Dom Pepeu: mensagem de gratidão e saudade

Foto: BLOG DO ANDERSON

Dom Luís Gonzaga Silva Pepeu | Arcebispo de Vitória da Conquista

Distintos representantes do Poder Público: Legislativo, Executivo, e Judiciário,

Distintas Autoridades Civis e Militares,

Caríssimo Vigário Geral da Arquidiocese, caríssimo Pároco desta Catedral,

Queridos Padres, Diáconos, Religiosos e Religiosas, Funcionários da Cúria Metropolitana,

Meu irmão Manuel, representando minha família.

Amado Povo de Deus!

Gratidão e Saudade caminham juntas. Gratidão nada mais é do que o reconhecimento e o agradecimento pela ajuda que recebemos. A gratidão é uma virtude, não só “a mais rica das virtudes, mas sim a mãe de todas as outras” já dizia o famoso filósofo Cícero (106 a.C). Hoje para mim é um dia de GRATIDÃO E SAUDADE. Gratidão ao Senhor Deus e Pai, que nos concedeu o dom precioso da vida e da vocação religiosa. Gratidão aos meus queridos pais já, na eternidade, e aos meus familiares que sempre compreenderam minha ausência ou distância, desde os onze anos, em vista do chamado para colaborar na construção do Reino de Deus. >>>>>

            Com esta celebração de Ação de Graças, após onze anos de minha chegada a Vitória da Conquista, é chegado o momento de deixar esta querida região do Sudoeste Baiano para regressar ao meu estado de origem, Pernambuco. Como disse o Papa Francisco no final da JMJ no RJ: “Parto com a alma cheia de recordações felizes que, por certo, tornar-se-ão oração. Saudade desta querida Arquidiocese deste povo tão grande e de grande coração; este povo tão amoroso. E como expresso no hino de Conquista: “És e sempre serás meu palinuro ó pérola fulgente do sertão”. Saudade da espontaneidade sincera que vi nas pessoas, saudade do entusiasmo dos discípulos missionários e missionárias. Saudade da esperança no olhar dos jovens. Saudade da fé e da alegria em meio à adversidade das comunidades urbanas e rurais. Tenho a certeza de que Cristo vive e está realmente presente no agir de tantos e tantas jovens, idosos, doentes, prisioneiros e demais pessoas que encontrei na inesquecível visita pastoral a mais de 800 comunidades urbanas e rurais. Obrigado pelo acolhimento e o calor da amizade que me foram demonstrados ao longo destes onze anos. Também disso começo a sentir saudade.

            Desde que aqui cheguei no dia 27 de setembro de 2008, senti a grande responsabilidade de ser sucessor de Bispos tão pastores como: Dom Jakson, Dom Climério, Dom Celso e Dom Geraldo Lyrio, meu antecessor imediato e primeiro Arcebispo. Mais do que uma honra, de fato foi para mim uma responsabilidade, e disso estive sempre consciente. Mas, aceitei com serenidade, humildade franciscana e entusiasmo a missão que recebera da Igreja, confiando sempre na graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, em sintonia diária com o meu lema episcopal: “Não temas, estou contigo” (Jr 1,8). E assim, permaneci ao longo desses onze anos, até que fui reconhecendo diminuírem, nos últimos tempos, minhas capacidades para levar adiante, responsável e adequadamente o que a missão de Arcebispo Metropolitano exige. Foi isso que, em espírito de fé e com humildade, me levou a decisão consciente de solicitar ao Sumo Pontífice o Papa Francisco a renúncia de tão sublime Ofício – o governo pastoral desta Arquidiocese. O que por solicitude e benevolência do Santo Padre, tive a graça de ser compreendido e atendido.

            Segundo o Eclesiastes, há tempo para tudo. Tempo para semear e tempo para colher. Aqui chegando, fui colhendo o que outros plantaram, e quem sabe plantando para outros colherem. Neste cultivo, contei sempre com a valiosa colaboração direta ou indireta de todos vocês, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas. Minha eterna gratidão a todos. Gratidão muito especial aos presbíteros, colaboradores incansáveis, sem os senhores não poderia levar adiante a missão. Todos vocês, queridos sacerdotes diocesanos e religiosos, estarão sempre em meu coração e em minhas orações. Muito obrigado por seu carinho, disponibilidade, fidelidade, respeito e dedicação. Tive o privilégio de ordenar 14 de vocês, e mais os 3 últimos diáconos que se preparam para a ordenação presbiteral, com a graça de Deus. Aos queridos diáconos permanentes, agradeço por sua atuação, disponibilidade e colaboração comigo, com os presbíteros e com as paróquias, ao longo destes anos. Dos 16 diáconos permanentes desta Arquidiocese, 12 foram ordenados por mim. Tive também a graça de ordenar 4 bispos filhos deste privilegiado presbitério. Minha gratidão aos religiosos e religiosas, por sua intensa colaboração em minha missão pastoral e em prol desta Igreja Particular, por sua presença, generosidade e testemunho de consagrados. Aos seminaristas, por sua vocação, fidelidade e amizade, bem como aos vocacionados e vocacionadas, por sua perseverança.

