170 Anos de Vitórias e Conquistas

Por Ezequiel Sena

Seguramente um marco histórico para a Capital do Sudoeste da Bahia, os seus 170 anos de emancipação política administrativa. E o que mais impressiona é a velocidade do seu desenvolvimento – a cidade parece passar por uma séria variação de identidade –; a rapidez de transformação que a envolve materializa-se como se fosse uma ajustada metamorfose urbanística. Uma realidade que surge, um formato novo se configura, a nova era do virtual e da eletrônica, da beleza e da riqueza, mas, infelizmente, também, da atroz inimiga dos novos tempos: a incontrolável violência. O gigantismo atingiu a capital da pecuária e do café; o mundo do comércio invadiu becos, avenidas e ruelas – antes ocupados por casarios antigos –, abriu espaço para prédios, lojas, bares, restaurantes e magazines. Os bairros periféricos viraram cidades e ficaram independentes. De tudo se vende e se acha, aqueles residentes nas Vilas Serranas ou na Urbis VI, sabem do que estou falando, pois estão muito bem servidos de supermercados, panificadoras, farmácias, açougues tão equipados e abastecidos que sequer dependem do centro comercial para sobreviverem. E tudo isso nos dá a sensação de estar vivendo em um ambiente que encara o futuro de frente enchendo de orgulho a quem nele reside.

Será novamente fenômeno?

Por Ezequiel Sena

Depois do estrondoso sucesso com a música-xarope “Florentina, Florentina”, Francisco Everardo Oliveira Silva volta ao cenário midiático, desta vez no horário eleitoral gratuito inventando gracejos e fazendo barulho. As mãos escondendo o rosto: ‘advinha quem tá falando?’ ‘Sou eu, o Tiririca. Sou eu, o abestado!’ Contando ninguém acredita, parece anedota de programa infantil, mas é desse jeito que ele anuncia sua candidatura a deputado federal por São Paulo. “Vote no Tiririca, pior do que tá não fica”; “2222 ô numerosinho lindo!” – alguns dos seus slogans preferidos –. Insígnias da ousadia e da despolitização absoluta. É possível conhecer melhor os amigos e a família do palhaço no blog oficial da campanha e também outras informações sobre a biografia do candidato, como ele mesmo costuma dizer: ‘tudo bonitinho e colorido’. Contudo, o link para as ‘propostas’ remete de forma proposital a uma página praticamente em branco. Com essas e outras, o sujeito chega a ser fabuloso, mesmo não querendo fazer rir é engraçado.

A alma da revolta e do preconceito

Por Ezequiel Sena

Não é de hoje que o preconceito contra os nordestinos existe e tem raízes no racismo, especialmente porque negros, mulatos e descendentes de índios compõem grande parcela da população das regiões norte e nordeste. Mas agora, outro aliado perigoso vem ganhando força inimaginável: a propagação de comunidades na internet com mensagens de hostilidade e de discriminação contra os migrantes dessas regiões. Recentemente jovens entre 18 e 25 anos, universitários, resolveram se unir a partir de um manifesto virtual, intitulado “São Paulo para os paulistas”. A ideia inicial partiu de uma jovem de prenome Fabiana, indignada diante da proposta de inserção da cultura nordestina na grade curricular de escolas públicas da capital paulista, decidiu redigir o manifesto com visíveis intenções separatistas.

Não dá para ficar indiferente

Ezequiel Sena

Atualmente, a realidade brasileira tem se mostrado pródiga em selvageria e dado um combustível estarrecedor aos holofotes midiáticos. Evidente que são fatos isolados que estão presentes em nosso cotidiano. Mas o que deixa a população perplexa e inconformada é a dimensão repetitiva de casos de violência-extrema. E o que é pior, transformou-nos em uma platéia boquiaberta, estarrecida e passiva diante de tantos episódios brutais que são mostrados pela TV. Parece até que a desgraça alheia é a programação preferida da mídia em geral, capaz de abalar e ridicularizar a nossa dignidade. Apesar de tanta indiferença, o ser humano não é indiferente. Intimamente, não admite tamanha insensatez ou insensibilidade. Estaríamos contagiados pela inércia, no sentido mais profundo da expressão, se não demonstrássemos indignação a todo esse estado de coisas que vem acontecendo em nosso País.

Pela vida vale até o extremismo

Ezequiel Sena

A época é de Copa do Mundo. É inevitável que todos só pensem em futebol. Mas fugindo um pouco do esporte, já que a nossa Seleção foi desclassificada, a Rede Record, domingo último de junho, (27),  exibiu uma interessante reportagem, no Domingo Espetacular, sobre o drama vivido pelo engenheiro mecânico Adolfo Celso Guidi que, ao tomar conhecimento de que seu filho Vitor Giovanni Thomaz Guidi, à época com 9 anos, era portador da gangliosidose GN1 tipo 2 – doença degenerativa rara e incurável, manifestada quando o menino tinha ainda quatro anos –; largou tudo, mas tudo mesmo, abrindo mão inclusive da profissão, exercendo a função de gerente de uma empresa de Curitiba, para se dedicar exclusivamente ao tratamento do filho. A determinação do engenheiro na busca incessante de um medicamento capaz de prolongar a vida do garoto é algo comovente.

