Conquista cidade aberta

 Por Paulo Pires 

Fato evidente [e louvável] no cotidiano de Vitória da Conquista é o empenho de quase todos os seus segmentos discutindo questões relacionadas ao município. As hipóteses que se constroem como respostas às nossas demandas e propostas, mesmo que não sejam brilhantes, são dignas de louvor. Apela-se, em muitos casos, para o bom senso. Este, conforme observa Descartes na página inicial do seu Discurso sobre o Método: “… é a coisa melhor dividida no mundo, pois cada um se julga tão bem dotado dele que ainda os mais difíceis de serem satisfeitos em outras coisas não costumam querê-lo mais do que tem”.  Na realidade quase todo mundo dá pitacos sobre a cidade. Consideramos esse fator como algo positivo. Discute-se sobre o que está bom, sobre o que nos falta, quais são nossos erros, nossos acertos. O que deveríamos ter feito e o que precisamos fazer. Quais são os problemas mais urgentes?   Como e o quê  exigir para que o gestor municipal tome decisões acertadas e urgentes em relação ao bem estar do povo?

Nossos engenheiros e arquitetos, certamente tem um manancial de idéias e projetos muito interessantes para apresentar ao senhor Prefeito. A propósito, a engenharia e a arquitetura local evoluíram significativamente na cidade de Vitória da Conquista.  Quantitativa e qualitativamente.

Os médicos discutem Conquista. Advogados, professores e artistas também o fazem. Barraqueiros do Ceasa, comerciantes [Edmundo Quadros entre esses é um dos mais entusiastas e criativos], corretores imobiliários, secretários municipais e outros agentes públicos, analisam nosso progresso, nosso tráfego, nossa vida urbana e os hábitos pessoais como nunca se fez em nossa cidade.

As academias de música (ótimas) e de dança (recentemente duas de nossas meninas foram escolhidas para fazer testes no Balé Bolshói de Moscou. Será que é pouco?). Essas academias também trabalham com os olhos para além de suas estruturas. Querem  projetar e lançar a cidade no circuito nacional.

O prefeito Guilherme Menezes geralmente a partir das 7 da manhã está nas ruas, vendo, avaliando, criticando (sim, o Prefeito também critica o que não está bom). Em suas observações procura acertar a todo instante. Todos, a partir do Prefeito, querem uma cidade melhor, uma vida melhor. Essa consciência coletiva é prá lá de elogiável.

Intelectuais independentes como o professor Ubirajara Brito, logo ao amanhecer coloca sua mente para pensar e repensar sobre questões referentes a mobilidade urbana, vida acadêmica, processos culturais, sociedade, história, abastecimento de água, transporte, industrialização etc.etc.

A cidade se discute pelos blogs, pelas emissoras de rádio, pelos jornais. Todas as nossas mídias dedicam espaços consideráveis para divulgação e discussão dos problemas que nos afligem.

Movimentos independentes trabalham incessantemente na construção e aquisição de equipamentos para nos dotar de infraestrutura moderna. Equipamentos esses capazes de nos colocar próximos aos centros de decisão do País, como é o caso do Movimento Conquista Pode Voar mais Alto, comandado pelo empresário Zé Maria Caires. Movimentos como o Contra a Morte Prematura de André Cairo atuam na área social, com grande destaque.

Não devemos lamentar e dizer que essa preocupação “em pensar a cidade” veio tardia. Trata-se de pecado generalizado mundo a fora. Por muito tempo, cidades e comunidades viveram sem ter uma dimensão alargada de participar no processo de gestão das cidades. No caso específico de Conquista, pode-se dizer que não foi por falta de convite ou alerta.  José Pedral, o mais emblemático dos nossos políticos, durante anos e anos convocou a sociedade organizada para debater e participar do processo decisório do Município.

Reiteramos que hoje essa consciência de cidadania obriga-nos a participar, opinar e debater diariamente sobre o que se passa em nosso meio. É fundamental que todos discutam  o ambiente e suas carências. Devemos perseguir o essencial para vivermos em um lugar conforme os processos da civilização.  Essa consciência marca um belo contraponto, verdadeiro ajuste de contas entre nossas aspirações sociais e espirituais com as demandas indispensáveis no campo das realizações materiais.

Diríamos, para encerrar, que percepções e participações críticas só serão imprescindíveis se forem construtivas. Lição antiga dos japoneses preceitua: “Não se constrói nada, destruindo o que existe”.  Vamos em frente!


Uma Resposta para “Conquista cidade aberta”

  1. Cassio Montalvão

    O estimado cronista e professor Paulo Pires, sem duvida colabora neste imbricado processo do pensar a cidade… Ao que reverencio e coloco-me enquanto aprendente, disposto a prender a apreender…
    Contudo, percebo que Vitoria da Conquista, multifacetada e pluricultural que é, por vezes tem grafado midiaticamente aspectos vitrinescos e pirotecnicos a maior, elegendo apenas algumas pautas que demonstram sua pujança e capacidade em promover uma cidade antenada, ousada,empreendedora, administrada com seriedade e capaz de transcender…
    Em tentando pensar a cidade e demonstrando o meu por ela gostar e ser grato, brindo a todos brincantes ou não do conquistar e vitoriosos tornarem-se…
    Ao Paulo, ao amigo e blogueiro comprometido Anderson, e tantos dos citados ou ainda não nesta crônica, meu cordeal ensejo em servir e colaborar com esta terra!

    Cássio Montalvão
    Psicólogo, Psicanalista e buscante…

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