Guilherme Menezes: “O exercício da política requer conhecimento da alma do povo”

Fotos: Conversa de Balcão

Eleito pela quarta vez para administrar a cidade de Vitória da Conquista (1996, 2000, 2008 e 2012), Guilherme Menezes é formado em Medicina, escreve versos em forma de cordel e entrou para a política para perder: “a candidatura de 1992 não era para ter vitória eleitoral porque não havia a mínima chance”. Natural de Iguaí, cidade há 117 km de Conquista, Guilherme foi deputado estadual (entre 1995-96) e federal (2003-2008), quando jovem percorreu parte do Brasil pedindo carona, na infância brincava de pião e soltava arraias, hoje, ao iniciar seu quarto mandato à frente da terceira maior cidade do estado da Bahia, fala da sua responsabilidade: “a cobrança que eu faço hoje de mim mesmo é muito maior da que eu fazia em 1997, é muito difícil administrar o que é da conta de todos”. Leia a entrevista concedida por ele ao Conversa de Balcão.

Poderia falar um pouco sobre a sua origem: como foi a sua infância e a sua criação?

Eu nasci em Iguaí quando não era cidade, era vila pertencente a Poções, em 12 de dezembro de 1943, em uma família humilde, simples, mas a grande riqueza da minha vida é o equilíbrio da família, veio do convívio dentro de casa. A parte da minha infância foi muito rica, de menino de interior. O município tem mais de 500 nascentes de água e rios caudalosos, uma natureza muito pródiga. Naquele tempo, televisão nem pensar, então eram os brinquedos sazonais: no tempo dos ventos, era arraia; do verão, era pião; da chuva, era derrubar tanajura. Foi uma infância bastante saudável, comum, mas muito rica a partir do núcleo familiar. Depois veio o gosto pela música: aos doze anos eu integrava uma filarmônica local. Havia a expectativa de poder estudar, lá só tinha até a quinta série. Naquele tempo ginásio era um luxo, existia até um vestibular para o ginásio chamado admissão ao ginásio. Eu fiquei um tempo trabalhando em farmácia até conseguir uma bolsa de estudos para um internato de Jaguaquara. Passei um ano lá, depois fui para Jequié, onde trabalhei em uma farmácia durante o dia e, à noite, estudava. Quando terminei o ginásio, fui para Salvador estudar no Colégio Central do Brasil à noite, de dia trabalhava no banco Comércio e Indústria de Minas Gerais para poder me manter na capital.

 Sonhava em ser médico?

Não, eu tinha vontade de estudar e não sabia para quê. Uma coisa era a música. Lembro que quando criança eu ouvia a rádio Ministério da Educação num rádio do meu irmão e ficava impressionada com o som de alguns instrumentos, principalmente o oboé e o fagote, que eu só conheci muitos anos depois, mas sempre gostei da música popular brasileira.

E quando veio o entendimento por política?

Eu não tinha nenhuma intenção de participar de política. Eu via aquela política tradicional, vi a primeira disputa para prefeito e a luta pela emancipação de Iguaí, mas baseadas por interesses menores, interesses de família, e a política não me despertava interesse. Eu me formei em medicina e nunca fui sequer presidente de grêmio estudantil, fui eleito representante de minha turma na Escola Bahiana de Medicina, era uma turma bastante politizada, foi minha primeira experiência, mas depois eu fui estudar, tocar minha vida profissional na área médica. Quando voltei a Vitória da Conquista no início dos anos 1990, minha casa, à noite, estava cheia de pessoas, inclusive o José Gomes Novaes e outras pessoas representantes de partidos, querendo que eu saísse candidato a prefeito pela Frente Conquista Popular.

Antes de se tornar médico, existe um episódio interessante na sua vida que é o fato de ter saído como mochileiro e rodado diferentes estados do Brasil. Como foi isso?

