Fenomenal…

Por Ezequiel Sena

Inacreditável! Luíza Rabello voltou do Canadá e foi recebida com status de grande estrela. Agora, ela agarra com ‘unhas e dentes’ a fama inesperada. Distribui autógrafos, vai a programas de televisão, ontem mesmo (29), estava na Eliana do SBT; simpática, sorriso largo, nem compreende o porquê de tanto assédio. Tivesse 18 anos, as revistas masculinas avançavam como abutres – não tenham dúvida. Queiram ou não, vivemos a era da instantaneidade. As grandes celebridades não se limitam somente a cientistas, escritores, artistas, professores ou chefes de estado; pessoas que nada fazem ou nunca fizeram nada, conseguem num piscar de olho, pela internet, a glória repentina.

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Bem, talvez o amigo leitor nem saiba de quem estou falando ou nem imagina quem seja essa tal de Luíza. Calma, eu explico: num comercial de uma empresa imobiliária da Paraíba, o pai dessa jovem de 17 anos, Gerardo Rabello, colunista social, no lançamento do empreendimento falava das dimensões dos apartamentos e mostrava a família reunida ‘menos Luiza, que está no Canadá’. A frase caiu como uma ‘bomba’ nas redes sociais (twitter, facebook, etc.), piadas, vídeos e centenas de músicas foram feitas em cima da citação virando o bordão mais comentado do País, mania nacional. Mais admirado até que a música brasileira da moda: “Ai, se eu te pego”, ou quem sabe, do badaladíssimo estupro do BBB12. É difícil compreender. Mas é justamente o que acontece com o imediatismo midiático.

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O jornalista Carlos Nascimento, âncora do Jornal do SBT, dominou as discussões das redes sociais, sexta-feira (27). O apresentador questionou a atenção dada à volta da estudante do Canadá e à repercussão do suposto estupro no programa BBB12, da rede Globo. Disse ele: “Ou os problemas brasileiros estão todos resolvidos ou nós nos tornamos perfeitos idiotas. Porque não é possível que dois assuntos tão fúteis possam chamar a atenção do País inteiro. Primeiro, um programa de televisão em que se discute um estupro, que por si só já é um absurdo, negado por ambos protagonistas. Segundo, uma pessoa que ninguém conhece vira celebridade na mídia somente porque o nome apareceu milhões de vezes na internet. Luiza já voltou do Canadá… e nós já fomos mais inteligentes”, concluiu. Declarações de apoio e críticas ao comentário de Nascimento dividiram as opiniões dos milhares de internautas.

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Dizem os entendidos que isso faz parte da ‘liberdade de expressão’. Creio que atualmente o fútil, o bizarro, os refrões diferentes ou bordões tomam conta do povo facilmente e se espalha como praga.  Dias atrás o ‘Programa Fantástico’ levou quase dez minutos falando da música “Ai se eu te pego”, de autoria dos baianos Antonio Dyggs e Sharon Acioly, cantada por Michel Teló. Virou a coqueluche nas comemorações esportivas pelo mundo, tanto no futebol como no basquete e no tênis, invadiu até as fronteiras do mundo árabe, especificamente Israel.

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Ah, já estava me esquecendo, o glamour por Luiza não para, no Globo Esporte (SP), por exemplo, Ivan Moré ao se despedir, saiu com essa “eu vou embora amanhã estou de volta (sic). Beijo a todos, menos pra Luiza que está no Canadá”. A cena é a mesma e segue tomando conta de shows e programas “A Tarde é Sua”, “Muito +”, “Programa do Ratinho” até o cantor Lenine no fim do show em João Pessoa disse “tá todo mundo aqui cara, menos Luiza que foi pro Canadá”.

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Pensando bem, mesmo não sendo adepto, de que adianta ser contra o que a maioria adora? Não vale a pena, ainda mais quando isso se torna fenômeno do mundo inteiro. Alguns podem até questionar como a decadência da cultura, e devem ter razão. Mas fazer o quê?  Culturalmente nada acrescenta, todavia diverte e, certamente, deve melhorar e muito o humor de muita gente. Aproveite Luiza, os seus 15 minutos, senão o Brasil te pega.

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Ezequiel Sena


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