Lembranças dos comícios

Foto: Blog do Anderson
Foto: Blog do Anderson

Eu era menino, e não faz muito tempo, quando as campanhas eleitorais eram realizadas, em grande parte do tempo,  sob a forma de comícios. Para quem nasceu no século vinte e um informo que isso significa uma aglomeração humana, em praça pública, em que os candidatos apresentavam suas ideias e projetos aos eleitores. Época de  eleições era uma período de festa, pois tínhamos lugar para ir durante à noite, pois às vezes havia uma grande atração artística, o que tornava o comício mais atraente. Leia mais uma crônica de Jorge Maia.

Os lugares mais disputados eram: Praça Barão do Rio Branco, disputadíssima para ser o local do último comício, a praça do Alto Maron, Praça do Gil, Praça do Carvão, Feirinha do Bairro Brasil, tudo controlado pela Justiça Eleitoral, que cuidava de sortear os locais entre os partidos, se entre eles não houvesse algum acordo.

Era divertido, uma festa, paqueras, encontros, e muita conversa jogada fora. Os alunos do noturno faltavam às aulas, mas lá encontravam os seus professores. Todos queriam ir ao comício.

Ao contrário de hoje, quando os pronunciamentos são gravados, os discursos eram ensaiados muito antes, mas enfrentar o grande público, e sob o olhar de centenas de pessoas, fazia mudar qualquer roteiro de um orador. Claro que  é sempre fácil para quem já tem o hábito de falar em público, mas para quem não tem experiência, ou facilidade para tanto, a situação é das mais complicadas.

Todos sabem como é difícil começas um discurso, mas o difícil mesmo é terminar de falar. Não é fácil terminar um pronunciamento, então o discurso se alonga e na maioria das vezes torna-se repetitivo e sem sentido, deixando o orador em estado de vexame e o público cansado.

Foi em um desses tantos comícios que assisti que um orador, inexperiente, começou o seu discurso, sem ao menos se dirigir aos seus candidatos com a saudação normal e própria desse tipo de arte. Começou contando a sua história, ou como veio parar aqui Conquista. Isto é, parece que era o que queria contar, mas enrolou-se de pronto, não conseguindo ir adiante.

Ainda me lembro como foi: Há trinta e cinco anos desci aquela serra. Foi a única frase  que disse, pois a partir dali passou a emitiu um som semelhante a um engasgo, algo como: chrish, chrish, como se estivesse entupido.

O público, estarrecido diante da cena, explodiu na gargalhada quando alguém gritou: tragam um desentupidor de pia para ele que resolve. Risos e gargalhadas, foi quando Jota Menezes, tomou de volta o microfone e com a sua classe, agradeceu ao grande orador e o comício prosseguiu. 18.0415


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