Olga. Olguétima. Olguérrima. Olguíssima. Olguinha

Foto: Reprodução | Facebook
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Dimitri Sales

Não sei ao certo quando a amiga da minha mãe tornou-se minha amiga também. Não sei as razões, mas nos tornamos amigos, desde os longínquos anos 90! De lá pra cá, tanto caminhamos, que me tornei seu filho! Leia na íntegra.

(depois que minha mãe se foi, ganhei tantas outras…)

Você era mãe de Milla Ferraz, que eu não gostava. Nem Catarina Sales!

Você era mãe de Vanessa Ferraz, que nos expulsava de sua casa quando fazíamos barulho. Qualquer barulho!

Você era mãe de Katherine, que a gente só via de vez em quando, fato que desmentia a nossa crença de que Kath era lenda urbana!

Você era a avó de Nanda Ferraz Bortolini e Jéssica Ferraz Curi, tornando-se também mãe quando da separação dos seus pais.

De repente, tudo havia se inaugurado e não custou a nos tornamos uma família de verdade! E lá estávamos, eu e meus irmãos, inseridos numa família de fortes mulheres!

A viagem para Lençóis e a corrente que amedrontava a todos (principalmente Barbara Ferraz, de Ivana Ferraz) em suas mãos, ao som das histórias de terror que inventávamos ali mesmo, no frio da Chapada Diamantina, enquanto dávamos asas à nossa imaginação! Lá também estava Tia Nubia Nadja Santos Pereira, que nunca deixou de estar na vida de todos nós, misturada na bagunça que nos fazia tão crianças quanto as crianças que devíamos cuidar!

A cama larga de Vanessa, os amores de Camilla (incluindo os inventados, com ajuda da minha mãe!), a alegria de Lili, a farinha no suco, além de Fernanda e Jéssica crescendo: vida viva!

(ah, a farinha no suco foi demais!!!! hahahaha…)

Na minha vinda para São Paulo, você me deu a chance que o destino havia me negado: cuidar de minha mãe!

Quis o Tempo que minha mãe fosse embora muito cedo… Como era triste não poder cuidar dela, quando eu vim da Bahia para Sampa… Mas, já no primeiro ano, você se fez presente em todos os lugares que morei, até chegarmos à Casa das Perdizes.

Lembro-me de cada momento, de cada gesto de carinho, de cada maternal afeto… do teu colo diante do meu insistente e sempre presente choro por paixões frustradas. Da senhora roubando no Pão de Açúcar… Do grito no metrô de São Paulo (isto será inesquecível!!!)…

Recordo-me do meu aniversário em sua casa, quando fiz 30 anos. Eu havia escolhido a Bahia para celebrar aquela data e não podia ser em melhor lugar. Que festa feliz!

Lembro-me de você bem viva, sem nunca reclamar dor ou medo, lutando contra o terrível câncer, que não lhe poupou um só instante!

E não esqueço do cuidado que vocês tiveram conosco (eu e meus irmãosGeorge Vladimir e Catarina) quando papai partiu!

Em todo este tempo, não tive coragem de conversar com você sobre a morte. Ficava constrangido (tenho vergonhas inconfessáveis de tão pueris), mas a gente tinha liberdade e inteligência para tratarmos de todos os assuntos, inclusive os mais delicados. No entanto, por ter resistido a conversa, não sei se tinhas medo de morrer e não deu tempo de combinar para nos encontrarmos tão logo o segundo de nós viesse a partir!

Confesso: tinha medo de te visitar nos hospitais. Não era o medo que apavora e diminui a fé; era receio da fraqueza que me tornava pequeno diante de tua inacreditável força. Acho que minha mãe te serviu de inspiração… Mas eu ia e te abraçava e enchia de beijos, mais uma vez relembrando as histórias que, cheias de alegria, embalaram nossas vidas!

Digo tudo isto porque sei que você vai fazer muita falta, Olga Ferraz!

Lá se foi mais uma mãe, mãe de tantos e tantas sobrinhos e sobrinhas, amigos e amigas, filhas e netas… Ficamos aqui, segurando as pontas, abraçando Camillinha para que fiques sossegada enquanto vivencia sua nova trajetória…

Sentirei uma saudade infinita! Quando de novo chorar por amor, quando novamente o medo me abraçar, quando mais um remédio contra o câncer aparecer… por quem procurar, a quem ligar?!

Pelo menos, Olguinha, quando chegar o meu momento, estou certo que terei mais braços para abraçar e será uma alegria infinita!!!

Seja em Vitória da Conquista, nas ruas do Rio Vermelho ou no asfalto de São Paulo, por onde estiveres, estaremos sempre juntos!!!

Como amor,

Dimitri Sales.


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