Edvaldo Paulo de Araújo: Quando Deus te aplaudiu?

Foto: BLOG DO ANDERSON

Estava no meu pedal em direção ao distrito de São Sebastião, quando me deparei com um cachorro. Nunca vi tanto sofrimento em um animal inocente, magro ao extremo, faminto, doente, com os olhos de uma tristeza sem-fim.  Compadeci-me dele; passei a noite pensando no pobre cachorrinho. Confesso que não dormi direito, tamanha foi minha angústia. No dia seguinte muito cedo,  me muni de comida, água e uma colcha pra buscar o pobre animal. Depois de mais de duas horas o procurando, vi o sinal de que ele tinha morrido. Um rapaz muito humilde, chamado Alan, me indicou na capoeira uns urubus, que não estavam lá ontem. Doeu-me aquela constatação. Confira mais um texto de Edvaldo Paulo de Araújo na íntegra.

Conversando com Alan, que mora de favor num sítio, ele me contou um pouco da sua orfandade e me disse que não sabia mais o que fazer. Tinha passado a manhã inteira, procurando algo para fazer, ali pela região de muitos sítios, e nada havia encontrado, e que sua comida estava no fim. Falou com os olhos cheio de água sobre a dor da fome. Tomei algumas providências para ajudá-lo.

Quando ia saindo, ao nos despedirmos, Alan me disse uma coisa que me tocou profundamente que é a razão deste texto. “Senhor, tenha certeza que Deus o aplaudiu nesse gesto do cachorrinho e pela ajuda que o senhor está me dando.” Confesso, fiquei surpreso, que, ao invés de Deus o ajude ou Deus o abençoe, DEUS O APLAUDIU!

O meu Deus, sinceramente, nunca foi o Deus que se prega nas igrejas. Nunca foi! O meu Deus é o Deus de BARUK SPINOZA. Baruch Spinoza (também chamado de Espinosa ou Espinoza) que foi um filósofo racionalista holandês, um dos mais importantes da filosofia moderna. Além de seu racionalismo religioso radical, Spinoza defendeu o liberalismo político. Nascido em Amsterdã, na Holanda, em 24 de novembro de 1632, Baruch Spinoza (ou Benedito Espinoza) era descendente de judeus de origem portuguesa. Faleceu em Haia com 44 anos em 21 de fevereiro de 1677, vítima de tuberculose.

Deus Segundo Spinoza

Pára de rezar e bater no peito. O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes da tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz.

Pára de ir a estes templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa. A Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nas praias. Aí é onde eu vivo e expresso o meu amor por ti.

 Pára de me culpar pela tua vida miserável; eu nunca te disse que eras um pecador.

Pára de ler supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo; se não podes ler-Me num amanhecer, numa paisagem, no olhar dos teus amigos, nos olhos do teu filhinho, não me encontrarás em nenhum livro.
Pára de ter medo de mim. Eu não te julgo, não te critico, não me irrito, não me incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

 Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se  Eu te fiz… Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso castigar-te por seres como és, se fui  Eu quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar onde queimar todos os meus filhos, que não se comportassem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento que em ti só geram culpa. São artimanhas para te manipular, para te controlar. Respeita o teu próximo e não faças aos outros o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção à tua vida; que o teu estado de alerta seja o teu guia. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno.

 Pára de crer em mim… crer é supor, imaginar. Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti quando beijas a tua amada, quando agasalhas a tua filhinha, quando acaricias o teu cão, quando tomas banho de mar.

 Pára de louvar-me! Que tipo de Deus ególatra acreditas que Eu seja?

 Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, da tua saúde, das tuas relações, do mundo. Expressa a tua alegria! Esse é o modo de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como um papagaio o que te ensinaram sobre mim. Não me procures fora porque não me acharás.

Procura-me dentro de ti…

 É aí que Eu estou.

 

Quando Albert Einstein estava dando palestras em uma universidade, a pergunta recorrente que os alunos lhe faziam era:

– Você acredita em Deus? 
E ele simplesmente respondeu: ” 
– Eu acredito no deus de Spinoza.