            Gratidão aos párocos, administradores e vigários paroquiais, reitores dos nossos seminários, casas de formação e instituto de filosofia. Profunda gratidão ao vigário geral, aos vigários regionais, ao ecônomo e ao chanceler. Enfim, minha gratidão a todos os padres na pessoa do Mons. Uilton, um verdadeiro “ego” do bispo.

            Na Sagrada Escritura, também os Salmos evocam a virtude do agradecimento. Reconhecer que alguém nos “ajudou”, é ser humilde. É muito importante agradecer. Sou grato e rezo por aqueles e aquelas que colaboraram comigo na cúria, nos Conselhos: pastoral e econômico, bem como na assessoria jurídica e demais setores de nossa Arquidiocese, especialmente a OVS e aos benfeitores. Gratidão ainda aos que trabalharam ou conviveram comigo na residência episcopal.

            Minha gratidão às autoridades, aos poderes públicos, às igrejas evangélicas, outros segmentos religiosos, à imprensa e demais órgãos de comunicação, por seu respeito, apoio e delicadeza para comigo.

            Minha gratidão muito especial a todos vocês amados fiéis e pessoas de boa vontade, não só por seu testemunho de fé e esperança, mas também por seu carinho, estima, compreensão, respeito e delicadeza. Saio daqui encantado com tanta bondade e generosidade de todos vocês.

            Agradeço, de coração, a cada um e todos quantos aqui se encontram, e aqueles que não puderam estar, por importante presença neste momento de ação de graças na conclusão de minha missão pastoral à frente desta querida Arquidiocese de Vitória da Conquista, à qual estarei sempre ligado, não só afetivamente, mas de fato, como Arcebispo Emérito.

            Já começo a sentir saudade. Saudade desta cidade que, além de berço cultural bastante expressivo, é cantada e decantada como “Suíça Baiana” e “Joia do Sertão Baiano”, que me acolheu com tanta estima e generosidade em 1977 e agora ao longo desses últimos onze anos. Como cidadão baiano e conquistense, não poderei deixar de voltar aqui outras vezes, se Deus quiser!

            Agora que devo partir, a missão pastoral da Arquidiocese passará no próximo sábado, dia 14, ao novo Arcebispo, meu querido irmão no episcopado Dom Josafá Menezes. Ele foi o escolhido de Deus para ser o vosso novo Pastor. Dom Josafá foi nomeado pelo Papa Francisco, no dia 9 de outubro passado. Será o 3º Arcebispo da Arquidiocese de Vitória da Conquista. Ele vem com alegria e esperança para servir e guiar o rebanho que o Senhor lhe confiou. Venham todos participar da Ação de Graças que marcará o início da missão Pastoral do seu novo Pastor. É muito importante a presença e participação de todas as comunidades e paróquias em sua acolhida.

            Meus irmãos e irmãs, que Deus, na sua infinita bondade, queira perdoar minhas fraquezas e negligências. Seja-me Ele, pela intercessão da Imaculada Conceição de Maria, um juiz misericordioso. A todos quantos eu tenha ofendido ou entristecido, e a todos os que não se viram compreendidos por mim, peço-lhes que me perdoem.

            O meu pensamento final, minha última expressão de gratidão e saudade, dirige-se a Nossa Senhora das Vitórias. Neste belo templo, nossa amada igreja Catedral, onde tantas vezes ajoelhei-me em prece pela Arquidiocese inteira, por todos os nossos fiéis, especialmente pelos mais pobres, doentes e necessitados, e pela formação dos futuros presbíteros. Estou indo, e quero lhes dizer um “até breve”, e não um “adeus” um “até breve” com saudade, e lhes pedindo, que não esqueçam de rezar por mim. Preciso muito da oração de todos vocês. A todos o meu abraço. Que Deus vos abençoe hoje e sempre! Muitíssimo obrigado a todos!

Vitória da Conquista, 8 de dezembro de 2019. Solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora.

Arcebispo Dom Luís Pepeu, OFMCap.

Administrador Apostólico de Vitória da Conquista


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