
Uma organização criminosa especializada em roubar mercadorias dos Correios e do Mercado Livre teve suas atividades interrompidas nesta terça-feira, 17 de junho, durante uma operação coordenada pela Polícia Federal em cidades de Minas Gerais e da Bahia. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Cachoeira de Pajeú, Santa Cruz de Salinas e em Barra do Choça, município localizado a 27 quilômetros de Vitória da Conquista. A ação, denominada Cargas D’Água, faz referência à comunidade de Águas Altas, situada na zona rural de Cachoeira de Pajeú, onde os envolvidos encontravam abrigo e mantinham uma base de redistribuição dos produtos subtraídos.
As investigações começaram no ano passado após uma sequência de assaltos registrados na BR-251, especialmente entre os quilômetros 202 e 365. Durante a apuração, os agentes identificaram uma estrutura criminosa articulada, com divisão clara de funções, logística planejada e uso de métodos para dificultar a atuação das forças de segurança. Os integrantes utilizavam balaclavas, luvas, roupas que ocultavam tatuagens, lanternas potentes, rádios comunicadores e explosivos para interditar a rodovia, obrigando os condutores a parar. As ações envolviam pistolas, revólveres, espingardas e uma variedade de veículos, incluindo carros, caminhonetes, vans, furgões e guinchos. Em uma das ocorrências registradas em vídeo, os assaltantes incendiaram a pista, usaram iluminação intensa para desorientar o motorista, desviaram a carreta para uma estrada vicinal e realizaram um saque seletivo da carga, evidenciando conhecimento prévio sobre os itens transportados.
Smartfones e eletrônicos de alto valor estavam entre os principais alvos. As autoridades também apontaram indícios de envolvimento de motoristas de transporte de carga. Um deles, poucos dias após o roubo do qual alegava ter sido vítima, passou a utilizar um objeto pertencente à carga desviada, levantando suspeitas de colaboração com os criminosos. Cerca de 40 policiais participaram da operação, que contou com o apoio da Polícia Rodoviária Federal. Todo o material apreendido será submetido à perícia e as investigações continuam. Os envolvidos poderão responder por associação criminosa, roubo qualificado e receptação, com penas que, somadas, podem ultrapassar 20 anos de prisão.