“Eu acredito no deus de Spinoza, que se revela em harmonia com o que existe, não em um deus que está interessado no destino e nas ações dos seres humanos”.

 Nossos gestos de bondade, a meu ver, é um segmento puro de energia, segundo Jesus, o Mestre Sublime, quando afirma a lei da atração: fez, vem de volta. A questão do aplauso é simplesmente a sua consciência e o seu coração, que ficam felizes nos gestos de bondade e de amor, desde que você tenha, dentro de si, esses nobres predicados.

A proposta de Jesus é que tenhamos sempre, no outro, um irmão, seja em que situação ele esteja de crescimento ou da mais absoluta brutalidade. Todos  nós viemos para  aqui por escolha e por necessidade absoluta em busca de reparos e crescimento. Esse é o meu entendimento. Nos reparos, são carmas, são pessoas a quem somos devedores e estamos aqui para essas correções, crescimento a partir do nosso entendimento, mesmo que não o seja, exercermos sempre a bondade, o amor e servir sempre. Aí, estará o aplauso de Deus, ao ver seu filho crescendo e entendendo a sua sublime obra.

O entendimento do gesto de amor para com todos é algo magnífico, pois a partir do momento de exercer a bondade, ela se espalha, ou seja, tu fazes comigo e eu com outro irmão, que leva o gesto adiante, até tomar uma dimensão enorme. Imagina o exemplo de Irmã Dulce dos pobres, quantas pessoas miram nela para exercer a bondade. Quanto amor ela espalhou, quanto serviços ela prestou a humanidade, principalmente às pessoas pobres e necessitadas, sobretudo nos momentos de maior flagelo, no momento de maior dor e privações! Deus só a aplaudiu porque faz parte do conjunto da obra.

Vamos meditar sempre, vamos repensar sempre quando exercemos alguma atitude que não soma, que prejudica o irmão, quando devíamos exercitar a bondade ao invés da maldade. Devemos nos imbuir sempre do bem. Nem sempre o bem será agradecido, mas tenha certeza de que sempre será aplaudido por Deus.

“Mas, sobretudo, tende ardente caridade, uns com os outros” (I Pedro,4:8). Nesta carta, o apóstolo Pedro envia aos novos cristãos da Ásia, convertidos do paganismo, palavras de esperança, convidando-os a permanecer firmes na sua fé. Quando Pedro chama a todos nós, e não somente o povo asiático, à pratica da caridade, não deixa nenhuma dúvida a respeito do que pretendia Jesus ao ensinar o amor a seus discípulos. Não basta dizer onde está o Cristo ou onde estão as palavras. É indispensável mostrá-lo na própria exemplificação.

E você, meu irmão e minha irmã, QUANDO FOI QUE DEUS OS APLAUDIU?

 


4 Respostas para “Edvaldo Paulo de Araújo: Quando Deus te aplaudiu?”

  1. ivonildoo

    Esse deus desse louco Baruch Spinoza, assim como de todos os que acreditam nesse tipo de desvario, é o deus Satan, aquele que se transforma até em anjo de luz para enganar aqueles que não acreditam na existência do único e verdadeiro Deus. Que Deus tenha compaixão desses desaventurados.

  2. Josenita Dominguea dos Santos

    Edvaldo Paulo, belíssima reflexão! O Deus do Espinoza é o mesmo Deus pregado nos templos, com o diferencial que o primeiro não delega responsabilidades à criatura…
    O Deus Criador de todas as coisas, inclusive do Epinoza com seu livre arbítrio, só nos dá um mandamento máximo: “Amais uns ao outros e o próximo com a ti mesmo”.

  3. Crésio Lima

    Lindo gesto !
    Fiquei muito feliz com sua atitude.!
    Isto chama se humanidade.
    Deus lhe abençoe.

  4. Paula

    Então Paulo, vamos ver se vc se contaminar com o Covid-19 se o seu deus de Spinoza te dará o livramento? Ou te levará para reinar com ele não sei lá onde!
    Porque esse é o meus Deus e será meu guia até a morte! O Deus de Abraão, Izaque e Jaco, o meu Deus Jeová!

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