No Fórum da Beócia

Jorge MaiaJorge Maia

Ontem retornei à Beócia. Fui examinar um processo no fórum da JFBE ( Justiça Federal da Beócia). Preferi o roteiro da orla marítima de modo a apreciar a paisagem. Antes, passei pelo metrô de seis quilômetros cantados em prosa e verso, sendo a grande novidade daquela gente. Confesso que não é grande coisa.

Segui admirando a natureza, rica, mas decepcionada, suponho, com tamanho maltrato por ela sofrido. Coisas de gente beócia que não percebe a grandeza de tamanha dádiva e segue indiferente aos estragos que provoca, em busca do lucro, ou as vezes pela sobrevivência, uma vez que a fome não tem ética.

Ao chegar no  Fórum, passei pelo detector de metais. Inicialmente depositei o celular em uma bandeja, para em seguida passar. Não apitou, mas fui abordado pelo segurança que solicitou que eu exibisse o conteúdo da minha pasta. Argumentei que a minha pasta  trazia material de  trabalho, documentos e que eu precisava resguardar os meus pertences, em especial por ser advogado e por isso inviolável no exercício da profissão, de modo que eu não permitiria que a minha pasta fosse examinada

O segurança, muito educado, tentou ponderar, afirmando que estava cumprindo ordens e que era preciso expor o conteúdo da pasta, sob pena  de não permitir a minha entrada ali. Mostrei a ele que nos Fóruns da Justiça Comum e do Trabalho não havia tal exigência. De outro modo, disse eu, não ter conhecimento de violências cometidas por advogados, em qualquer Fórum, usando alguma arma.

O segurança esboçou um sorriso quase que zombeteiro, como se  dissesse que sou desinformado, e curioso, usando linguagem jurídica, disse,: data vênia, parece que o Sr. não tem acompanhado o noticiário local. Se assistisse ao BETV diariamente saberia o que antes aconteceu aqui. Curioso, pedi para que me informasse sofre tais acontecimentos, mas que eu não mudaria de opinião e que um scanner resolveria o problema.

Disse ele que: antes de ser exigido a revista das pastas de advogados tivemos muitos problemas. Nos últimos três anos, advogados que não tinham revistadas as suas pastas, mataram duzentos e quarenta Juízes, cento e oitenta Procuradores e feriram dez serventuários e vinte pessoas que se encontravam nas dependências do Fórum.

Fiquei estarrecido com aquele relato, e só aí me dei conta de quão perigosos são os advogados. Naquele instante iniciou-se um tiroteio no interior do Fórum. As pessoas corriam desesperadas. Era bala para todos os lados. Era um Procurador da República da Beócia que trocava tiros com um estagiário, em face da discussão, se Fred deveria ser escalado, ou não, para os jogos da seleção. Ambos, costumeiramente, não têm suas pastas, ou mochilas, revistadas na entrada do Fórum. Adiei o exame dos autos. A Beócia é lugar perigoso. VC280614.

 


3 Respostas para “No Fórum da Beócia”

  1. Achille Camcelare

    Muito pedante.

  2. Albertto Barreto

    PARABÉNS AO COLEGA DR. JORGE MAIA, PELA FORMA INTELIGENTE DE DENUNCIAR OS ABUSOS E VIOLAÇÕES DAS PRERROGATIVAS DOS ADVOGADOS E O TRATAMENTO NÃO ISONÔMICO ENTRE ADVOGADOS, JUÍZES, PROCURADORES E ASSEMELHADOS, CONTRARIANDO A LEI 8.906/94.

  3. Joel de Souza

    K7! PERDENDO MEU TEMPO EM PESQUISAR TEBAS, NA REGIÃO DA BEÓCIA, NA GRÉCIA. FICO PARECENDO UM BEÓCIO!

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