É, eu fiz uma caminhada, naquele tempo não existia nem o movimento mochileiro, o movimento hippie não existia rigorosamente no Brasil, existia o movimento de se viajar pegando carona numa época não violenta como essa. Eu resolvi sair com uma mochila, viajei muito tempo, e como tinha feito vestibular em filosofia e passado, quando eu chegava em restaurantes e residências universitárias, era recebido como um colega, porque era um estudante universitário. Esse foi um momento muito rico e que eu lembro com muita felicidade. Inclusive passei por Conquista e surgiu um desafio, o de ser professor num lugar onde não se tinha estrada de acesso, tinha que ir a pé, não tinha uma barragem e não tinha uma escola. Então, quando houve uma parada de ano letivo, no governo de Jadiel Matos, na década de 1970, a escola foi aberta numa sala de uma casa e, mesmo depois que eu fui embora, teve continuidade e nunca mais fechou. Jadiel se comprometeu comigo na época: tinha que fazer a estrada, fez; tinha que fazer a barragem, fez; e construir o prédio da escola, que fez também; todo o compromisso que ele assumiu comigo, ele cumpriu, eu já tinha até ido embora.

Existe um Guilherme Menezes pouco conhecido, o compositor e poeta, autor de “O Boi Bugarim”, por exemplo.

Eu sempre gostei de escrever, mas muito reservadamente e com lentidão. Nunca me considerei escritor. Gosto muito de verso, inclusive do chamado ABC, que depois se chamou cordel. “O Boi Bugarim” nasceu de uma história real por conta de uma política “Plante que o governo garante”, na época de Delfim Neto como ministro da Fazenda, ainda tinha um subtítulo dado pelo povo, “Plante pouco que o gordo é louco”, que era para plantar mamona e muita gente acabou com suas criações pequenas de carneiro, de cabra, de bode… Então, muita gente entrou no desespero porque tomou dinheiro emprestado, o banco financiava o plantio porque o Brasil precisava, então houve uma super produção e queda no preço. Conhecendo a história por pessoas lá na Cachoeira das Araras, pais e alunos meus, me veio fazer a história do Boi Bugarim. Músicas eu sempre gostei de fazer, muitas eu esqueci, e o que eu lembrei fui botando no papel e na partitura e terminamos convidando algumas pessoas e fazendo “Velhas histórias”, que é o título do cd, com muita gente boa.

E como essa experiência de menino do interior, de viajante e de poeta o influencia como político?

Eu acho que o exercício da política, principalmente do gestor público, requer um pouco do conhecimento da alma do povo para o qual está administrando. Não dá para se administrar só pedra, fazer estradas, fazer barragem… Por isso eu me encanto com espaços como o Orçamento Participativo, rodas de conversa, aqui no gabinete, na zona rural, nos bairros, ouvir as pessoas e deixar as pessoas com sua própria voz falarem sobre frustrações de décadas, seja uma unidade escolar, de saúde, uma estrada, a questão da água e outras questões, inclusive no campo das artes. A pequena experiência que eu tive com a música e com a literatura ajuda muito nesse respeito que a gente deve ter com que o povo pensa, não dá para administrar sem entender isso.

“O gestor não tem o direito de transformar a vida política numa arena, a população não elege ninguém para isso”

Em algum momento, houve descontentamento com a política?

