação que o jornalista de Veja tentou nos impor. Entendemos, entretanto, que isso se deu por causa de investigação superficial que serviu de suprimento ao seu trabalho, cá prá nós, também superficial.


16 Respostas para “Pequenas Notas”

  1. Anfrísio Carvalho da Rocha

    Gostei muito da nota. inclusive quando vi a repercussão da notícia fiz uma pequena varrida no site do inep e percebi que a avaliação épor escolas. não entendi como eles chegaram à um índice para todo o munícipio. Esta nota precisa ser espalhada, pois é o nome de Conquista que está em jogo. Sou de Piripá, mas já morei em onquista. Nossa educação carece de melhoras, mas não precisa avacalhar.

  2. Anesio Alves RIbeiro dos Santos

    Fui assinante da VEja por vários anos e nos últimos não perco meu tempo em, ao menos, folhear uma revista que só trás matérias tedenciosas. Façam todos como eu, não leiam a revista.

  3. henrique

    Professor paulo, sou seu fã,mais supreendo com sua dedicação a esta administração que ai está a mais de 16 anos, porque sem duvida nenhuma o PT fez muito por nossa cidade, mais como eu mesmo disse, fez, por que agora não está fazendo nada por nossa querida conquista,inclusive o senhor mesmo está vendo quase todo dia greves e mais greves, na saúde e principalmente na educação, cuidado para não vir aqui fiscalizar o transporte senão com certeza seremos desmoralizados novamente. Acorda Conquista, mudança já.

  4. YURI LIMA

    Veja NUNCA foi referencia de conteúdo pra nada. Nem nas propagandas de palito de dente que constam em suas paginas.

    A Veja não tem Jornalistas. tem pessoas que sabem escrever e liberdade pra falar o que quiserem sem compromisso (quase um facebook).

    Diogo Mainardi é quem mesmo?

    Ótimo texto, Paulo.

  5. Márcia

    Dou-lhe uma sugestão,co todo respeito e admiração, vá o Sr mesmo, leve uma linha dsse texto, o qual escrveu e ver se grande part dos que estão na 2ª série sabe ler? ao invés de ficar duvidando, não podmos varrr o lixo p/ debaixo do tapete…

  6. Vítor Luciano

    Excelente análise!Parabéns Paulo Pires!
    Fico indignado,estarrecido,diante de tanta barbaridade publicada pela revista VEJA em relação a Vitória da Conquista!Hoje eu me arrependo de ter sido assinante de Veja por mais de quinze anos!
    Não sou conquistense mas percebo,como qualquer indivíduo de bom senso e discernimento,que é uma publicação ( a pesquisa) tendenciosa e superficial e todo mundo sabe da implicância da Veja com o PT!E,desta vez, sobrou para a joia do sertão baiano, a cidade que mais cresce no nordeste!
    Vitória da Conquista é uma cidade em franco progresso :universidades,construção civil,investimentos privados, indústrias,comércio,agricultura,agropecuária e uma excelente administração pública!Quem tem olhos de ver,que veja! Sendo assim,os dados fornecidos pela infeliz pesquisa não condizem com a realidade conquistense!Coisa lamentável!!!

  7. Indignado

    Prof. Paulo, o desenvolvimento de nossa conquista, como diz V.S., nada tem a ver com a administração publica, ai de nos se não fosse a iniciativa privada, não quero entrar no mérito da reportagem, mais não foi o seu PT e a Sua PREFEITURA, quem faturou politicamente com uma matéria veiculada na mesma (mal falada) revista veja a quem tanto V.S., critica agora, tenha santa paciência, ou então, tenha um pouco de coerência, se fala bem serve se não fala…V.S., que é mais que tendencioso, ta mais pra puxa-saquismo mesmo.Vê se se manca, seu bitolado, ou sera bai….

  8. Danton

    Não é preciso vir até aqui pra constatar esses dados. Estão todos disponíveis nos sites oficiais do Governo Federal, basta uma busca rápida. Quer confirmar dos dados do IDEB? http://ideb.inep.gov.br/resultado/home.seam?cid=939126
    ou prefere confirmar os dados da saúde? http://189.28.128.178/sage/

    Não podemos é fechar os olhos diante dessa situação ou tentar atribuir à revista uma perseguição ao governo do PT, não vi ali somente cidades administradas pelo partido com avaliações ruins. A Veja não é exemplo de imparcialidade, mas é preciso analisar com cuidado as informações pra podermos ter alguma opinião isenta também.

