Jorge Maia: Nietzsche, Thor e Rita Pavone

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jorge Maia | Professor e Advogado | [email protected]

Eu era menino, e não faz muito tempo, e sempre gostei de ouvir rádio, Era na Rádio Clube de Conquista que eu ouvia os sucessos da época. Na década de sessenta do século passado um daqueles sucessos era Rita Pavone. Uma voz espevitada cantando Datemi un martelo. Dançava o “hully gully”, uma espécie de “Twist” é a comparação que eu posso fazer. Na letra havia o pedido de um martelo, ela suplicava por um martelo e queria destruir tudo que a contrariava, uma reação típica de adolescente. Não sei se ela o conseguiu, mas que a música é animada não tenho dúvida. Muitas vezes a cantarolei, não sabia a sua tradução. Quem sabe eu seria um rebelde se eu soubesse italiano!. Leia a íntegra.

Algum tempo depois conheci Thor, o herói dos quadrinhos. Criado sob a inspiração dos deuses nórdicos. Seus poderes mágicos vinham de uma força física enorme e pelo uso de um martelo com ele resolvia todos os entraves que encontrasse. Não havia obstáculo que o seu martelo não superasse. Era a sua arma para destruir os seus inimigos.

Seguindo a ordem contrária do título, quero lembrar Nietzsche que, tal qual Rita e Thor, fala de uma metáfora em que o martelo se apresenta como instrumento filosófico e que tem o mesmo objetivo: martelar e desconstituir determinadas realidades que lhe parecem desnecessárias.

O martelo é um instrumento sempre lembrado como algo destruidor. Quando estamos preocupados afirmamos que algo ficou martelando a nossa “cabeça/ consciência” o tempo todo, é quando o martelo mais faz doer. Quem sabe, ouvindo Rita Pavone, não melhora?

Será que precisamos mesmo de umas marteladas para mudar o mundo? Parece que só aceitamos as transformações quando acompanhadas de uma grande dor. É preciso um grande parto para transformar a sociedade? “P’ra que rimar amor e dor”? Marteladas podem transformar o mundo, mas é muito sofrido admitir que precisamos  de mais dor para tornar o mundo melhor.

Deixemos o martelo na mitologia, na música, na filosofia e nas mãos dos carpinteiros. Há instrumentos melhores para melhorar o mundo, um deles é usar corretamente o orçamento público em favor da saúde e  da educação. 070118

 


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