A Pandemia da COVID-19: carta ao Painho do Céu

Foto: BLOG DO ANDERSON

Reginaldo de Souza Silva

Viajamos milhares de anos, cada um com sua cultura, com seus valores, muitas vezes alguns julgavam-se superiores aos outros, negavam seus valores, destruíram, escravizaram seus filhos e filhas. Alguns acreditaram nas palavras “eu vim para que todos tenham vida e a tenham plenamente”. Há pessoas que dizem que você é um mito, não existe, como afirmava São Tomé, que exigia provas de sua ressureição. Uns afirmam que nasceste em Belém, outros em Nazaré na Galiléia. Seu filho Jesus com uma fala mansa Aramaica e escrita Grega nos deixou em nossos corações vários legados. Negados por uns, exaltado por outros.  Leia na íntegra.

Nos escritos alertava, como em Lucas 21:11 “haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares…”; Lc 21:9 “…quando ouvires falar em guerras e rebeliões, não tenham medo…”, 21:8….”Cuidado para não seres enganados. Muitos virão em meu nome…” Apocalipse 6.8 ¨…Olhei, e diante de mim estava um cavalo amarelo. Seu cavaleiro chamava-se Morte, e o Hades o seguia de perto. Foi-lhes dado poder sobre um quarto da terra para matar pela espada, pela fome, por pragas e por meio dos animais selvagens da terra…”.

Parece que nossos irmãos não aprenderam nada com a varíola, sarampo, tifo, febres: tifoide e amarela; cólera, aids, ebola, peste bubônica e diferentes tipos de gripe como a espanhola que matou 20 milhões de pessoas, as guerras, as doenças da modernidade etc.

Ouvimos e pedimos no caminho a palavra sa-la-ma (paz, segurança) a Deus todo poderoso! A bíblia, o alcorão – nos envia mensagens e experiências de vida holística.

Viajamos de formas diferentes até aqui, muitos não tinham casa morreram nas ruas, outros em casas de idosos, outros orando e suplicando por um respirador, uma mascara alimento, um carinho, um atendimento de urgência!

Ao chegarmos aqui descobrimos que somos todo(a)s iguais! Não adiantou dizer que éramos mais desenvolvidos, mais ricos, nossas culturas e valores eram melhores!

Na luta pela sobrevivência oramos e pedimos a alguém superior, não me deixe partir, senti muitas vezes, vi sem poder falar, filhos, esposas, maridos, amigos chorarem e eu não poder fazer nada!

Em nossa viagem ficou um vazio, assim como, nos enterros em valas comuns, sem coveiros, carregados em caminhões frigoríficos e de guerra, procuramos refletir: Quais contribuições deixamos? E, ao chegarmos, cada um com sua língua entre tantas buscava compreender e identificar:

Zão ãn, buongiorno, bom jour, good morning, bom dia, buen dia, sabah alkhyr, E káàsán, Sabah El-Kheir; outros chegaram após o meio dia (um tempo que já não sabíamos identificar): E káale, A ni tile, É Kaasan o!, guten tag, dobryy den’, An-nyeong-ha-se-yo!. Não escurecia e todo(a)s estavam perplexos e continuavam a chegar novas pessoas dos lugares mais distantes de um mundo que alguns insistiam que não era redondo, que não havia pandemia e apenas uma gripezinha. Outros diziam como ficaria a economia, nada de deixar as pessoas em casa, somos seres sociais precisamos nos reunir, consumir, se divertir, trabalhar.

Ao chegarem diziam: Oyasuminasai, basāʾa l-ḫair, iyi geceler, god kväll, bonan vesperon, guten abend, laila tov, bona nit, konbanwa entre outras, (poderia ser noite, ou aqui não existia esta contagem do tempo diário?).

Há uma maquina que registra a chegada de todo(a)s, chamada coração, movido pela fé, crença e outros nomes dados neste rincão chamado mundo de nosso Deus. Ela é fascinante, registra tudo o que fizemos e não fizemos de bom naquele lugar chamado terra.  Nossa agora chamada família registra a chegada até hoje de 217.153 mil corpos pela COVID-19.

Painho, descobri que já tinha ouvido em algum lugar: O meu país é a terra, o meu país somos todos nós, ninguém nos separa na terra, junte a sua com a nossa voz!

Aos irmãos e irmãs representado(a)s em todos os continentes Ásia, Europa, América, Oceania, África e Antártida: China, Coreia do Sul, Japão; Itália, Espanha, França, Rússia, Inglaterra, Portugal; Argentina, Peru, Bolívia, Brasil, EUA, México; África do Sul, Cabo Verde, Moçambique, Senegal; Austrália, Nova Zelândia, Papua Nova Guiné, Samoa, Síria, Iêmen,Somália, Afeganistão, R. Democrática do Congo, Iraque …e povos de todas as nações e terras indígenas, sua dor é a nossa dor!

Hoje Papai do Céu, todo(a)s somos um só, aqui não tem um país, aqui todo(a)s somos iguais. Precisou chegarmos aqui para compreendermos que Todo(a)s Tem o Direito de Ser Feliz e Ter Uma Vida Saudável! Porque não sabemos quando vamos partir.

Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva, coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente – NECA/UESB

 

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