
Marco Antônio Jardim
Se tem algo que inventaram que é, de todo, instigante, intenso e emocionante, é gente. “Gente olha pro céu”, cantou Caetano. A gente daquela terra do lado de lá, cantou a pedra do dicionário. “Você é cômico”, desdenhou Diego da minha filosofia humanitária. “O que sou é mítico, quase um ícone”, respondi atrevido. Sou um barato, ainda que, por vezes, seja também um chato. “Sou um moderno intelectual que vai ser rememorado”, autoironizei minha chatice lúcida. “Megalomaníaco!”, disse em tom mais alto. “Sou um otimista, com autoestima na medida”, tentei amenizar. “Tomara, então, que você seja o que, afinal, pensa ser”, concordou com certo sarcasmo. “Eu não penso ser, Diego. Eu sou”, respondi, mantendo a serenidade. “Oui, oui”, riu. “Je peux vos aider à être comme moi”, finalizei à francesa. Gente é assim, quer saber o um, o lugar, e qual rio desagua no mar. Escrevi para Manno num pedaço de papel, em meio aos seus rugidos pernambucanos e as batidas do esqueleto negro baiano, e só não declamei porque havia tanta gente, e tão perto de mim. Dos escritos, eu dizia assim…No todo que escuto e reverbera, no todo que se faz eco, no todo que há um. No único que diz veementemente aos ventos todos que circulam aos todos, sim, há um.