Jeremias Macário | começou a corrida do ouro ou a temporada do caçador e da caça eleitoral

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jeremias Macário de Oliveira | jornalista e escritor

“Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”, Van Wolfgang Goethe

Eles já vinham fazendo seus aquecimentos e investidas fora da época, burlando as anacrônicas leis eleitorais, cujo Tribunal faz de conta que segue à risca, mas agora começou para valer a corrida do ouro, ou melhor do poder, que vale mais que o metal.  Os concorrentes e as bandeiras nas ruas são praticamente os mesmos. Pouca coisa muda.  É o tempo do caçador atrás da caça, que sempre é uma presa fácil, sem falar que nunca escasseia. Tem umas mais difíceis de entrar na arapuca ou serem abatidas, mas a maioria é só moleza. Sentem o cheiro da ração e comem na mão do caçador. O papo, ou a prosa ruim e chata, não modifica. Os chavões de tudo pelo povo, pela igualdade e justiça social se repetem. Confira a manifestação de Jeremias Macário.

   Nessa temporada, que agora é de dois em dois anos, as caças ficam todas no cio e até brigam e se matam em defesa de seus caçadores. É muito masoquismo. O incrível é que elas gostam mesmo de sofrer. Nesse período de dois ou três meses, haja xingamentos, ódios e intolerâncias, sem contar as mentiras e as notícias falsas, agora sofisticamente chamadas de fake news.

   Tem aquelas caças que ficam meio cabreiras, distantes, desconfiada e se camuflam nas folhas. Outras que são camaleões, e muitas ainda que, para se entregarem, ficam de olho até o final da corrida para conferir mesmo quem vai ser o caçador vencedor. Aliás, tem todo tipo de caça que você quiser para escolher, numa variedade imensa de espécies.

    As regras de caçada são as mais sujas possíveis e sempre levam vantagem os caçadores mais velhos no jogo por serem astutos e possuírem mais armas. É, por assim dizer, uma corrida desigual, como aquela do oeste norte-americano. Tem que ser bom atirador e rápido no gatilho para cativar e até comprar a caça.

    Fiz uma letra, musicada por Papalo Monteiro, intitulada “Ciladas da Lua Cheia” que se refere às eleições, denominando esses caçadores de hienas, ratos, lobos, raposas e outros bichos predadores. Quem quiser ouvir pode abrir a música que está postada em meu blog www.aestrada.com.br.  Lá, você tira sua própria conclusão.

   Eu também sou a caça, mas acredite, estou cheio desses caçadores, desse sistema de normas que regem essa corrida e desses animais selvagens cheios de tramoias e mutretas. Não entro nessa bobeira de ser enganado com falsas promessas, não que seja tão esperto e mais sábio que os outros, mas pelo tempo nessa posição de ser caçado. O tempo me ensinou a não confiar.

    O pior de tudo é que logo eles vão invadir seus lares com aquela mesma lorota e efeitos de imagens para impressionar a caça. Jogam luzes no palco; fazem malabarismos; e soltam até palavrões contra seus adversários.  Muitas caças imbecis e ignorantes, que não são poucas por esse Brasil a fora, entram na onda, e umas até ficam inimigas das outras. Existem até separações.

    Depois da corrida ou da caçada, os caçadores desaparecem e vão banquetear suas presas em mesas fartas e suculentas. Muitos até se disfarçam para não serem reconhecidos. Tem aqueles, que não contentes com as benesses que recebem, passam a roubar por aí. Outros passam o tempo se preparando para a próxima caçada.

    As caças, coitadas, a maioria delas volta para sua locas miseráveis e comem o pão que o diabo amassou. Não aprendem a lição, mesmo porque também a elas são negadas. Umas ficam por aí zanzando desempregadas e vivendo de esmolas. Inventam umas tais de bolsas disso e daquilo, mas não dão uma saída, de modo que a caça sempre continue sendo caça. Caso contrário, a espécie pode ser extinta.


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