Conquista: Laboratório que faria remédios para SUS está abandonado no Distrito Industrial

Fotos: Blog do Anderson
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Uma obra bancada com recursos dos governos federal e estadual em Vitória da Conquista simboliza a crise que afeta a distribuição de remédios pelo SUS em toda a Bahia, revelada pelo CORREIO em uma série de reportagens publicadas desde domingo. Na cidade do Sudoeste, a construção do primeiro laboratório público para produção de medicamentos no interior, projetado como um braço da Bahiafarma, está completamente abandonada e sem prazo para conclusão. Anunciado desde junho de 2011 pelo governo federal, mas só iniciado em julho de 2013, o laboratório ocupa um terreno doado pelo município no Distrito Industrial dos Aimorés, às margens da BR-116. No canteiro de obras, tomado pelo mato, o cenário é de abandono. O que sugere a gestação de um novo elefante branco alimentado com verbas públicas. No local, não há movimentação de operários nem máquinas. As únicas informações disponíveis sobre o laboratório farmacêutico estão numa placa em frente à construção inacabada. Os dados fornecidos são de natureza protocolar.

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A exemplo do montante de recursos empregados na obra – cerca de R$ 600 mil, sendo R$ 479 mil do Ministério da Saúde. Sobre os R$ 122 mil restantes, não há indicação da fonte pagadora, se é a prefeitura ou o governo do estado. O prazo para conclusão do projeto, segundo informa a placa, era de cinco meses, contados a partir de julho de 2013, quando as obras foram iniciadas. Se o cronograma fosse cumprido, a nova fábrica de medicamentos para o SUS poderia entrar em operação em dezembro passado. Do total de postos de empregos que seriam gerados, 200, não há um só preenchido. Como todo elefante branco, é difícil achar quem assuma sua paternidade. Não houve, por exemplo, resposta ao pedido de informação enviado ontem pelo CORREIO à assessoria de imprensa da prefeitura de Vitória da Conquista, cidade governada  por Guilherme Menezes (PT). Entre os questionamentos enviados à prefeitura, a reportagem indagou a quem cabe a responsabilidade sobre a obra inacabada, o que será feito do espaço e, mais importante, qual a nova data prevista para conclusão do projeto.

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Procurada, a diretora-geral da Bahiafarma, Julieta Palmeira, se limitou apenas a afirmar que a unidade era de iniciativa municipal. Bem diferente do que diziam, em 2011, o secretário estadual de Saúde à época, Jorge Solla, e o então ministro Alexandre Padilha. Para Solla e Padilha, a unidade de Conquista era parte dos planos do governo do estado para reativar a Bahiafarma, estatal que produzia medicamentos para a rede básica e que foi extinta em 1999, durante o governo de César Borges. Contudo, o processo que levou à desativação foi iniciado ainda durante a gestão do antecessor de Borges, Paulo Souto, atual candidato do DEM ao governo.


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