Reginaldo de Souza Silva: Nas alegrias e nas tristezas, uma noticia que jamais gostaríamos de receber

Foto: BLOG DO ANDERSON

Como professor de uma universidade pública, todos os semestres nos deparamos com novo(a)s aluno(a)s de diversos cursos de licenciatura. Muito(a)s com o sonho de tornarem-se professore(a)s ou profissionais de outras áreas do saber. Cada um(a) traz com seu jeito de ser, de estar, de conviver, de lutar, de sorrir, ou ficar bravo, as suas origens, suas lutas, sua visão de mundo. Em 2018, estava lá uma jovem alegre, despojada, questionadora, envolvida com a arte, o kung fu, os problemas sociais e, fundamentalmente, o respeito às mulheres, crianças e adolescentes e populações em situação de risco pessoal e social. Leia na íntegra.

Atuando como docente, tenho aprendido a cada dia, nas aulas, nas atividades, nos movimentos sociais, na cultura, nas artes, bate-papo, divergência ou concordância, que existe outras formas de ver o mundo, as pessoas, a vida.

É assim nossa luta diária como docente, formar profissionais qualificados para transformar esta sociedade em que vivemos, contra as formas de discriminação, desrespeito, desvalorização dos seres humanos. E lá estava ela! Lutando para ser uma profissional mais humana e solidária.

Nas várias turmas do curso de psicologia em que atuei, presenciei, convivi e aprendi, a essência desta área do conhecimento. Aprendemos com nossos aluno(a)s, colegas de trabalho a essência do comportamento humano, os processos mentais. Neste processo aluna(o)s enfatizavam a importância da(o) psicológa(o) educacional e as várias visões da atuação.

A vida de uma discente universitária não é fácil, principalmente em cursos que demandam uma alta carga de leituras em período integral, com muitos sacrifícios para manter a sobrevivência e a vida acadêmica. Ao final do ano 2019, recebemos a noticia de que uma aluna sofreu um acidente de transito e que lutava durante meses na UTI pela sua sobrevivência.

Suas amigas e amigos, colegas de várias turmas desencadearam várias ações na luta pela sobrevivência, inclusive com a doação de sangue e o conforto aos familiares. Não é de estranhar, conhecendo que são as alunas e alunos do curso de psicologia. Quantas alegrias, questionamentos e duvidas partilhamos! Porém, Uma noticia que jamais gostaríamos de receber!

Nesta madrugada, junta-se a “ painho” do Céu, a milhões de pessoas, nossa aluna,  Ana Ariel da Mata Lula Costa. Suas marcas estão registradas no coração de quem pode partilhar parte de sua vida e convívio com ela. Que o Senhor nosso Deus, os Orixás possam acolhê-la nesta nova vida!

Como afirma a coordenação do curso Profa Ligia M. P. Silva “Não há como mascarar a dor. Perdemos, sim, teremos que encarar e viver essa perda, contando com os apoios que o companheirismo, a arte, a beleza, a memória podem significar. Ficamos com as imagens e as lembranças da presença marcante e iluminada de Ariel. Pois, como disse o poeta, mesmo quando: “amar o perdido deixa confundido este coração (…) as coisas findas, muito mais que lindas, estas ficarão!”.

Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – DFCH/UESB


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