
Fabíola Mansur | Deputada | [email protected]
Não há palavras para descrever o que sinto. Não encontro vocábulo em que caiba o desatino. E, no entanto, é impossível silenciar a dor. Às primeiras notícias, ao nascer daquele dia, a primeira sensação: de impotência. E de espanto. Doloroso espanto. Trinta e três homens, trinta e três feras, que hostilizam um corpo, uma alma, um ser. Sabotada, humilhada, ultrajada em sua subjetividade mais profunda, a menina-mulher vê-se submersa nos escombros de uma multidão de inumamos seres, coadjuvante compulsória de uma peça trágica, uma construção cultural criminosa, que vai, século após século, ano após anos, dia após dias, aniquilando, submetendo, vilipendiando. Sim. São cinquenta mil mulheres vítimas de estupro ao ano. >>>>>