Dia Nacional de Luta dos Funcionários do Bradesco | bancários protestam contra demissões e fechamentos

Fotos: BLOG DO ANDERSON

Na manhã da terça-feira (12), bancárias e bancários se reuniram em frente à Agência 0270 do Banco Bradesco, no Centro de Vitória da Conquista, durante o Dia Nacional de Luta dos Funcionários do Bradesco. A mobilização denunciou demissões em massa e o fechamento de unidades e postos de atendimento. O ato chamou a atenção da comunidade ao revelar que, apenas no primeiro semestre, o Bradesco obteve lucro de R$ 11,931 bilhões, aumento de 33,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do resultado expressivo, a instituição respondeu por 75% dos desligamentos registrados na base do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região (SEEB/VCR) entre janeiro e agora. Durante a manifestação, dirigentes sindicais alertaram para os impactos da redução drástica no quadro de pessoal, que sobrecarrega trabalhadores remanescentes e compromete o atendimento aos clientes. Somente neste ano, o Sindicato registrou 56 Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) relacionadas ao Bradesco, o equivalente a 82% dos casos no território de cobertura da entidade. O fechamento de agências também esteve no centro das críticas. No último ano, o Bradesco encerrou 342 unidades e mais de mil postos de atendimento no Brasil. Na área atendida pelo Sindicato, fecharam as portas agências em Anagé, Bom Jesus da Serra, Nova Canaã, Potiraguá, Rio de Contas, Tanhaçu e Tremedal. Estão previstos ainda os encerramentos em Contendas do Sincorá, Ibicuí, Macarani, Maetinga, Maiquinique e Ribeirão do Largo.

Sarah Sodré, vice-presidente do SEEB/VCR e funcionária do Bradesco, destacou a gravidade da situação: “Desde que o Bradesco anunciou sua reestruturação, no início do ano, o banco vem demitindo, em média, sete funcionários por dia. O Sindicato está extremamente preocupado com os rumos desse processo. Já há duas agências com fechamento programado — em Barra do Choça e Planalto — e não sabemos para onde a população dessas regiões será direcionada. Essas pessoas precisarão se deslocar quilômetros para ter atendimento presencial, o que é inaceitável. Também nos preocupam as condições de trabalho: desde o anúncio da reestruturação, o número de trabalhadores adoecidos aumentou de forma significativa. Além disso, seguimos denunciando as demissões arbitrárias. O papel do Sindicato é defender os trabalhadores, cuidar da população e lutar para reverter os efeitos nefastos dessa reestruturação.”

Giovania Souto, diretora de saúde do SEEB/VCR, alertou para o impacto do processo na saúde dos bancários: “O fechamento de postos de trabalho e a redução do quadro de funcionários vêm agravando o adoecimento dos bancários. O Bradesco é o banco que mais registra casos de adoecimento na região. Agora, com o fechamento de agências e demissões em massa, esse problema só piora. Quem fica sofre com angústia, mal-estar e ansiedade, o que agrava ainda mais o quadro, principalmente na saúde mental. A síndrome de burnout já atinge um número alarmante de trabalhadores, e a situação só tende a piorar.”

Rone Von, diretor e funcionário da agência Centro, falou sobre o impacto no dia a dia dos trabalhadores: “Nós, funcionários da agência, que vivemos o dia a dia da movimentação, estamos com uma preocupação enorme pela sobrecarga que os colegas vêm enfrentando. Quando fecham três ou quatro agências, a nossa acaba acolhendo não só os funcionários, mas também todos os clientes dessas unidades — o que torna a carga de trabalho simplesmente desumana. Além da rotina já pesada, ainda tem a pressão absurda por metas, o que desgasta emocionalmente o pessoal. Assim, muitos chegam ao trabalho já esgotados — e, claro, quem sofre é o atendimento ao cliente. Por isso, reforçamos a importância de unir forças: funcionários, clientes e sindicato juntos, buscando recursos e fazendo valer nossa voz para sermos compreendidos e, principalmente, respeitados no ambiente de trabalho.”

Carlos Chagas, diretor de cultura e formação do SEEB/VCR, finalizou reafirmando o compromisso da categoria: “Estamos aqui nesta manhã realizando essa manifestação no Bradesco porque, como dirigentes sindicais, recebemos diariamente as demandas dos colegas que enfrentam pressão no trabalho, medo de demissões e uma cobrança psicológica enorme para produzir cada vez mais só para manter o emprego. Hoje, estamos aqui não só para defender os direitos dos trabalhadores, mas também para proteger os clientes, que chegam à agência buscando um atendimento de qualidade e acabam prejudicados pela falta de pessoal para atendê-los. Por isso, estamos firmes nessa manifestação, dando voz a quem sofre e exigindo respeito para todos.”

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