Professor Reginaldo detalha os desafios ao retorno as Aulas: EAD, Remoto, Online, Emergencial?

Foto: BLOG DO ANDERSON

Reginaldo de Souza Silva

Diante da Pandemia da COVID-19, estamos enfrentando vários desafios em nível mundial, entre eles, está à educação. Há falas, posturas, políticas e práticas totalmente contraditórias. Afirmam querer garantir o direito a educação de qualidade para todo(a)s. Ocorre que para termos uma educação de qualidade para todo(a)s, há um princípio básico, a existência de condições básicas para o acesso, a permanência e sucesso da aprendizagem. Leia o artigo do professor doutor Reginaldo de Souza Silva.

Para a efetivação deste direito, há várias etapas e sujeitos neste processo até chegarmos e materializarmos o ensino e aprendizagem. A estrutura administrativa, a pedagógica e a social. Ocorre, que historicamente a educação esta estruturada na modalidade presencial, com todas as mazelas. Dos 56,4 milhões que frequentam a escola da creche ao ensino médio, conforme a (PNAD-IBGE, 2019) a taxa de escolarização era de: 35,6% (3,6 milhões) na creche; 92,9% ( 5 milhões) pré-escola; 99,7% (25,8 milhões) dos 6 aos 14 anos; 89,2% (8,5 milhões) de 15 a 17 anos e, 51,2% dos adultos não concluíram a educação básica.

Grande parte de nosso(a)s aluno(a)s tem educação de péssima qualidade, com currículos e práticas defasadas, escolas sem infraestrutura adequada, a depender do local e do período frequentado. As Secretarias Estaduais e Municipais de Educação não estão devidamente estruturadas e preparadas para o ensino online, faltam recursos materiais e humanos qualificados. As próprias universidades que deveriam preparar os profissionais, grande parte do(a)s seus docentes não tem a devida formação para atuarem nesta modalidade.

A luta primeira deveria ser a garantia de vida plena a todo(a)s, o que infelizmente em vários estados e municípios não tem sido a maior preocupação e/ou prioridade, considerando a reabertura do comércio, do isolamento e de outras medidas preventivas de urgência.

A discussão é à volta as aulas, alguns já retornaram, exemplo escolas privadas e públicas de Manaus de forma hibrida metade presencial e outra online e, nove estados e DF já tem previsão de retorno. A contaminação tem aumentado e, a categoria docente e demais profissionais da educação, tem demandado da justiça a manutenção da suspensão das atividades presenciais para garantir a saúde do(a)s aluno(a)s e dos profissionais.

As experiências do ensino EAD, Remoto, Online, Emergencial tem levantado vários questionamentos: atinge a todo(a)s o(a)s aluno(a)s? Ele(a)s tem os equipamentos necessários e os recursos adequados de internet?; As redes e profissionais tem formação e recursos materiais e pedagógicos para garantir um ensino de qualidade? Não seria mais uma forma de no futuro sucatear ainda mais a educação, implantando e naturalizando o ensino remoto/online? Há possibilidades de desemprego e de fortalecer a cultura da educação como mercadoria? Cada um recebe a qualidade que pode pagar? E os que não têm os recursos financeiros e materiais?

Por outro lado, temos as questões sociais, o isolamento e suas consequências na saúde física e mental, grande parte das famílias em espaços inadequados, outras realizando trabalho para sobrevivência envolvendo muitas vezes o(a)s filho(a)s.

Não fazer nada também não é a resposta, surgem então propostas: não continuar as aulas e sim criar atividades para manter o vínculo; aulas utilizando as TICs utilizando computador, celular ou mesmo, textos impressos ou, aguardar uma vacina (a situação ideal).

Na educação superior o caminho para algumas instituições, só retornar após uma segurança sanitária (vacina), aulas online, como garantir acesso a todo(a)s, pois alguns tem que dividir o equipamento ou não tem, inclusive acesso a internet e alguns sem qualidade. Outro(a)s como meio de sobrevivência no horário das aulas arrumaram trabalho.

Para as instituições nem todas as disciplinas podem ser online. Precisamos pensar em todo(a)s! Mas, há uma quantidade de discentes que querem e podem assistir às aulas utilizando as TICs. Para estes não deveria ser garantido este direito? Não serem prejudicados pelo aumento de mais um ou dois semestres?

Temos que procurar e efetivar os melhores caminhos sejam eles: EAD, Remoto, Online ou Emergencial! Parados é que não devemos ficar!

 Todo(a)s aluno(a)s precisam de atenção, mas não da mesma forma de atendimento – A equidade é uma das bandeiras!

Prof. Dr. Reginaldo de Souza Silva – Coordenador do Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente – NECA/UESB

 


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