Às vezes vem o cansaço, porque é uma tarefa difícil. Você administrar o que pertence a você, o que é da família, já não é fácil, agora muito mais difícil é administrar o que é da conta de todos. E todo mundo deve falar e pode falar, mas muita gente fala pela ótica partidária, às vezes a antipatia é porque pertence a um grupamento político que é opositor ao que pertence o prefeito. Então, muitas vezes essa crítica não é a crítica que vem no sentido de elaborar soluções para atender a maioria da população, muitas vezes é para atender ao grupo político. Às vezes vem muitas ofensas, inclusive no campo pessoal, e aí o gestor tem que ter a tranquilidade para não dar resposta a esse tipo de ataque e de ofensa e concentrar no que interessa, saber filtrar o que é demanda verdadeira, não confundir ofensa com discurso político, isso a vida política deve lhe ensinar. A gente não tem o direito de transformar a vida política numa arena, numa briga pessoal, porque a população não elege ninguém para isso. O interessante é que quando eu fui convidado para ser candidato a prefeito pela Frente Conquista Popular, em 1992, era para perder, não era para ter vitória eleitoral porque não havia a mínima chance, mas era para construir, era o início de um grupo político integrado por quatro partidos, PCdoB, PSB, PT e PV, ao qual eu estava ligado, e foi surpreendente porque a previsão era de eu ter no máximo dois mil votos e tivemos 14 mil votos, o segundo colocado teve 16 mil votos e o eleito teve 32 mil votos, então, nós disputamos. Ela não era para ter sucesso, mas teve grande sucesso de aceitação e acolhimento por parte da população de Conquista, ainda mais se pensarmos que só tínhamos um minuto na televisão, o candidato a prefeito tinha 38 segundos, o restante era para os candidatos à Câmara de Vereadores. Então, foi uma caminhada rica a partir desta concepção, que não era para ter retorno pessoal para ninguém, era uma construção de resultados para a coletividade, e acho que isso nós conseguimos.

Ser eleito prefeito pela quarta vez aumenta a responsabilidade?

E muito! Até a cobrança que eu faço de mim mesmo é muito maior da que eu fazia em 1997, em 2000 e em outros momentos de eleição. No início, era comum dizer no PT, que era preciso inverter prioridades, muitas vezes aquelas obras fundamentais não eram prioridades, porque as prioridades eram as obras de retorno imediato, obras que o povo pudesse ver, um grande estádio, um jardim bonito, uma grande avenida, e ficavam a educação, a saúde, os recursos hídricos em último lugar. O discurso do PT era vamos inverter as prioridades, aquilo que está sepultado como uma coisa praticamente que não era prioridade era fácil ser a prioridade, ou seja, você governar em função das pessoas. Isso foi uma coisa que a população acatou, tanto que o projeto está indo para 20 anos e não é uma coisa simples, mas porque vem se renovando pela própria população, a participação dela vai oxigenando o projeto, não foi um projeto de apenas uma filosofia ou de uma cabeça que se pretende ser iluminada.

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Quais as dificuldades para administrar uma cidade como Conquista?

São muitas. Primeira e grande dificuldade é a questão orçamentária, tanto a falta de recursos para imensas demandas, quanto os limites que a própria lei, uma lei importantíssima, que é a Lei de Responsabilidade Fiscal impõe. Nós temos no Brasil uma lei de responsabilidade fiscal, mas não temos uma lei de responsabilidade social. Então, se você contrata mais médicos e mais agentes de saúde para evitar mortes e sofrimento você pode cair na malha e ser penalizado por improbidade administrativa. Mas, a lei é fria, ela não quer saber disso. Ela quer saber se você chegou a 51,3% de suas receitas em folha de pessoal, você já está ultrapassando o limite prudencial e não pode ultrapassar de maneira nenhuma a 54% em gastos de pessoal e em um município do tamanho de Conquista essa é uma dificuldade. Em encontros com prefeitos de outros municípios do país, essa dificuldade tem sido colocada. Agora mesmo, muita gente honesta vai sair com o nome de “Ficha Suja” porque cometeu improbidade, gastou acima de 54% com pessoal. Há uma discussão para se flexibilizar a legislação, porque essa tem sido a dificuldade de todos os gestores. Felizmente, nós ficamos abaixo, mas é um rigor e uma dificuldade muito grande. E outra é a falta de recursos, por isso a gente discute tanto com a população, para aprender a priorizar, a fazer aquilo que a população aponta, mas que às vezes não está na ótica do gestor. Às vezes o gestor nunca foi a um povoado e tem gente lá há noventa anos, elas que são autoridades, se não for lá ouvir essas pessoas termina a prioridade não sendo a verdadeira prioridade.

