Jorge Maia | a casa de Dona Zaza

Foto: BLOG DO ANDERSON

Eu era menino, e não faz muito tempo, caminhava pelo centro da cidade e ficava fascinado pelas casas antigas, núcleo residencial e comercial que costuma surgir nas proximidades das igrejas matrizes, nas cidades do Brasil. Para minha cabeça de menino elas tinham histórias para contar, e quem sabe? Mistérios de um tempo antigo que um dia alguém contaria. Sempre quando eu vou ao centro da cidade, fico a contemplar por um instante a casa verde e amarela localizada na praça Barão do Rio Branco, cujo apelido é a casa de dona Zaza. Os mais antigos sabem que ali, até a década de 1990, residia a família de dona Zaza, carinhosamente assim chamada. Fui colega de três dos seus netos, na Escola Normal, IEED. Recordo-me dos seus pais todos eles eram figuras muito simpáticas. Ali, por muito tempo funcionou um posto do MEC em que podíamos encontrar muito material escolar de excelente qualidade com preços acessíveis. Ao que me revela a memória era a mãe de Luis, Guilheme e Marinho, dona Angelica, a responsável pelo posto do MEC. Continue a leitura com Jorge Maia.

Aquele imóvel me remete a um tempo em que não vivi. Um casarão imponente que se destaca no conjunto de prédios e sobressai-se por sua personalidade superior, uma presença marcante e exuberante. Um baú de reminiscência e que guarda lembranças de uma Conquista singela e calma, em contraste com a vida moderna da cidade que perde os ares de província e com timidez ingressa no mundo de uma nova arquitetura, ainda sem memória para os tempos vigentes.

Do lado oposto da praça, permaneço alguns instantes admirando a sua beleza. Um ar de preocupação acode ao velho prédio, cujo telhado já envelhecido e sem reforma cede ao passar do tempo e como idoso cansado precipita-se para o chão, mas pedindo socorro. Há muito tempo não é socorrido em sua conservação.

O prédio é tombado pelo setor de conservação do patrimônio histórico do município, mas ao que parece é preciso chamar a atenção para aquele imóvel, o qual em suas paredes guarda segredo de mais de um século. Fatos históricos ali foram discutidos, decisões foram tomadas e deram rumo à nossa cidade.
A proteção e segurança da casa de dona Zaza deve ser uma preocupação de cada um de nós, pois sendo considera um imóvel tombado pelo munícipio, aquele prédio é de cada um de nós. Não de se trata de cuidar da casa dos outros, não, ela nossa é nossa, pois revestida de um passado antigo, conserva a memória de outros tempos, os quais precisam ser conhecidos e examinados sob à luz da história local.

Sob o burburinho dos passantes, buzinas e motores, a casa de dona Zaza resiste aos embates do tempo e do clima e precisa ser cuidada, pois integra o nosso centro histórico e faz parte do nosso imaginário e pede socorro. VC 250925

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