Ziton Rocha: Lembranças de Jesus Sangalo

Foto: Reprodução

Justiniano Zilton Rocha

Jesus foi meu aluno lá pelo meado dos anos 1980, no Colégio Alfred Nobel. Vivia permanentemente vestido com uma calça azul marinho com aquelas duas listinhas brancas dos dois lados. E um casaco também tipo Adidas, sei lá ou no pescoço ou amarrado na cintura, todos os dias, mesmo neste calor tropical de Salvado! Gordo desde sempre.  Eu era professor do Nobel em várias sedes: Pituba, Rio Vermelho e Vitória. Foi na unidade da Vitória que Jesus estudou. >>>>

No corredor da Vitória podia-se estacionar carros, desde que ao longo do meio fio. Certo dia, eu ia chegando para a aula quando vi Jesus também chegando e atravessou o carro. Ao vê-lo descer, espantado falei: Oxente rapaz, como é que vc para o carro desse jeito? Ele respondeu: “É porque assim é mais fácil e mais rápido!” Desceu do carro, pôs o cigarro no canto da boca, o módulo, aquele compêndio em espiral contendo todas as disciplinas, debaixo do braço, ficou de costas e pegou o fundo do FIAT 147 suspendeu e encostou no meio fio. Parecia uma coisa de filme. Todo mundo que ia passando na rua naquele momento, caiu na risada!
A última vez que o vi foi no trânsito aqui na Pituba. Estava pilotando uma moto de grande potência e me chamou a atenção pelo tamanho do motoqueiro. Para minha surpresa, quando paramos no semáforo, ele suspendeu o capacete e me cumprimentou com muito carinho.
Não sei se Marcos, que faleceu há muitos anos, também foi meu aluno. Ricardo, com certeza, foi.
Quero, pois, deixar aqui o abraço fraterno, sincero e solidário para toda a família de Jesus que mais de três décadas depois, o que ficou dele para mim é a lembrança de uma pessoa alegre e brincalhona!

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