“A oposição tem o direito de falar o que bem entender, mas Vitória da Conquista é hoje uma das cidade mais desenvolvidas do Brasil.  É preciso não querer nem ouvir nem enxergar para não entender o momento que Conquista está passando”

Sobre os compromissos que foram renovados durante a campanha para prefeito, o que é prioridade? E o que já tem feito?

São muitos compromissos. No campo da educação, por exemplo, precisamos garantir as conquistas. Nós universalizamos o acesso à escola, em qualquer povoado, em qualquer distrito, em qualquer bairro, tanto o acesso por intermédio do transporte, que existe em todas as regiões do município, e com relação às vagas. Aprofundar na qualidade, desde o ensino infantil, a partir dos dois anos de idade, nas nossas creches, uma coisa que para esta gestão a discussão tem sido intensa, inclusive nós temos especialistas dentro da nossa Secretaria Municipal de Educação no campo da educação infantil, baseado nos estudos de Piaget, de como se abordar uma criança a partir de dois anos, não só na questão de ela estar totalmente alfabetizada aos 5 ou 6 anos, mas a socialização dessa criança, na questão cognitiva como o todo, não é só uma creche em que a mãe chega de tarde e ela está bonitinha, alimentada, dormiu o período que devia dormir, está tomada banho, isso é uma felicidade para a população e para a família, mas para a gente não basta, é necessário começar a partir desta idade a formar as próximas gerações com educação de qualidade. Esse é um dos desafios. Outros são desafios de arrumar mais a vida da cidade. Tem aí o transporte coletivo que há quase dois anos nós iniciamos o processo licitatório, mas tem uma briga na justiça, e a gente aguardando findar essa briga para a população ter acesso a um transporte mais moderno, e brevemente a população vai conhecê-lo. Saúde nós também estamos modernizando com o programa Cidade Digital, estamos implantando sinal de internet nas unidades de saúde e também nas educacionais – já tem gente na zona rural fazendo curso a distância graças ao ponto de internet. O nosso laboratório municipal está fazendo em torno de 50 mil exames por mês, cerca de 90% desses exames, no mesmo dia da coleta, já estão prontos e 30% da população já está recebendo os exames online, acessando em qualquer computador, isso gera uma economia de recursos para a prefeitura e de tempo para a prefeitura e os usuários. Estamos colocando pontos para acesso à internet, como já tem na praça Tancredo Neves, nas Praças da Juventude, na Guadalajara, na Mármore Neto e na do Poço Escuro. Outra coisa nova e empolgante desse governo é o Pacto pela Juventude que nós assinamos e que já tem inclusive um representante, escolhido inclusive pela própria juventude, que faz parte do nosso governo.

Uma coisa que me chamou atenção foi o anúncio de que a juventude teria mais espaço nesse seu governo. Foi uma necessidade de se aliar mais à força jovem?

Foi uma necessidade da própria força jovem, que entendeu que hoje o que o governo já vinha fazendo era em função da juventude. Por exemplo, não faltar escola para ninguém nas nossas escolas públicas, nenhuma criança, nenhum jovem, nós temos 42 mil alunos, isso é uma política pela juventude. Há muitas outras políticas que já viam sendo executadas, mas de uma forma fragmentada, desarticuladas. Com o representante aqui dentro, para reunir essas políticas e somar com outras demandas, isso vai enriquecer muito o governo e a própria cidade. Agora mesmo, nós vamos para a segunda edição do Festival da Juventude, a primeira edição foi um sucesso com a riqueza das oficinas, dos debates, a participação de jovens de mais de 50 municípios do estado. Esta segunda edição será um sucesso ainda maior de público e da riqueza dos debates, e o benéfico é o resultado desses debates virem para os gabinetes para serem construídas soluções. E as ciclovias, nós somos a cidade que tem mais ciclovias na Bahia, são 24 km, tanto de ciclovias como de ciclo faixas. A proposta da mobilidade urbana para médias cidades, só duas cidades da Bahia foram selecionadas, e nós já encaminhamos as nossas para o governo  e com certeza vamos receber esses recursos e essas obras para modernizar ainda mais a questão da mobilidade em Vitória da Conquista.

