Nego da Barra, construtor de casas e de sonhos

“Minha vida dá um sermão da montanha. É história demais”, brinca o senhor de 76 anos, conhecido como Nego da Barra. Ele mora no bairro Alto Maron há mais de quatro décadas e é um apaixonado pelo bairro. “Gosto demais daqui, das pessoas; conheço todo mundo, todo mundo me conhece… só saio daqui quando morrer”.

Florisvaldo Celes Barbosa é o nome deste homem que só obteve registro de nascimento aos quarenta anos de idade. Em Vitória da Conquista há 66 anos, é casado e tem três filhos, cinco netos e uma bisneta.

Nego da Barra nasceu em Boa Nova e aos sete anos foi morar em Barra do Choça;  três anos depois mudou-se para Vitória da Conquista. Ele guarda vivas as memórias da viagem que fez, com os pais e os dez irmãos, de Boa Nova a Barra do Choça. O trajeto foi cumprido num desconfortável carro de boi e custou vários dias de sofrimento na estrada.

O APELIDO – Da infância, as melhores lembranças são dos jogos de futebol. Com bola feita de leite de mangaba, o menino mostrava um talento impressionante. Foi nessa época que surgiu o apelido que traz consigo ainda hoje. “Os jogadores mais velhos ficavam admirados quando me viam jogar e perguntava quem era aquele menino. Então as pessoas respondiam: – Ele veio da Barra. E começaram a me chamar de Nego da Barra. O apelido pegou e quase ninguém me conhece pelo nome”, conta.

A paixão pelo futebol o acompanhou durante toda a adolescência. Até os vinte e três anos, Nego jogou em vários times e foi um dos fundadores do Humaitá. Mesmo com tanta habilidade com a bola nós pés, ele jamais pensou em seguir carreira. “Naquela época, jogar futebol era uma maneira de me divertir com os amigos; a gente não pensava em seguir carreira profissional, em ganhar dinheiro com isso”.

Trabalho – O marceneiro, carpinteiro e pedreiro, que já perdeu as contas de quantas casas construiu, aprendeu as profissões com o pai e se tornou conhecido na cidade pelo trabalho que realiza. Apesar do sucesso e do reconhecimento que teve no trabalho, confessa que seu sonho era mesmo ser mecânico. “Eu achava linda essa profissão, tinha uma vontade maluca de aprender, mas não tive condição para isso. Eu trabalho com meu pai desde os dez anos de idade e meu pai queria que eu continuasse trabalhando com ele”.

Gostos – Depois que parou de jogar futebol, uma das principais diversões de Nego é ver jogos de futebol pela TV. Também gosta de ouvir uma boa música, tendo como seus cantores favoritos Nelson Gonçalves, Altemar Dutra e Orlando Silva – deste último admira especialmente as valsas e as canções de amor. A pescaria também é uma de suas paixões. “Para mim, pescar é um momento de tranqüilidade, que dá um sossego na alma. É uma maravilha”.

Nego também se destacava no jogo de dama. Mas há algum tempo deixou de jogar. O motivo ele conta com lágrimas nos olhos: a morte do principal parceiro no jogo e grande amigo, Sula. Desde então, Nego acha que já não há como olhar para um tabuleiro sem lembrar-se do amigo.

Diz que não costuma ir a nenhuma igreja, sua religião é Deus em primeiro lugar e que sua filosofia é viver e aproveitar as coisas boas da vida. “A beleza da vida é a gente ter amigos, ter coisas boas para contar, porque tudo passa e essas coisas que ficam”.

Fonte: Secretaria de Comunicação da Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista


Os comentários estão fechados.