  9. CÉLIO CRUZ

    Quando vir a noticia tambem me surpreendir. Claro que nossa cidade não tem a melhor adm do brasil, mas ter esses indices que esta revista divulga realmente é o desrespeito ao nosso povo. Aliás as publicações de indices de avaliação geralmente são muito atrazados. A Revista podereia ao mesmo fazer um comparativo com o ano passado.

    execelente artigo Prof Paulo.

    abraço.

  10. Rubens

    Se a administração pública e seus simpatizantes trabalhasse mais e falassem menos, não se contentaria com indices tão baixo, inclusive comparados aos de níveis nacional, que no Brasil é uma vergonha se comparando à paises como Chile, que integram o nosso mercosul. A cidade é uma sujeira só, falta não só educação, como segurança que é de obrigação do governo estadual que é PT, falta um bom sistema de transporte e principalmente saúde. Já se foi a época que as bases que consolidam o nosso estado de direito, se fazem por idealizadores de partidos “A” ou “B”. Vejo a VEJA com materias imparciais, ou vai nos dizer que os “ministros” que ali denunciados foram alvos de perseguições. Apoio a matéria em sua integra e vamos arregaçar as mangas, ao invés de achar culpados.

  11. Jmanuel

    Dizer somente que a revista nao seria imparcial e’ facil, como e’ facil nao ver os nossos problemas internos e joga-los para debaixo do tapete. Lamento o artigo e o ponto de vista. A revista nao inventa dados, os retira de fontes oficiais. Somente os miopes nao percebem o quanto estamos atrasados em relacao a distibuicao de renda e a educacao e o quanto isso nos afeta e afetara no futuro.

  12. José Carlos G. Soares

    Basta uma rápida leitura para saber de qual lado a revista veja sempre esteve.
    O excelente jornalista Paulo Henrique Amorim, do conversa afiada, sempre diz que a veja faz parte do PIG (partido da imprensa golpista).

  13. yende

    Caro prof, adoro os seus textos mas entristece-me quando o vejo se expor dessa forma…tentando se contrapor aos fatos.Os dados apresentados pela revista sao extraidos de fontes oficiais e portanto inquestionaveis.Votei no atual prefeito porque era a melhor opcao dentre os candidatos de entao mas vejo o quao carente estamos ,falando-se de saude e educacao.

  14. Vinicius Martins

    Se a revista elogiasse conquista, estaria tudo bem e tudo maravilhoso, mas como demonstra uma realidade negativa não merece credibilidade! (pelo que sei o IDEB é um orgão do governo federal ligado ao MEC (o governo federal não é do PT?) Ora comentaristas, então estaria o PT nacional combatendo o PT conquistense? Quanta incoerência. Exaltar a veja quando fala bem e execrar quando fala mal é uma opinião muito conveniente. Com crédito ou sem, a revista é formadora de opinião e tem importância quando a repercussão!
    Ora meu Paulo Pires, o senhor é professor, faça uma pesquisa em loco, visite as escolas e não precisar da revista veja para constatar que a educação em conquista é um lixo!!

  15. Umbyra

    Que defesa patética! Os índices são do MEC, sr Paulo! Não tente subestimar a inteligência dos outros!!! Os mesmos parâmetros utilizados nos índices do IDEP foram utilizados em todas as cidades Brasileiras!!! Se não, vá reclamar do MEC, não da VEJA! Resultado: infelizmente temos a pior Educação Fundamental em relação às cidades com mais de 200.000 habitantes, e fim de papo!!! Uma vergonha, sim!!! Cadê o dinheiro do FUNDEB? aumentou em quase 200% e o nível desce???? É muita cara de pau!
    Para o Yuri Lima: Referência para vc é o que? quem fala bem do PT? vc não conta… só pode ser um alienado que acredita em PIG… Só este ano a VEJA derrubou 5 Ministros sob suspeita de corrupção, indo pro sexto! Vc não queria que a Veja denunciasse corrupções do PT?
    Para Célio Cruz… vc é desinformado, rapaz! O índice disponível do IDEB no MEC, é justamente de 2007 a 2009… o ano que vem, teremos 2009 a 2011! portanto, a Veja não pode usar um índice que ainda não existe!
    Para Vitor Luciano… qual foi a mentira? Os dados estão corretos, já que são do MEC e MS. E quando a Veja colocou Conquista como a 7ª cidade que mais se desenvolveu no Brasil, vc tb ficou indignado?
    Já eu, estou indignado em ver minha cidade com a Educação e a Saúde, como foi mostrado e comprovado.

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