Futilidades ou um deserto de idéias

Por Ezequiel Sena

A dimensão com que são divulgados certos fatos pelos telejornais hoje em dia se propaga com tanta velocidade, cuja dinâmica supera qualquer parâmetro da compreensão humana. O mundo mudou é verdade, como também as pessoas e os costumes, mas não dá para aceitar com naturalidade o que é ofertado pelos meios de comunicação como algo sublime ou modelo comportamental.  Sinceramente, acho isso uma idiossincrasia fútil e absurda. Ou será que vivemos em uma época onde se verbaliza a frase do ministro e diplomata Oswaldo Aranha, (1894-1960), dita há mais de cinco décadas que “o Brasil era um deserto de homens e ideias”. Certamente nos transformamos em pessoas pós-modernas, sem ao menos entender o que isso significa; tornamo-nos twitteiros, blogueiros, cibernéticos, contudo não passamos disso. E se não tivermos o equilíbrio necessário, entraremos na onda de ficarmos alienados, uma vez que tudo isso tanto atrai como fascina.

Não é preciso dizer que o modismo seja o caminho da miopia progressiva. Agora mesmo circula na internet um alerta para os pais de crianças e adolescentes sobre o jogo da moda o “Snap” – as pulseiras do sexo. A brincadeira virou febre nas escolas britânicas e se espalha pelo mundo. No Brasil até música fizeram enfatizando as pulseiras, e cada cor determinam a libertinagem que deverá ser praticada; basta arrebentar a argolinha do braço da parceira para receber a “prenda” da dona, vai desde um abraço até a prática do sexo. Em princípio, as pulseiras devem ser usadas pelas ‘meninas’, embora satisfaça a libido de ambos.

Preocupado com a polêmica que se alastra por todo o país, aqui em Vitória da Conquista (BA), o vereador Joel Fernandes, na sessão do último dia 09 (sexta-feira) deu ênfase ao Projeto de Lei, de sua autoria, proibindo a comercialização das tais pulseiras na cidade. Sugeriu ainda a conveniência do Município em coibir o uso nas escolas públicas diante do pânico que vem ocorrendo em torno do tema em diversas cidades do Brasil. 

A questão é polêmica até porque somos bombardeados diariamente por uma quantidade enorme de futilidades. Quem não se recorda da estudante de Direito da Uniban (SP), sendo vaiada pelos próprios colegas por ter ido para a sala de aula com uma curtíssima saia rosa? Pois é, ela nunca imaginaria que aquele vexame todo iria transformá-la em celebridade. Fizeram-na de vítima à garota mais assediada pelas principais revistas e emissoras de televisão, inclusive a playboy, convidada para desfilar na Escola de Samba Gaviões da Fiel de São Paulo, Porto da Pedra do Rio de Janeiro e no carnaval de Salvador. Esse é o poder da mídia, capaz de transformar o banal em extraordinário.

Ah, já estava me esquecendo do apaixonante BBB-10, quase 155 milhões de votos. O sucesso foi tanto que as expectativas surpreenderam seus organizadores. No inicio, torci para que ninguém assistisse, mas com esta audiência, já vi que sou carta fora do baralho, o jeito é ficar calado e procurar me adaptar a estas coisas. Na verdade, adoramos superficialidades.

Pensando bem, mesmo não sendo adepto, de que adianta ser contra o que a maioria adora? Não vale a pena, ainda mais porque isso é um fenômeno do mundo inteiro. Alguns podem até questionar como a decadência da cultura, o que eu não discordo, mas fazer o quê? Pelo menos as futilidades como BBB, a Fazenda e similares culturalmente nada acrescenta, todavia diverte e, certamente, deve melhorar e muito o humor das pessoas.  


6 Respostas para “Futilidades ou um deserto de idéias”

  1. Alex

    O Brasil tem semelhanças com diversos outros países – Óbvio, é uma mistura de povos provinientes de várias partes do mundo.Mas,é diferente de todos.Pouco tem de original,principalmente,no tocante á cultura.Quase tudo que é lançado(trasch), na lata do lixo cultural de nações desenvolvidas. Aqui,passa a ser a última “moda”.Pouco exportamos, tratando-se de cultura.

  2. Edimundo Quadros

    Ezequiel,

    Muito bom, voce como sempre fez uma retrospectiva de muita coisa banal que somos obrigados a vivenciar diariamente. Mas é isso mesmo, os tempos são outros e não se pode ignorar isso.

    Um abraço, Edimundo Quadros

  3. jacy

    Muito bom seu cometário, realmente a juventude de hoje dá mais enfase a este tipo de cultura, uma vez que acham que é.A internet nos dá muita riqueza de cultura, mas a linguagem internetês prejudica muito a moçada .Quanto a liberdade sexual que os jovens estão vivendo hoje, não tem noção mais de valores morais,o que mais importa a eles é samba, suor e cerveja e muito sexo e também nossa televisão tem contribuido bastante com esta revolução.E infelizmente temos que “aceitar” e acompanhar pra vermos até onde isso vai.Um beijão e parabéns pela crônica. Um forte e grande abraço Jacy

  4. Miguel

    É meu amigo vc me fez eu mudar de idéia. Sempre fui contra destas bestagem Bigbroder Fadenda e tudo mais, olho que vc tem razão nao adianta agente quere que os filhos nosso nao goste nao tem jeito entao é fingi que ta tudo bem. Felicidade amigo Zica

  5. João Ferraz

    Eequiel,
    Voce tem razão, não adianta nós sermos contra a tudo, pois vivemos num mundo onde o modismo predomina.
    João – Posto Bambu

  6. Laércio César

    Meu amigo Ezequiel Sena, é verdade o povo dá mais valor as futilidades do que as coisas sérias. É o caso da maioria da juventude que não mais respeita os valores morais e eticos de familia.

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