
Ruy Medeiros
Dayse Maria
Carlos Maia
IN Memoriam de Evandro Correia
Há, em Vitória da Conquista, imóveis públicos edificados, ao abandono. Enquanto isso, há dezenas de grupos, que se dedicam às artes, carentes de espaço para reuniões ou apresentação de suas produções. A cidade está carente de locais onde possam ocorrer exibições teatrais, de música, recitais, dança, e artes plásticas. Essa contradição evidencia que o poder público (Município, Estado, União), não têm exatamente se preocupado, como deve, com a cultura que, do ponto de vista jurídico-político, deve ser objeto de proteção por parte do poder público, resguardada a liberdade dos agentes culturais, pois, na forma do art. 216 da Constituição da República, “O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais”. Estado, aí mencionado, significa União, Estado membro da federação, Município, Distrito Federal. Todos estes estão obrigados ao apoio, incentivo, valorização e difusão das atividades culturais. Confira o artigo na íntegra.
Mas, se ocorre inércia do Município, também há falta de necessário fortalecimento da mobilização dos grupos culturais para que equipamentos públicos sejam colocados para seu uso e da comunidade como todo.
Pode-se verificar que há espaços que devem ser postos à disposição dos grupos artísticos para desenvolvimento de suas atividades, na cidade de Vitória da Conquista:
Espaço do Cine Madrigal – O Cine Madrigal foi adquirido pelo Município de V. Conquista, mas se encontra fechado, sem qualquer utilização. É sala de cinema, com antessala, mobiliada, que foi palco de exibição de grandes filmes, peças de teatro, shows musicais, conferências e outros eventos. Está situado na Rua Ernesto Dantas (antigo Beco do Sujo), com fácil acesso por essa e pela Rua Sete de Setembro.
Espaço da Casa Glauber Rocha – Trata-se de imóvel, que foi habitado por muitos anos pela família do Sr. Hermes Mendes de Andrade, onde teria nascido o cineasta e escritor famoso e por isso tem seu nome. O imóvel está localizado na Rua 2 de julho (antiga Rua da Várzea). Foi adquirido pelo Município por permuta por uma das maiores áreas verdes de loteamento na cidade (Loteamento Caminho da Universidade).
Espaço da antiga Cooperativa dos Rodoviários Federais (funcionários do DNER, hoje DNIT), que foi escritório do IBAMA e hoje está abandonado. Trata-se de imóvel sito na Av. Presidente Dutra (Avenida da Integração) esquina com a Av. Regis Pacheco.
Espaço da casa onde residiu a família de Dr. Rivadávia Ferraz. Esta casa, com grande área, edificada por João Oliveira Lopes, está situada na Praça Virgílio de Ferraz (trecho que teve nomes Rua Capitão Bastos e Jardim do Lopes). Esse imóvel pertence ao Município de Vitória da Conquista e Casa da Cultura (condomínio).
O saudoso Carlos Jehovah pretendia aí estabelecer aulas de teatro e balé, foi ele que divulgou o nome do imóvel como Solar dos Ferraz. Tendo em vista o disposto no art. 1314 do Código Civil, a Casa da Cultura pode usar essa casa e área não edificada, pois o condômino pode usar o imóvel e exercer sobre ele os direitos compatíveis com a indivisão.
Espaço do Teatro Carlos Jehovah – O teatro Carlos Jehovah foi concebido como pequeno teatro de arena dentro do antigo Mercado Municipal (prédio dos anos 40 do século passado), a serviço dos grupos amadores, na gestão Raul Ferraz. Seu nome homenageia o grande animador da cultura em Vitória da Conquista, teatrólogo e poeta Carlos Jehovah de Brito Leite. Está situado na Praça da Bandeira e possui acesso independente do acesso geral do Mercado Municipal.
Todos esses imóveis estão deteriorando-se, ao invés de servirem à cultura.
Causa tristeza igualmente saber que o grande salão-auditório do Instituto de Educação Euclides Dantas foi demolido. O salão abrigou muitas atividades culturais. Foi-se deteriorando a ponto de entender-se que era melhor demoli-lo. É a prática de sempre: deixar deteriorar para demolir. Desconhece-se restauração.
É preciso mudar a cultura da deterioração e prejuízo público pela cultura da arte. Para isso é necessário que os grupos culturais mobilizem-se.