Jorge Maia | advogado e professor
Todos nós temos uma mesa na lembrança. A mesa grande da fazenda, ou da casa dos nossos pais, sempre marcada pelos encontros. A mesa do bar, onde bêbados desfiam as suas mágoas, ou a mesa da sala que conta sobre a saudade de um ente querido que partiu e de lembranças inesquecíveis. Há tanta poesia nisso. A mesa é um ponto de encontro e de celebrações, conversas que retratam o nosso cotidiano, conversas sem compromissos, construção de memórias que povoam a nossa mente, para alguns, muita saudade. Em nossos vídeos sempre me convido para uma refeição na casa das pessoas para falarmos sobre algum aspecto jurídico, o tom é de brincadeira e a presença da refeição é o ponto de partida para o assunto. A mesa farta é convidativa, reflexiva e alegre, na maioria das vezes; comer e conversar é muito agradável, não há quem não goste. Confira a íntegra.
Em certos momentos, a mesa é para a despedida, isso tão bem retratado por Leonardo da Vince na Santa Ceia. Um momento sagrado marcado para a eternidade, uma mesa para doze, tinha que ser imensa.
Em “O Banquete” Platão retoma a mesa como um lugar de encontro com refeição farta para discutir com os sábios sobre o amor, mais uma vez a mesa surge como preferência alegre e rica para dar vazão ao conhecimento filosófico na discussão sobre o amor.
Temos ainda, a formação da mesa, nas solenidades, os que se zangam por não serem convidados para a mesa, os que nem queriam ir para a mesa. Temos a mesa branca que tem outro sentido, mas temos também aqueles que não têm mesa e vivem à margem da vida, desprovidos desse valor material e simbólico artefato que constrói um imaginário
Porque à mesa não se envelhece, essa é uma frase que é o título de um livro de autor português e que aparece no filme “Nonas” sobre um restaurante em Nova York. Penso que o sentido da frase é dar eternidade e juventude aos que estão à mesa. Ali são contadas as histórias, dramas, risos e declarações que tornam os presentes em pessoas sem idade, pois continuam na roda viva da vida, celebrando a existência permanente, pois ali o tempo não passa.
VC. 25 de setembro de 2025