“Nós queremos muito mais, não estamos satisfeitos ainda. Nosso potencial é muito maior”

Durante a campanha municipal, uma das queixas dos adversários era a de que a cidade é mal representada em Brasília e até mesmo junto ao governo Wagner. Qual a opinião do senhor sobre a nossa representação?

A nossa cidade recebeu a visita de tantos ministros, de tantos deputados federais, de tantos secretários e quantas vezes o governador da Bahia esteve em Conquista, mais do que anunciando, trazendo obras. O governo federal, que por intermédio de autoridades, como do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, que veio aqui anunciar e discutir com o governo municipal o “Minha Casa, Minha Vida”, já estamos chegando a oito mil unidades, já vamos para quase R$ 1 bilhão só de investimentos. R$ 120 milhões de saneamento básico que foi um dos projetos que o governo encaminhou para Brasília e que foi lutado por sua representação, Conquista já chegou a 87% de saneamento básico, só falta interligar à nova estação de tratamento de afluente que já está praticamente pronta. A estação apelidada de Pinicão vai ser desativada porque a cidade já ganhou uma nova estação. É claro que a oposição tem o direito de falar o que bem entender, mas Vitória da Conquista é hoje uma das cidade mais desenvolvidas do Brasil. O Produto Interno Bruto de Conquista de 1999 a 2010 cresceu em mais de 340%, era em torno de R$ 700 milhões ao ano, nós estamos com expectativa de chegar no final de 2013 com R$ 4 bilhões. Nós éramos a 11ª economia da Bahia, hoje somos a sexta e no campo da construção civil, estamos chegando na quinta posição do estado. É preciso não ouvir direito ou não enxergar direito ou não querer nem ouvir, nem enxergar, para não entender o momento que Conquista está passando e graças a uma prefeitura que é adimplente, que honra seus compromissos, que arruma a cidade, foram mais de 140 km de ruas e avenidas pavimentadas durante os últimos quatro anos e pavimentadas com os canais de drenagem, com a infra-estrutura realizada. Em pouco tempo deixamos de exportar nossos jovens para outros centros educacionais e viramos esse jogo, hoje é Vitória da Conquista que recebe jovens de várias regiões da Bahia e do Brasil, hoje somos uma cidade da educação. Temos pela frente o campus Anísio Teixeira e a possibilidade de transformá-lo na Universidade Federal do Centro-Sul e Sudoeste da Bahia. Só mesmo não querendo ver esses avanços, é claro que nós queremos muito mais, não estamos satisfeitos ainda. Nosso potencial é muito maior e a população tanto enxergou que renovou esse projeto político.

“É pelo o caminho da política que o desenvolvimento coletivo acontece”

Na sua opinião, Conquista tem uma oposição forte e coerente?

