Jeremias Macário: As raposas do povo

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Jeremias Macário | Jornalista | [email protected]

A tocha desfila como heroína pelo país a fora, torrando nosso suado dinheiro e arrastando multidões de inocentes úteis, enquanto delações premiadas, grampos telefônicos e conversas gravadas entre traídos e traidores mostram a verdadeira cara da política brasileira. Dizem que a história tem coisas do “arco da vela”. Ela é cruel quando revela a verdade. >>>>>

  Os velhos caciques são raposas da política. É o que falam por aí, mas não é o que se tem visto nos últimos dias. Estão mais para raposas do povo. Como o ex-presidente José Sarney, os senadores Renan Calheiros e Romero Jucá, os três mosqueteiros trapalhões, caíram no tacho fervente do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado com perguntas direcionadas, induzidas e falas desconexas sobre a atual situação de atoleiro do Brasil e seus personagens?

  Não dá para entender como estas ditas “raposas” experientes caíram logo no colo do Sérgio Machado que no ano passado teve de deixar a Transpetro sob fortes denúncias de ter recebido propinas! De lá para cá, esteve sumido da cena das investigações do Ministério Público e da Operação Lava Jato, preparando o bote! Por que o homem não foi preso?

   Cadê seus afiados desconfiametros políticos de expertos? A Procuradoria Geral da República e a força tarefa da Lava Jato montaram uma armadilha e eles pousaram como moscas em visgo de jaca. Não são tão raposas assim como parecem ser! Bastou encher o ego deles para sugerirem um conluio de ministros!

  Depois de ter caído no ostracismo sem cargo e peso político, o amigo coligado terminou virando traidor e um tsunami que já derrubou dois ministros. O Sérgio Machado diz, o Rodrigo Janot (o procurador Geral) é um grande mau caráter. Você (Renan) deveria ter impedido sua nomeação.

O outro: É um mau caráter, mau caráter… Bem que tentei, mas estava só.

Tem que estancar esta sangria (referência a Lava Jato) e fazer uma negociação com esses caras, inclusive com os ministros do Supremo Tribunal Federal. Eles se acham donos do mundo.

O outro patinho: É, tem que se fazer um acordo, um pacto e já conversei com alguns ministros do Supremo. Eles são donos do mundo. Estão perdidos nesta questão.

Agora, tudo por omissão da Dilma, que deveria renunciar ou pedir licença.

O outro pateta confirma e emenda: Ele (o Lula) chorando me disse que o único arrependimento que ele tem é ter eleito Dilma. Único erro que ele cometeu. Foi o mais grave.

  Botou na real umas besteiras, como a Marisa diz besteira. Ele (o Lula) tem 30 milhões em caixa. Como é que não comprou um apartamento, um sítio e outras porras?

O outro trapalhão: É isso mesmo. O Lula não foi processado no mensalão por que os pagamentos ao marqueteiro Duda Mendonça no exterior não foram investigados a fundo quando vieram a público.

Tem que fazer mudança na lei da delação premiada. Acabar com isso tudo de preso delatar. A coisa tá pior do que na revolução (ditadura de 1964). Isso é tortura.

A outra “raposa”: É, tem que mudar tudo. Delatar só se for solto. O Brasil vive sob a ditadura da Justiça.

  E por aí vão as ferroadas de Machado nos três mosqueteiros trapalhões. Na coluna de domingo, o escritor Luis Veríssimo disse que “A nova Florença que é Brasília, como a Florença dos Bórgia (guerra, terror e assassinatos) também é feita de pequenas perfídias e grandes traições, mesmo se as punhaladas nas costas e o veneno do vinho sejam figurativos”.

  Referindo-se às gravações, segundo ele, o que mais impressiona é a mediocridade dos artistas. São tramoias combinadas e alianças obscuras. Tem-se nisso tudo, conforme afirmou o escritor, um espantoso vislumbre dos bastidores do poder brasileiro.

  Concordo quando diz que, salvo sacrifício de um ou de outro, eles mantém seus privilégios parlamentares, caso de Eduardo Cunha (no executivo, Dilma). “Você fica esperando alguma manifestação de grandeza, ou pelo menos de vergonha, dos gravados e nada”.

  Em cada corredor do Congresso Nacional esconde uma conspiração contra o povo, contra a democracia e contra a moral. Aliás, milhões foram às ruas, desde 2013, justamente para clamar por moralidade e ética na política. Eles continuam passando o óleo de peroba em suas caras de paus para ficarem bem lustradas e lisas.

  Interessante observar que, quando da sua fundação na década de 80, o PT demonizava Sarney, Renan, Collor, Jader Barbalho, Maluf e outros mais da mesma tropa. Depois de uns tempos, com intuito de fisgar o poder mandou a idoneidade e o caráter para o lixo; fez alianças com eles; e abriu os cofres das estatais, especialmente a Petrobrás, para a devassa. Lambuzaram-se e caíram como hienas na carniça.

  Agora, pegos pela polícia federal e a Justiça com as mãos na botija, os coligados oportunistas, como ladrões em partilha do ouro roubado do povo, passaram a entregar seus chefes como delatores, se bem que são mesmo traidores do bando que até ontem se banqueteava juntos na mesma mesa.


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