
Por Fábio Sena
Ronaldo Silva, ou Ronaldo do Sax – para nós, amigos próximos, apenas Ronaldinho – era uma interrogação ambulante. Era um sujeito que perguntava o tempo todo. Que buscava coerência nas coisas. “Venha cá, velho, esse cara é doido, é?”. Era a senha para iniciar uma sessão filosófica que, dependendo dele, vararia horas e até dias. Ele simplesmente não admitia a não-resposta, ou o silêncio como resposta. Mergulhava, ora na leitura, ora na solidão, para interpretar a vida, para conhecê-la, sempre na esperança de tê-la entre os dedos, de dominá-la. Intenso, ele irradiava vida. Como Belchior, tinha um coração selvagem e uma terrível pressa de viver. Com seu som e sua fúria, Ronaldo sempre deixou de lado a certeza e arriscava-se em tudo de novo, com paixão. Às vezes, ele simplesmente desaparecia. Quando íamos saber, estava tocando com a orquestra de Fred Dantas, em Salvador. Ou estava em Pernambuco, ou no Maranhão. Ou em São Paulo. Guiado sempre pela paixão ao instrumento, pela música, única razão de sua existência, sabemos todos nós que o conhecemos. Leia a íntegra.