Universidade Federal da Bahia: estudante denuncia assédio sexual em Residência Universitária

Foto: Reprodução | TV Bahia

Uma estudante denunciou que foi vítima de abuso sexual dentro de uma das residências universitárias da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador. Conforme a jovem, que preferiu não se identificar, o caso aconteceu há três anos. A vítima denunciou o crime ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) e conseguiu uma medida protetiva na Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (DEAM), que impede o suspeito de se aproximar dela ou frequentar os mesmos lugares. “Eu reconhecei a voz dele, sabia quem era exatamente a pessoa. Ele veio, sentou na minha cama e começou a passar a mão em mim, com a intenção de tocar as partes mais íntimas do meu corpo. Foi dizendo que queria dormir ali. Perguntou se eu tava com medinho. Que as mulheres deviam se respeitar. Que é algo característico dele dizer que as mulheres na casa não se respeitavam. E com essa intenção de que queria dormir ali, eu sempre insistindo que não”, relatou a vítima. Confira a reportagem do G1.

A jovem conta que o caso aconteceu durante uma madrugada. O agressor dormia no quarto que ficava na frente do dela e ela foi surpreendida pelo colega, que aproveitou a porta do cômodo dela aberta para entrar. A estudante é do interior da Bahia. Ela passou no vestibular da UFBA em 2013 e foi abusada um ano depois de já estar morando na residência universitária. A jovem pede justiça. Ela diz que resolveu denunciar o caso, mesmo após três anos, porque teve conhecimento de que outras mulheres foram vítimas do mesmo rapaz.

A estudante reclama que levou ao conhecimento da universidade a agressão sexual, mas não teve nenhum apoio da instituição e nem da representante das alunas. Conforme a vítima, uma assistente social da UFBA chegou a dizer que a situação era normal.

“[Assistente social] ela me disse que isso era normal. Um homem quando convive no mesmo espaço se interessar por uma mulher, e por que eu tinha deixado a porta do meu quarto aberta. Que eu fizesse o relato por escrito. Foi o que eu fiz, a punho”, afirmou. A vítima relatou que ainda teve que conviver por dois anos com o agressor, na mesma casa. Ela contou que mudou de quarto e evitava circular pelos mesmos locais que ele, mas o rapaz insistia em estar por perto.
“Em 2016 a assistente social me deu uma bolsa moradia, porque eu adoeci psicologicamente. Eu comecei a ficar muito mal, justamente por conta dos espaços que eu convivia na UFBA. Ele estar sempre fazendo questão da presença dele do meu lado”, disse.

A vítima diz que agora se sente mais aliviada, mas ainda não está emocionalmente bem por conta do abuso. “Eu ainda não tô bem. Não vou te dizer que eu tô cem por cento bem. Por que todos os dias é aquela luta de querer viver. Por que eu sinto nojo, ainda muito, do meu corpo em relação a isso. Como se fosse uma tonelada tirada, sabe? Agora alguém me ouviu, alguém acredita em mim”, afirmou.

O estudante acusado pela aluna de assédio disse à reportagem, por telefone, que em momento algum teve a intenção de assediar a colega. Ele falou, ainda, que a denúncia não passa de uma tentativa de prejudicá-lo. E afirmou se sentir vítima de perseguição e também de calúnia e difamação.

Por meio de nota, a Universidade Federal da Bahia disse que repudia todas as formas de violência e discriminação. Ainda em nota, a instituição afirmou que, ao ser procurada por alunas, moradoras das residências, deu assistência para dar início ao inquérito policial.

A instituição disse, ainda, que afastou o estudante suspeito, preventivamente, da residência universitária, mas que continua oferecendo auxílio moradia, transporte e alimentação para que o rapaz possa se manter durante as investigações.

A residência da UFBA oferece além dos quartos, espaço de estudos e convivência, água, energia, internet e refeições pra cerca de 400 estudantes. Em Salvador são quatro moradias, no total. Para conseguir o benefício o aluno precisa ser do interior da Bahia ou de outro estado, e comprovar a falta de recursos para se manter na cidade para estudar.


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