Jorge Maia: O Cristo de Mário Cravo e o Poço Escuro

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jorge Maia | Professor e Advogado | maiajorge@yahoo.com.br

O Cristo de Mário Cravo, no topo da Serra do Piripiri instalado, vigia permanente da nossa cidade na condição de símbolo católico, volta o seu olhar tristonho e espantado e quem sabe desapontado com o que vê. Vivemos em um mundo difícil, desigual e injusto. Talvez difícil por ser desigual e injusto. Em sua face, contudo, a expressão que traduz o sofrimento que não é somente seu, mas a amargura e sofrimento do nordestino, e esta, parece-me que foi a intenção do artista. >>>>

Avistado de longe, dá-nos uma sensação de alegria por estarmos chegado em casa, conforta-nos pela certeza de que a nossa casa está próxima, é Conquista chegando, é o lar que nos espera e se viajar é bom, voltar para casa é melhor. No Natal, quando iluminado, parece que está solto no espaço e com os seus braços abertos parece querer abraçar a toda a cidade.

Aos seus pés, a cidade. A sua direita o Poço Escuro, símbolo de uma reserva florestal que me encantou quando eu era criança e de onde busquei água com meu pai. Quando meus filhos nasceram os apresentei ao nosso Poço Escuro em breve vou apresenta-lo aos meus netos e lhes contarei o pouco que sei sobre aquela fonte e reserva ambiental.

Um fato comum entre o Cristo e o Poço Escuro é a dificuldade de frequentar ambos os monumentos. Há uma certa insegurança, pois distanciados do centro da cidade não possuem os equipamentos necessários para garantir a incolumidade dos que desejam visita-los. É uma pena, do alto do Cristo uma visão bonita da cidade, do Poço Escuro o borbulhar da fonte que nos remete a um momento paz.

É certo que pessoas veem a Conquista para conhecer o Cristo de Mário Cravo, que já não é de Mário Cravo, mas do povo, uma vez que está em nosso imaginário como sendo uma coisa nossa, porém, tememos em levar os nossos visitantes ao Cristo, o qual deixou de ser apenas um símbolo de religiosidade e passou a ser um valor cultural e artístico que todos querem conhecer.

 A urbanização cuidadosa destes dois monumentos é uma necessidade. A cidade precisa ter acesso a ambos, e para isso o poder público deve contribuir em transformar aqueles locais em centro de visitação, proporcionando aos visitantes o conforto e a segurança indispensáveis para a contemplação desses dois valores tão queridos da nossa gente.

Quando alguém visita a nossa cidade e para aqui retorna para outra visita, ou morar, temos o habito de dizer: quem bebe água do Poço Escuro sempre volta.   Esta afirmação revela o significado do nosso Poço Escuro que apenas não mata a sede, mas transforma em sentimento o pulsar de um símbolo da natureza em amor e vida.

Dois símbolos tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximos; o Cristo e a natureza que no seu conjunto significam a mesma coisa: vida. Vamos cuidar da nossa cidade, preservando os seus valores naturais, os seus monumentos e a sua arte, marcando um ponto para o futuro quando as novas gerações poderão encontrar em todo este simbolismo o encantamento dos seus diversos significados, em especial a paz. VC081018.


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