Alegria nos bairros

Jorge Maia

Eu era menino, e não faz muito tempo,  e me lembro de um programa cultural realizados semanalmente, cujo nome era: alegria nos bairros. Quando hoje a juventude vai aos grandes espetáculos realizados em praça pública, com apresentação de  cantores famosos, talvez pense que seja uma novidade. Não, não é. Em certo período do ano, na década de sessenta havia uma programação especial para a cidade. Tenho a impressão que era organizada pela iniciativa privada. A participação da rádio clube AM e do comércio local e as atrações em destaque era o grupo chamado de valores da terra. Leia a crônica de Jorge Maia.

Podemos caracterizar como sendo um programa de auditório ao ar livre. Nas épocas menos frias era escolhida uma praça para a realização do programa. Era uma festa, considerando as poucas opções de manifestações culturais coletivas.

Três locais mais próximos eu chequei a frequentar; Praça Barão do Rio Branco, Praça do Gil, ainda não havia o jardim agora existente. Era uma praça enorme calçada com paralelepípedo e cabia uma multidão. Também a Praça  Victor Brito era ponto deste evento, esperado por todos, pois tornara-se um ponto de encontro, sobre tudo de encontros para namorados ou para uma boa paquera.

O palco era um caminhão e a iluminação era um conjunto de gambiarras que se espalhava por toda a praça. Podemos afirmar que era um programa para todos, inclusive para as  famílias as quais partilhavam daquele lazer, afinal não havia outro lugar para ir.

Havia a distribuição de brindes, o que era um atrativo e era a oportunidade de ouvir uma boa música. Às vezes ocorria a vinda de um cantor de outra cidade. Recordo-me de Osvaldo Fael, cujo sucesso maior era: Morena do Rio Vermelho. A música é bonita. Vez por outra, surpreendo-me cantando: Morena, linda do rio vermelho, o teu olhar é um espelho, e nele eu queria me afogar…

Podemos afirmar que era um tempo de inocência. Podíamos voltar para casa, a caminhar e viver os ” doces encantos daquelas ruas” sem nada temer. Nada de nostalgia, apenas uma leve comparação com os tempos atuais, quando depois de um show temos de rezar para chegar vivo em casa, ou ficar em casa rezando para que os filhos retornem vivos para o nosso lar. VC170115