Carlos González | vidas palestinas importam

Foto: BLOG DO ANDERSON

Carlos Albán González | jornalista

Há quase 90 anos um ex-cabo do Exército Alemão, com evidentes sintomas de transtorno psicótico, ocupava a posição de Fuher (líder) de um país arrasado pela 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Obstinado pela ideia de criar uma raça pura, representada pelos povos germânicos, Adolf Hitler passou à História como o assassino de 6 milhões de judeus. Passados 78 anos do suicídio do ditador nazista, o mundo conheceu Benjamin Netanyahu, o desequilibrado primeiro-ministro de Israel, que se acha no direito de varrer a Palestina do mapa.  “Será impossível esperar de Hitler qualquer ato misericordioso ou tratamento humano”, afiançou o psicólogo norte-americano Henry Murray ao comentar os métodos de extermínio de judeus nos campos de concentração nazistas.  Após 20 dias de bombardeios a alvos indiscriminados na Faixa de Gaza, o Gabinete de Direitos Humanos da ONU mostrou preocupação com os crimes de guerra cometidos pelo exército de Israel.  Continue com a leitura do artigo de Carlos González.

A resposta de Netanyahu, p0pularmente conhecido como “Bibi”, foi o pedido de renúncia do secretário da ONU, o diplomata português António Guterres. Contando com a cobertura parcial da imprensa do Ocidente – alô editores do JN da TV Globo –, o dirigente ultraconservador israelense, no momento em que seu terceiro mandato, vem se opondo veementemente a um cessar-fogo.

Mais de 3.700 crianças já morreram na “luta do bem contra o mal”, como define Netanyahu o avanço da infantaria e de blindados das Forças de Defesa de Israel, reduzindo os 365 km² da Faixa de Gaza (parte do território da Palestina; a outra parte é a Cisjordânia) em terra arrasada.

O último balanço feito nessa quinta-feira, dia 2, registra 9.061 mortes e mais de 30 mil feridos, inclusive de pessoas que viviam em campos de refugiados, de reféns em poder dos terroristas e de 30 jornalistas, além de 360 mil desabrigados.  O Hamas, ao invadir território israelense no último dia 7, sem encontrar resistência armada, cometeu atos de extrema maldade, deixando um rastro de 1.400 civis mortos.

Exibição de fotos e vídeos nos meios de comunicação, filmes de videogame para crianças, palestras nas escolas e nos consulados de países ocidentais. Israel tem se valido de uma bem montada campanha publicitária para justificar a ocupação do que ainda resta da Palestina, operação que está sendo vista como um segundo Holocausto, planejada justamente pelos descendentes dos que morreram nas mãos dos nazistas.

Sob a justificativa de estar aniquilando com o Hamas, matando seus líderes e destruindo suas passagens subterrâneas, Natanyahu vai em busca do seu tresloucado ideal: a ampliação do Estado de Israel, nem que para isso seja necessário matar seu último vizinho.

O conflito entre os dois povos começou nos primeiros anos do século passado e se aprofundou em 1948 quando a ONU criou o Estado de Israel e ignorou o mesmo direito da Palestina. Nas últimas décadas os organismos internacionais fecharam os olhos para a troca de hostilidades na região. A imprensa deu pouco destaque aos danos materiais e humanos provocados pelos foguetes israelenses, que caiam sobre escolas e hospitais em Gaza e no Líbano.

Desrespeitando as fronteiras estabelecidas pela ONU, Israel tem incentivado trabalhadores na agricultura a ocupar terras na Cisjordânia, expulsando seus donos e criando assentamentos. Nos últimos dias ocorreram assassinatos praticados pelos invasores, autorizados a portar uma arma de fogo.

Enquanto aviões da FAB retiravam de Israel 1.400 brasileiros, dezenas de judeus-brasileiros embarcavam no aeroporto de São Paulo com destino a Tel Aviv, “para defender minha casa”. No ano passado, 405 jovens imigraram para Israel, com a finalidade de trabalhar nos kibutzim ou servir ao exército.

O sentimento de superioridade que o judeu carrega consigo, ao ponto de achar que o restante da humanidade é antissemita, contrasta há 75 anos com a passividade do palestino, que tem vivido segregado, num gigantesco campo de concentração, com direito a apenas duas horas diárias de luz, na terra que ocupa há milênios. O mais famoso escritor judeu, Amoz Oz, chamou a invasão de Gaza de “genocídio de Israel” e de neonazistas aqueles que a planejaram.

*Os artigos reproduzidos neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do BLOG DO ANDERSON


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