Jorge Maia | as duas Conquistinhas

Foto: BLOG DO ANDERSON

Jorge Maia | Professor e Advogado

Eu era menino, e não faz muito tempo, e conheci as duas Conquistinhas. Era como se fossem uma vila formada por duas ruas, dentro da nossa cidade. Um lugar tranquilo, parecia uma colônia de pescadores, era assim que eu as via. O ar bucólico de um lugarejo esquecido pelo tempo, um enclave em Vitória da Conquista. Estou falando das ruas: Genésio Porto que nos leva do centro para o parque de exposições agropecuária, a Conquistinha de cima e da rua   Guilhermino Novaes, a Conquistinha de baixo. Em outros tempos a meninada ia tomar banho no açude, atrás da Conquistinha de baixo e ao chegar em casa tomava uma surra do pai. O lugar era perigoso para a saúde e para a vida. Verminose era uma constante para quem ali entrasse, sem falar que algumas pessoas pescavam ali. Continue a leitura da crônica de Jorge Maia.

Depois de certo tempo o horto florestal passou a funcionar na Conquistinha de baixo, o que terminou aumentando o fluxo de pessoas na região. Antes eu acompanhava os adultos que por alguma razão frequentavam as duas ruas, creio que em busca de mão de obras para diversos serviços. O local era habitado por trabalhadores modestos, carroceiros, lavadeiras, o que determinou com a criação de uma lavanderia pública municipal, ainda funcionando na Conquistinha de baixo; além de faxineiras, empregadas domésticas e outros trabalhadores em pequenas carpintarias.

Um “Bairro” era assim para mim, um bairro. Sempre me fascinou aquela vida tranquila e que existia nas bordas de uma cidade grande. Não me recordo de notícias sobre violência por ali e percebia um olhar de simpatia por parte das pessoas quando falavam das Conquistinhas.

O tempo, esse devorador de tudo, mudou a Conquistinha de cima. As pequenas casas foram derrubadas, a rua tomou ar de cidade grande, com o comércio se espraiando, pouco restando da antiga arquitetura. A Conquistinha de baixo conserva ainda um pouco do que fora antigamente, mas em breve será apenas uma recordação.

Outro dia, mudando de roteiro, por força de novo endereço, passei a transitar pela Conquistinha de baixo, que resistindo às mudanças, ainda permite que galinhas andem pela rua. Ali há um galo, que imponente, faz-se respeitar e parar todos os veículos que passam por lá para que ele tenha passagem. Pensei, ali ainda é o lugar em que há galos e quintais. VC170323


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