Jeremias Macário: um país detonado e amedrontado

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

Quando acompanho pela televisão as imagens daqueles carrões pretos importados de vidros fechados cortando velozes a Esplanada dos Ministérios em direção aos palácios, me dá aquele arrepio de que a máfia está chegando para tramar novos crimes. Os homens de preto se reúnem e pode vir coisa ruim por aí, como o Ministério dos Zumbis!. Leia na íntegra.

Bem, o assunto é outro, mas também não deixa de fazer parte das nossas ruínas de “guerra”. Como se não bastassem a imoralidade na política, o caos na economia, na educação, na saúde e na segurança, pontes e prédios caem, ciclovias desabam com as ondas do mar e centenas de obras da Copa do Mundo de 1914, que consumiram bilhões de reais, estão inacabadas.

    A sensação de tudo isso é que vivemos num país detonado e arrasado por uma guerra. Aliás, mais de 100 mil brasileiros morrem por ano vítimas de homicídios e acidentes no trânsito. Infelizmente, estamos num país detonado e amedrontado na espera do pior que pode vir. O medo superou a esperança. Não é exagero quando se tem mais de 10 milhões de desempregados.

  Cada tragédia anunciada por irresponsabilidade e safadeza humana faz com que nós esqueçamos os desastres anteriores. Em seguida à catástrofe entram o estardalhaço da mídia, o cipoal de “investigações”, depoimentos, conjecturas, pareceres, morosidade da Justiça, pronunciamentos demagógicos e contraditórios dos poderes públicos para no final ninguém ser punido. Um empurra para o outro e perde quem morre.

  Agora mesmo temos o mais novo fato escabroso da queda de parte de uma ciclovia no Rio de Janeiro, provocada por uma forte onda do mar. O mais leigo dos ignorantes em engenharia sabe que a construção de uma pista de lazer e exercícios físicos naquele local não é a mesma coisa de uma passarela que se faz numa estrada ou numa avenida qualquer de uma cidade.

  Levantar um prédio no Brasil não é a mesma coisa que se faz no Japão onde os cálculos estruturais e as bases são montados levando-se em conta os constantes terremotos. O mesmo procedimento deveria ter sido feito para a ciclovia do Rio, considerando a força da natureza dos ventos e do mar. Agora estão dizendo que a obra não tem assinatura do engenheiro nem da empresa contratada.

  Aquilo ali me faz lembrar das arapucas de caiçara que eu armava no mato, quando menino para pegar nambu, juriti e codorna. Em pouco tempo quebrava tudo ou a ave, quando era mais robusta, arrebentava a armação e fugia. Se não é incompetência demais, por trás destas obras assassinas estão o roubo e a corrupção que já dizimaram milhões de brasileiros e causaram dor e lágrimas para seus familiares. O tempo passa e tudo é esquecido.

  No que deu o incêndio na boate Kiss (Rio Grande do Sul) há mais de três anos onde mais de 200 jovens morreram? Pelo que eu saiba, ninguém foi preso. Coisa parecida ocorreu ano passado na Romênia (Europa), se não me engano. Lá os responsáveis foram logo apontados e presos numa semana. Numa cidade da Argentina, nosso vizinho, o prefeito perdeu o mandato e foi criminalizado. Aqui fica o dito pelo não dito na terra dos desmoronamentos e deslizamentos de pontes, bueiros e passarelas.

  Tivemos mais recente a queda de um viaduto em construção da Copa do Mundo, em Belo Horizonte. Alguém sabe ai dizer se os responsáveis foram punidos com candeia? As famílias foram indenizadas? A história está recheada de fatos que já aconteceram há 20, 30 e há 40 anos que entraram para o rol dos esquecimentos e dos arquivos mortos.

  Uma nação que não respeita e não cuida dos seus filhos é uma nação ingrata, desmoralizada e madrasta malvada que não merece nosso orgulho, muito pelo contrário. Em Salvador, passou-se 14 anos para se fazer um metrô de seis quilômetros com superfaturamento e tudo a que se tem direito nas roubalheiras.

  Uma andada pelas obras inacabadas no Brasil, como a transposição do São Francisco, refinarias, aeroportos, portos, túneis, viadutos, hospitais, escolas, estradas e trilhos de trens é como se você estivesse visitando as ruínas das guerras da Síria, do Iraque e do Afeganistão, só para ficar nestes exemplos.

 


Uma Resposta para “Jeremias Macário: um país detonado e amedrontado”

  1. João Alves

    Mto bom, perfeito td essa bagunça política q acabou com o país.

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