Economia baiana: a realidade não é preta e branca

Geraldo_ReisGeraldo Reis

Apesar do significativo crescimento no PIB da Bahia em 2011 (4,1%), o estado perdeu participação na economia nacional e saiu da sexta para a oitava posição, ultrapassado por Santa Catarina e Distrito Federal. Essas três economias apresentam diferenças em suas estruturas produtivas. A Bahia, apesar de centrada no setor de serviços, é fortemente influenciada pelo setor industrial e, particularmente, pelo segmento petroquímico.

O PIB 2011 foi diretamente afetado por dois fatores particulares que contribuíram para o desempenho negativo da indústria baiana. O primeiro foi o apagão, determinante para a queda de 4,38% na produção industrial – enquanto a taxa no Brasil foi de +0,4%. O segundo fator foi o diferencial de preços relativos no segmento da petroquímica. Em 2011, os preços do petróleo (com cotação no mercado internacional) cresceram, mas os preços dos derivados produzidos pela indústria baiana, que são administrados, ficaram estáveis. Assim, tivemos de um lado estabilidade no valor de produção e de outro crescimento nos custos, reduzindo de forma drástica as margens e o valor adicionado.

Data venia, desse modo, não tem pertinência a afirmação do ex-governador Paulo Souto, em artigo recente, de que a queda de posição da Bahia no ranking do PIB está relacionada à falta de investimentos. Também não tem fundamento seu exclusivismo, ao tentar tomar para si a marca política da atração de investimentos. Inegavelmente, ele e outros gestores tiveram papel importante na atração de grandes empreendimentos, a exemplo da Ford, da indústria da celulose e calçadista. Entretanto, é necessário que se reconheça as limitações das suas estratégias, exatamente por perseguirem o crescimento econômico como um fim em si mesmo, dissociado de outras dimensões, gerando disfuncionalidades econômicas, territoriais e sociais: economia concentrada setorial e espacialmente, baixa interiorização do desenvolvimento, sucateamento da infraestrutura e logística, baixa formalização do mercado de trabalho e péssimos indicadores sociais.

Quando Jaques Wagner assumiu o governo da Bahia, em 2007, o Polo Petroquímico encontrava-se em crise e o estado acumulava dívidas com as empresas exportadoras, relacionadas aos créditos de ICMS. A dívida foi renegociada pelo governo, possibilitando reiniciar investimentos no Polo e abrir caminhos para sua modernização e diversificação.

A economia baiana já atravessou seu pior momento. Hoje, não vemos motivos para pessimismo, pois, nos anos recentes, cresceu mais do que a economia nacional: 4,1% (2011), 3,1% (2012) e em torno de 2,7% (2013), enquanto o Brasil expandiu 2,7%, 0,9% e entre 2% e 2,5%, nos mesmos períodos.

Este ano, em especial, a Bahia deverá bater um recorde histórico no refino de petróleo, pois já acumulou, até setembro, aproximadamente 77 milhões de barris (bep), com chances reais de chegar ao fim do ano atingindo 100 milhões de bep. Aliás, após o período de retração em função da crise internacional, a indústria baiana contabiliza quatro trimestres consecutivos de taxas positivas, com crescimento de 6,7% nos últimos 12 meses (em 1º no ranking), enquanto a média do Brasil está em 1,1%.

A Bahia passa por uma avalanche de investimentos. Tendo recebido um aporte de cerca de R$ 13 bilhões, de 2007 a 2013, a Bahia contará com outros R$ 50 bilhões de 2014 até 2016, que irão mudar substancialmente o perfil da nossa economia, diversificando a base produtiva e reposicionando o estado no contexto nacional.

Mais do que a parceria Paulo Souto/FHC, a identidade entre os projetos políticos das gestões de Wagner e das gestões Lula/Dilma está trazendo grandes conquistas para o estado, a exemplo da FIOL, o Porto Sul, a Arena Fonte Nova, o metrô da Paralela, a Via Expressa, indústria naval, indústria automotiva, energia eólica, mineração, mais de 7 mil km de estradas restauradas e construídas, 550 mil novos empregos, mais quatro universidades federais, 40 escolas técnicas, mais cinco hospitais regionais e inúmeras obras de mobilidade urbana em Salvador.

Portanto, o diferencial do atual projeto político é que a inclusão social faz parte da estratégia de crescimento da Bahia.


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