
Jorge Maia | advogado e professor
Em um sábado qualquer, andando sem compromisso pela cidade, resolvi subir a Rua Dois de Julho. Observei que aquela rua é um grande vetor que nos leva ao nosso centro histórico, Casarios antigos que nos remetem ao tempo de uma Conquista provinciana, mas cá entre nós, um tempo gostoso. A subida pela rua vai nos revelando algumas casas antigas. Ali morou muita gente. Grande parte já demolida e substituída por uma arquitetura mais comercial. A dois de julho foi moradia de muita gente conhecida: Seu Macario, Pedro Gusmão e muitas outras pessoas que contribuíram para a construção da cidade. A rua é um tanto abandonada. As poucas casas antigas que sobreviveram estão maltratadas, ou melhor, não estão cuidadas como deveriam. Compreendo, manter em ordem um imóvel antigo é bem caro; E, lá ia eu com os meus pensamentos e deparei-me diante da casa de Glauber Rocha, imóvel tombado pelo patrimônio público municipal com finalidade cultural, sobretudo preservar a memória do cineasta. >>>>>.
Logo, a certa distância, percebi uma telha quebrada. Não é um bom sinal, pois chuva e poeira podem fazer um estrago que leva tempo e despesas para reparar. Não é somente isso; as paredes estão descascadas e o aspecto é de abandono. Creio que aquele bem está esquecido, quer do ponto de vista da conservação, quer da sua finalidade cultural.
Glauber é uma referência para Conquista, mas não sinto um entusiasmo quanto as homenagens que lhe são presadas. Os nossos jovens, e aqueles que vieram para Conquista mais recentemente, precisam se assenhorar sobre a sua obra e importância de modo que as homenagens deixem de ser petrificadas.
A UESB possui um curso de cinema e aquele espaço, Casa de Glauber, poderia servir de local para conversas e apresentações culturais que pode dar vida aquele prédio, bastaria um convênio entre o munícipio e a UESB para impulsionar as atividades culturais pertinentes, dando ao imóvel uma finalidade prática e útil para a sociedade.
Não basta atribuir um nome a um homenageado e relegar o monumento ao limbo, pois isso é uma forma de dizer não, àquele que recebeu a homenagem e termina constrangendo aos familiares e admiradores, os quais pensam ser melhor não homenagear.
A homenagem precisa estar em consonância com o pertencimento do valor cultural da sua representação e cada vez que for evocado o homenageado todos saberão que há respeito por sua memória.VC300925