Ao Mestre Gilberto Quadros, com carinho

A mais potente trincheira do homem é a grandeza d´alma. Generosa como beijo de criança, aplaca o furor do ódio, quebranta a injustiça, ergue a razão.”

Ezequiel Sena

Bons escritos sempre fascinam a humanidade. As palavras ditas ou escritas por um bom narrador adquirem existência própria. Percorrem caminhos, transportando-nos, então, para um mundo de compartilhamento, de aventuras e de sonhos. Nascem personagens acompanhados tanto de problemas, como de alegrias e tristezas, tão reais que são impossíveis de serem decifrados. E não se surpreenda caso algum deles parecer tão íntimo, ou até mesmo membro da sua própria família, afinal de contas isto é literatura e literatura é vida.

Futilidades ou um deserto de idéias

Por Ezequiel Sena

A dimensão com que são divulgados certos fatos pelos telejornais hoje em dia se propaga com tanta velocidade, cuja dinâmica supera qualquer parâmetro da compreensão humana. O mundo mudou é verdade, como também as pessoas e os costumes, mas não dá para aceitar com naturalidade o que é ofertado pelos meios de comunicação como algo sublime ou modelo comportamental.  Sinceramente, acho isso uma idiossincrasia fútil e absurda. Ou será que vivemos em uma época onde se verbaliza a frase do ministro e diplomata Oswaldo Aranha, (1894-1960), dita há mais de cinco décadas que “o Brasil era um deserto de homens e ideias”. Certamente nos transformamos em pessoas pós-modernas, sem ao menos entender o que isso significa; tornamo-nos twitteiros, blogueiros, cibernéticos, contudo não passamos disso. E se não tivermos o equilíbrio necessário, entraremos na onda de ficarmos alienados, uma vez que tudo isso tanto atrai como fascina.

O mito e a realidade

Por Ezequiel Sena

Determinadas épocas notabilizam-se pelas atitudes revolucionárias dos seus jovens, são, portanto, períodos de mudanças que vem influenciando por décadas as novas gerações. Nunca é demais lembrar os anos 60, 70 e começo de 80 – mesmo contrapondo alguns estudiosos que garantem que a história humana nunca se escreveu em décadas e sim em séculos –, tenho cá minhas dúvidas, até porque foram anos de visíveis transformações e que merecem ser lembrados, não só pela quebra de conceitos e rebeldias, mas, principalmente, pela liberdade sexual das mulheres com o advento da pílula anticoncepcional, levando a romper paradigmas, modelar padrões e fazer o mundo enxergar valores jamais vistos. Sob o ponto de vista político foram eles ainda mais questionadores e inovadores em busca da liberdade de pensamento. Fatos incontestáveis. Tentar desmerecer isso é inadmissível; embora entenda que existe muito folclore a respeito, como um maldoso comentário feito dia desses na TV: – totalmente inconsistente e leviano –, notei mais desinformação do que conhecimento da história recente do nosso país, já que o mito e a realidade caminham juntos. Contudo, sem nenhum exagero, o que mais me impressiona é o ideal defendido por aquela geração perpetuando em nossas mentes até os dias de hoje.

Das mortalhas aos abadás-ingresso

Por Ezequiel Sena

Lamentável. O maior espetáculo da terra não mais existe em Vitória da Conquista, ainda assim não me custa recordar que aqui já produzimos o mais belo carnaval do interior do país. É verdade, mesmo durante a rigidez da ditadura militar (1968 a 1985), a aclamada festa da carne fez história em nossa cidade. Despertou nos homens o imaginário romanesco de confetes, máscaras e serpentinas, induzindo-os a se fantasiarem de mulher, os pobres a se trajarem de ricos, brancos de negros unificando as pessoas a um único patamar social. Nesse colorido de brincadeiras aflorava o desejo de liberdade aos moldes de risos e pulos da mais autêntica alegria.

2010 – Esperança de bons exemplos

Por Ezequiel Sena

Mais um ano que passa assinalando perdas dolorosas, com abrangência inclusive no seio da minha própria família. Marcado também pela crueldade humana – 31 agulhas introduzidas pelo padrasto no corpo de uma criança de apenas dois anos de idade – notícia que indignou o país inteiro chegando às manchetes de muitos jornais do exterior. E, ainda, palco do maior flagrante: vídeo mostrando explicitamente Jose Roberto Arruda recebendo um pacote de dinheiro das mãos de Durval Barbosa (uma clara cena de propina). Mas foi debaixo de muita chuva, ventos, tempestades, dores e lágrimas que partiu o 2009; a fúria da natureza invadiu 2010 assustando o Brasil soterrando casas, derrubando pontes, alagando cidades, trazendo desespero e mortes; um fenômeno que, mesmo com os avanços da ciência, o homem continua incapaz de compreender tais mistérios. Séculos atrás, o admirável Williams Skakespeare (1564-1616), figura capital do pensamento moderno já sentenciara: “Existem mais mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã ilusão filosófica”. De fato, o planeta anda meio estranho e o pior é que isso vem se comprovando ano após ano.

