Eleitor que vota em branco ou nulo: desencanto ou falta de compromisso?

Academia do Papo | Paulo Pires

Estudos e mais estudos são feitos para “tentar entender” o tipo de eleitor que vota em branco ou nulo.  Muitas conclusões foram e são tiradas do seu perfil, mas, a rigor, nenhuma, politicamente falando, atende satisfatoriamente aos pesquisadores e políticos profissionais.

O certo é que há por trás desse eleitor um sério e angustiante componente que teima em não se retirar do seu inescrutável mundo interior. O cenário político lhe provoca irritação. Entre o que existe e suas aspirações políticas há um caldo de mesmice lhe provocando aborrecimentos sobre aborrecimentos. Diante de um cenário politicamente pobre e por não se sentir contemplado, suas confissões revelam um mundo vazio, recheado de sucessivas frustrações. Alguns chegam a externar “tenho nojo de política”.

Ainda assim vão às urnas com o intuito de votar em branco ou nulo (o que não deixa de ser um ato político). Identificá-los não é difícil. Embora tenham perfis psicossociais diversificados.  Alguns nunca deram bola para a Política ou para Políticos, outros, ao contrário, justamente por dar muita atenção, colocaram em suas mentes que ninguém merece ser votado.

O fato é que parte significativa desse tipo de eleitor não encontra doutrina política aplicada à vida prática capaz de solucionar a maioria dos problemas sociais (ele procura sempre mostrar que não tem interesses pessoais).  São visíveis seus descontentamentos. Muitos afirmam que suas decepções vão da própria prática politica, geralmente explicados por doutrinas político-econômicas que não se sustém (ou são inadequadas) e se contradizem na vida real.  Essa vida real que exibe sistemática e quotidianamente homens públicos envolvidos secularmente em desmandos e vícios condenáveis pela maioria da sociedade.

Os direitos de votar e ser votado são constitucionais.  Um grande líder da política brasileira contemporânea, em vídeo gravado recentemente, exorta a participação de todos na Vida Pública (inclusive o pessoal que vota em branco e nulo).

Criticar o Modelo ou o Sistema Político Partidário é pouco.  É necessário atitude, mudança de estratégia.  Não se muda a realidade com palavras elogiosas ou críticas desairosas. O discurso é o prelúdio da mudança, mas essa só se concretizará quando houver participação efetiva.  Conforme reitera Deusdete Dias: “Seja a mudança que você deseja”. Nós acrescentamos: Fazendo assim o mundo será menos branco e menos nulo.