Jorge Maia: As feiras da nossa cidade

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jorge Maia | Professor e Advogado | maiajorge@yahoo.com.br

Por muitos anos trabalhei na Praça da Bandeira, em nossa cidade, onde funcionava a feira e aprendi a conviver com todas aquelas manifestações próprias daquela atividade; dupla de cegos violeiros, camelôs e no sábado era uma multidão que fazia da feira um lugar de encontros e a despedida era: até sábado! As pessoas da zona rural faziam do sábado o seu dia de passear na cidade e encontrar os velhos conhecidos.  Estou falando de uma fase que foi até o final da década de sessenta, pois em seguida tivemos mudanças com a criação do “Mercadão” e  depois, anos após, o que nós chamamos de “Ceasa”. >>>>>>

Em qualquer cidade, as feiras chamam a atenção de moradores e de visitantes. É nelas que encontramos as manifestações culturais mais populares e a apresentação da economia popular e da produção regional. Gosto de visitar as feiras das cidades e descobri que muitas pessoas agem da mesma forma, pois é um modo de conhecer alguns aspectos da sociedade local, pois as feiras têm esse condão de concentrar diversos valores da sociedade local.

Quando morei em Salvador, na década de setenta, eu achava estranho aquelas feiras de bairros, uma vez por semana, elas não tinham aquele aspecto de permanência das feiras ao redor dos mercados que indica a presença reconhecida de cada feirante de quem nos tornamos conhecidos.

Em nossa cidade, as feiras formam um elemento rico, no mais amplo sentido, pois democráticas, recebem os mais diferentes tipos de mercadorias e pessoas e as mais diversas manifestações e a produção local de alimentos regionais, como por exemplo a nossa produção de biscoitos e pratos chamativos: feijoadas, sarapatel e buchada servidos nas barracas e pequenos restaurantes no interior dos mercados e desafiam os nutricionistas a controlar os seus clientes, o que transforma a luta em uma batalha inglória.

Em nosso tempo as feiras da nossa cidade precisam mudar. Em tempo de aplicativos e algoritmo que fazem do “delivere” uma novidade, as feiras precisam ser atraentes. Os mercados necessitam de um chamativo para trazer o povo para a feira, modernizando os mercados, possibilitando que se transformem em lugares atraentes e confortáveis e seja um ponto de referência para os moradores e para os visitantes.

Quem vai a São Paulo quer conhecer o mercado municipal e comer o tal sanduiche de mortadela e comprar as frutas exóticas que ali são vendidas. Isto é turismo, é renda e diversão. O turismo de feira pode ser uma novidade em nossa região e nada impede que funcione por mais tempo durante o dia e que sejam apresentadas manifestações culturais, sem perder o sentido obrigatório da higiene e da limpeza.

As nossas feiras, moderniza-las, será um passo em direção à preservação de muita coisa que é só nossa e facilitar o registro de convivência e de negócios muito característico da nossa gente. A sua modernização não deverá fazê-la perder a sua feição de feira, não devemos transforma-las em shoppings, pois a sua função negocial e social tem natureza diferente. Embora as nossas feiras não sejam ruins, acredito que podem ser melhoradas e transformadas em um nicho turístico. VC151018


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