Dez anos da matemática da negação

Por Ezequiel Sena

É revoltante ouvir as queixas de alguns colegas que ao longo de suas vidas se sacrificaram para a construção deste país, pagando rigorosamente seus impostos, com isso pensando desfrutar um futuro sem privações, agora, depois de aposentados, quando mais precisam passam necessidades, uma vez que os valores dos proventos são insuficientes para a sobrevivência. A explicação dos analistas para esta lastimável consequência é que os ganhos proporcionados pelo avanço da ciência, prolongando a vida das pessoas, têm provocado um rombo enorme nas contas do governo e um déficit perigoso para o Brasil. Em princípio, fez-me recordar João Guimarães Rosa: “Viver é muito perigoso”. Certamente, vivo estivesse, não entenderia como seu aforismo se materializou com tanto realismo. Vemos assim como são tratados os aposentados desta nação.

Muito além da Consciência Negra

Ezequiel Sena

.Naturalmente que a etnia africana tem em Zumbi dos Palmares o seu representante maior e o mais nobre símbolo de liberdade entre os seres humanos. Zumbi não morreu e Palmares continua vivíssimo. A segregação racial denominada apartheid caiu. Nelson Mandela é o verdadeiro mentor da queda. Barak Obama, o homem mais importante do planeta também é afrodescendente. Agora não se compreende como na Bahia, sendo a capital da beleza negra e fonte maior do sincretismo religioso brasileiro, em pleno século 21, ainda existam pessoas com mentes tão rançosas capazes de cultuar a segregação racial, e, desta maneira, contribuir para elevar o grau de desigualdade social tão nocivo a humanidade, a ponto de indignar a juíza baiana Luislinda Valois ao declarar: “Se você quiser saber o que é ser preto na Bahia, fique negro por 48 horas”.

Digite aqui o resto do postAlém disso, é triste reconhecer que muitos brasileiros não têm a mínima consciência das marcas criminosas deixadas pela escravidão em nossa sociedade. Neste dia 20 de novembro, dedicado ao Dia da Consciência Negra, homenageando o lendário Zumbi dos Palmares, não vão faltar elogios, discursos, citações de méritos, contextualização da história e também uma grande fartura de ideias. No entanto, não haverá linha de raciocínio capaz de traduzir ou explicar porque ainda persiste em nosso País esse odioso e irracional preconceito racial cravado no coração de tanta gente. Contudo serve também como alerta para todos os cidadãos brasileiros, em particular os afrodescendentes, para que reflitam com melhor acuidade sobre a importância dessa mistura étnica que formou o nosso povo.
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Vale registrar que a formação cultural do Brasil, dentre outras influências, teve basicamente mais solidez nas origens africanas e a importância desse legado biográfico tem na raça negra contornos bem definidos e consistentes. Uma extensão que aproveitou muito bem as virtudes e o silêncio da cor fazendo surgir grandes talentos para o enriquecimento da nossa história, como as referências deixadas por Henrique de Lima Barreto (1881-1922), Antônio Francisco Lisboa – O Aleijadinho (1730-1814), João Cândido Felisberto (1880-1969), líder que deu inspiração e referência ao Dia da Consciência Negra; Mario de Andrade (1893-1945), Alfredo da Rocha Vianna Filho – O Pixinguinha (1897-1973), Luiz Gama (1830-1882), o poeta João Cruz e Sousa (1861-1898), Escolástica Maria da Conceição Nazaré – Mãe Menininha do Gantois (1894-1986) – a ialorixá mais famosa do país; além do nosso mais ilustre escritor Antonio Maria Machado de Assis, e muitos outros que personificam e elevam culturalmente esta nação para o mundo.
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Mas, mesmo com a igualdade racial prevista na Constituição Federal, percebe-se que ainda existe resistência de grande parte da sociedade em aceitar a igualdade de direitos entre brancos e negros. Até nas escolas há resistência de alguns educadores em levar o conhecimento afro aos alunos, ainda assim, não se pode negar que os avanços alcançados nos últimos anos são vistos como de caráter prático, afirmativo e necessário.
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Chegamos praticamente ao final da primeira década do século XXI e com isso contabilizamos aproximadamente 250 mil jovens afrodescendentes e outras minorias estudando em mais de 70 universidades, com o apoio do Ministério da Educação. A bem da verdade alguns programas são importantes como Pró-Une, Cotas, Pró-Jovem, Quilombolas etc…, e o dia 20 DE NOVEMBRO não pode ser apagado da memória de nós brasileiros como vem acontecendo com outras datas importantes; como aconteceu no último domingo quando o jornal A TARDE saiu a campo e entrevistou engenheiros, aposentados, funcionários públicos, profissionais liberais e ninguém soube precisar corretamente o que significa o dia 15 de novembro para o Brasil. Lamentável. Entretanto, historiadores explicam que o desconhecimento vai além de um 2º grau mal feito. Vergonhoso!

Ezequiel Sena
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