Marco Antônio Jardim: Brasil conflagrado, Cazuza, poesia, um lugar silencioso e as 10 coisas mais legais da semana

Foto: Divulgação | Marco Antônio

Marco Antônio Jardim Melo | [email protected]

1- Algumas pessoas me pediram para eu me posicionar sobre a prisão do ex-presidente Lula. Desculpem, mas não quero entrar na atmosfera conflagrada e polarizada das redes sociais e do cotidiano do Brasil de hoje. Minha contribuição sobre o caos ideológico que se instalou no país é indicar três ótimos artigos que li nesta semana, duros, incômodos, mas realistas: “Ela era uma voz de 2013”, sobre o impacto da execução de Marielle Franco, assinado pelo professor de História e deputado estadual pelo PSOL do Rio de Janeiro Marcelo Freixo; “Do choque à esperança”, escrito pela advogada Maria Laura Canineu, que é da equipe da Human Rights Watch, diretora do escritório Brasil na Divisão das Américas; e “Errando para pior”, assinado pelo ácido jornalista J. R. Guzzo. Fica para reflexão a pergunta suscitada pelo Freixo: que modelo de sociedade desejamos construir? Leia a íntegra.

2- Há alguns meses eu e um grupo estamos estudando uma obra profunda (e algo que poética) chamada “No Invisível”, do escritor francês Léon Denis. Vou deixar um trechinho que complementa estas reflexões sobre as coisas atuais: “Nosso estado mental é como uma brecha por onde amigos ou inimigos podem penetrar em nós”.

3- Impressionante o retorno positivo da primeira postagem na semana passada. As pessoas têm, além de parabenizado, enviado sugestões para eu conhecer, sentir e descrever. Em mim, uma profunda satisfação de voltar a dar ritmo à escrita. Sem dúvida, um poder. Neste caso, bem utilizado (tento!). Um bom resumo desse exercício foi Erick Reis quem me disse: “Nada melhor que revisar a realidade para inspirar a poesia”.

4- Muito bacana o painel Barão Vermelho – 60 anos de Cazuza feito pela TV Brasil sobre o ícone da geração do desbunde, que faria aniversário no dia 04 de abril e que faleceu aos 32 anos. Faz lembrar quando, ao fim da ditadura no país, a juventude brasileira usava o rock como linguagem de expressão, forma poética e manifestação política.

5- Quase ao acaso, encontrei uma fotografia que fiz anos atrás (e que ilustra esta coluna). Um menino num campo de terra, de olhar a esmo. O contexto não cabe no sentido da imagem (fiz numa fazenda, numa exibição de cavalos), mas o menino parece solar.

6- Em um dos dias da semana, enquanto descia para o trabalho, acompanhei, ousadamente, a interessantíssima conversa de uma mãe e sua filha pré-adolescente que estavam à minha frente. Elas falavam sobre a leitura de mundo, a afinidade dos olhares, a germinação e o “currículo oculto”. Pesquisei o termo e descobri que currículo oculto representa tudo o que as pessoas aprendem todos os dias a partir de suas práticas, gestos, comportamentos, percepções.

7- Vivo encantado com uma turma jovem talentosa que produz nesta cidade. Nessa semana, o jovem escritor Gabriel Tupy compartilhou comigo um trabalho dele chamado “Risco”, publicado na plataforma Wattpad (olha o link: https://www.wattpad.com/story/144217454). É um garimpo. E logo de início ele entrega: “Repito: isso não é poesia. Sou eu”.

8- Cheguei ansioso ao curso de meditação que participo toda quinta no Centro de Estudos do Autoconhecimento (esse lugar existe há 22 anos!). No meio da explanação sobre meditação zen taoísta, uma dica de sucesso pra mim: “Falar em excesso não vai me descrever. Melhor eu buscar a mim mesmo para me conhecer”. Calei.

9- Estou muito feliz por estar saindo novamente com Cecília Barros-Cairo. Dessa vez ela me levou ao HopVille Pub (de Renata C B Maciel), na Vila do Bosque. Ficamos no balcão e ela já pediu pra eu começar com um Listerine, um shot feito com Contreau, Gin Tanqueray e whisky Jameson. Depois tomei o drink João Costa, versão de lá do famoso John Collins (aquele com gim, água com gás, suco de limão e xarope de açúcar), servido direto de torneiras de chopp, que deixa a bebida mais carbonatada. E comi um Django Livre, hambúrguer gourmet que leva bacon, cebola caramelizada, ovo e batatas à manteiga de ervas. Um dia depois fomos na abertura do Acarajé São Salvador, de Lucas (do Aquarius). Comi um abará típico. E encerramos a noite na ótima companhia de Priscila Cremasco e Roberto Cesar (que, como nós, não envelhecem), transitando entre a psicologia sem verticalismos de poder, a definição de uma ideia (um conceito, uma marca) e dançando no show da banda Essencial Hit.

10- Pra fechar o fim de semana comigo mesmo, fui ao cinema assistir a “Um Lugar Silencioso”, de John Krasinski. Ótimas atuações em quase que absoluta mudez (e surdez!), terror psicológico e drama de relações familiares. Cinema B excelente. E silêncio ensurdecedor.


Os comentários estão fechados.