Conquista sempre teve oposição. Além de oposição, a cidade sempre teve posição política. Em momentos difíceis, muitas vezes o governo do estado contrário à política que era desenvolvida aqui e Conquista jamais se curvou, não falo nem de situação nem de oposição, era a cidade como um todo que tinha posição política e continua tendo. É claro que o confronto de ideias é para nos fazer crescer, a oposição não pode ser rasteira, não pode visar o campo pessoal, a figura da pessoa do prefeito, por exemplo, vamos atingi-lo, porque termina atingindo a comunidade. No primeiro mandato, quando a maioria dos vereadores negava que a prefeitura levantasse um empréstimo de um milhão e 500 para não fechar o matadouro e transformá-lo em um frigorífico municipal, inclusive por causa dos empregos, a maioria dos vereadores que votava contra era para atingir o prefeito, e atingiu na realidade a cidade. Quando conseguimos recursos para tirar crianças das drogas e a Câmara votava contra para atingir o prefeito, atingia quem não tem voz, nem vez, que são crianças dentro da criminalidade e sem ter na época quem pudesse ser porta-voz delas. Para trazer o Banco do Povo foi uma dificuldade, porque era uma oposição centrada na figura do prefeito. Depois de uma ano, nós conseguimos implantar o Banco do Povo com apenas R$ 150 mil, hoje já portou cerca de R$ 38 milhões, principalmente nas mãos de mulheres micro-empreendedoras. Imagines se aquela posição fosse vitoriosa, todos esses avanços a cidade não ia conhecer hoje. A municipalização da saúde, chegou ao ponto de todos os hospitais privados fazerem greve contra a secretaria e o governo municipal não atendendo nenhum paciente conveniado pelo SUS. Mas, nós vencemos aquela oposição que dizia que seria a destruição da iniciativa privada na saúde de Vitória da Conquista. Então, há sempre aquela oposição que não é benéfica e nós respeitamos, porque cada um tem o direito de se expor, mas a população não tem aprovado isso, tanto que o projeto persiste, claro que com maiores desafios. O que eu desejo é ver Conquista crescendo politicamente, não apenas os ditos representantes políticos, mas toda a juventude, todo mundo debatendo política, aprendendo que é pelo o caminho da política que o desenvolvimento coletivo acontece.

“Em 2014, o PT vai marchar aqui na Bahia e nos outros estados de uma forma coerente. Eu jamais coloquei meu nome como pré-candidato, nem a prefeito de Conquista, quanto mais ao governo da Bahia”

Sobre 2014, há quem diga que o adversário do PT vai ser o próprio PT. O senhor concorda?

Há sempre o risco quando o partido cresce, como o Partido dos Trabalhadores que é um partido que cresceu com a visão de partido nacional, e mostrou ao que veio com a eleição do presidente Lula por duas vezes e depois com a presidente Dilma. Não dá nem para comparar o que era o Brasil antes do PT no poder e depois dele. Aquela humilhação dos do FMI, vindo e dizendo claramente que vinha ver se o governo brasileiro estava fazendo a lição de casa, como se o governo brasileiro fosse um adolescente irresponsável e que a partir de 2003 e 2004 o Brasil assume sua independência e sua maioridade nesse aspecto e vira o jogo, hoje é o Brasil que tem recursos no Fundo Monetário Internacional para ajudar outras nações. O Bolsa Família, o combate a fome, quantos milhões de pessoas, uma população equivalente a toda a população da Argentina, cerca de 40 milhões de brasileiros saíram da miséria, da pobreza, hoje é difícil até ver nas cidades alguém pedindo esmola. Um partido que cresceu tanto que é claro que cresceu também nas suas divergências, até porque é um partido que não tem dono, é um partido que tem tendências internas, que tem o direito de discutir. Mas, sempre o PT, nessas horas cruciais, se une porque sabe que acima das brigas internas e das divergências internas estão os grandes interesses do partido e os motivos pelos quais o partido foi criado. Em 2014, o Partido dos Trabalhadores vai marchar aqui na Bahia e nos outros estados de uma forma coerente. 

É possível que o senhor seja candidato em 2014?

Eu não sou pré-candidato a nada. Eu sou prefeito recentemente reeleito de Vitória da Conquista. É claro que pelo fato de ser prefeito de uma cidade tão importante quanto Vitória da Conquista, que é uma capital de uma grande região, o nome sempre é lembrado. Mas, eu jamais coloquei meu nome como pré-candidato, nem a prefeito de Conquista, sempre é o partido que discute, quanto mais ao governo da Bahia, até porque o PT tem grandes nomes para assumir esta responsabilidade.


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