Quebra de Sigilo e as Cartas de Bernardes
Por Paulo Pires
A quebra de sigilo fiscal da filha do candidato José Serra está dando o que falar. Algumas editorias transformaram a questão em assunto de Estado. O que, em tese, não deixa de ser. Isso não impede, todavia, de se reconhecer que o jeito de abordá-la está transformando o fato em oportunismo político. Todos interessados no horário eleitoral [tem gente por aí que tem horror] estão percebendo que a mídia está ultrapassando os limites da questão. Por causa desse excessivo tratamento ao caso, está parecendo ao grande público apenas uma questão eleitoreira. Sendo assim, o problema perde seu status e vira um inconseqüente bate boca partidário. Quebra de sigilo fiscal é crime, portanto, quando ocorre deve ser responsavelmente noticiada e consequentemente levada a instâncias que cuidarão do assunto. Parece que nossa grande mídia não insiste apenas com os encaminhamentos legais. A mídia quer politizar a questão. Nitidamente com intenção de explorar o assunto para que Serra saia do buraco. Isso é que é terrível. Mídia partidarizada. Viver em um país onde a mídia toma partido [no sentido político do termo] é muito grave. Quer dizer, é extremamente grave.