Entrevista com o médico Manuel Antonio Lescano

Por Cássia Dias 

A endoscopia digestiva é um método de investigação de doenças do esôfago, estômago e intestinos. Esse importante exame é realizado no IBR Hospital, sob a responsabilidade do Dr. Manuel Antonio Lescano, médico gastroclínico e hepatologista.

O médico que é natural do Peru, veio para Vitória da Conquista há cinco anos e hoje é professor do curso de Medicina da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) e está no setor de endoscopia do IBR há quatro anos. Nessa entrevista, o especialista esclarece qual a importância da endoscopia digestiva e os detalhes sobre um dos mais comuns problemas gastrointestinais: a gastrite.

Confira:

Site IBR Hospital – Em que consiste a endoscopia digestiva?

Dr. Manuel Lescano – A endoscopia digestiva é um procedimento médico, dividido em dois tipos: a primeira chama-se endoscopia digestiva alta e a segunda, colonoscopia ou endoscopia digestiva baixa. A endoscopia digestiva alta é um procedimento pelo qual, através de uma câmera e um tubo flexível, se consegue observar diversas partes do tubo digestivo desde o esôfago até a segunda porção do duodeno, que é a parte que vem depois do estômago.

Em quais casos esse procedimento é indicado?

Na grande maioria das vezes a indicação acontece quando o paciente apresenta os chamados sintomas dispépticos, como dor no estômago e queimações ou, ainda, sintomas de refluxo, como regurgitação ácida, azia, entre outros – esses são a grande maioria. Há também casos mais específicos, como varizes do esôfago, suspeita de câncer gástrico, entre outros.

O exame evoluiu muito nos últimos anos, sendo considerado hoje como o meio mais eficaz de diagnóstico das patologias gastrointestinais. Qual é, então, a importância da endoscopia digestiva?

Atualmente outros procedimentos ficaram um pouco para trás. A radiografia contrastada, por exemplo, raramente é solicitada. Com a endoscopia você tem o ganho de poder ver diretamente a mucosa do estômago, poder colher biópsias e até fazer algum tratamento terapêutico, curativo, da patologia que o paciente apresenta. Para o médico, o grande ganho é que ele enxerga diretamente alguma lesão de interesse.

Hoje em dia o exame também é praticamente indolor…

Na grande maioria das vezes o exame não tem dor. De um tempo para cá, depois que a sedação ficou mais fácil de realizar, mais inócua para o paciente, na grande maioria das vezes, o paciente entra no exame e só depois que acorda ele percebe que realizou o procedimento. É um exame bastante simples, diferente do que se fazia antes.

Qual é, atualmente, o problema gastrointestinal mais frequente?

Grande porcentagem dos pacientes tem um quadro de dispepsia funcional, que as pessoas conhecem como gastrite, que é uma patologia benigna. Por outro lado, com o descobrimento do Helicobacter Pylori e o aumento da incidência dessa bactéria a gente vê, não raramente, casos de úlcera péptica (gástrica ou duodenal), assim como casos de câncer gástrico. Outra patologia que a gente reconhece como tendo um grande número de casos são as erosões do esôfago que são bastante sugestivas de doenças do refluxo.

O senhor citou a gastrite como sendo uma das mais frequentes patologias. Como evitar o surgimento dessa doença?

A dispepsia funcional, que é uma patologia muito freqüente no consultório, as pessoas geralmente conhecem como gastrite ou gastrite nervosa. O tratamento dessa enfermidade começa com o paciente sabendo que é uma doença benigna para não criar uma paranoia, achando, por exemplo, que pode ser câncer. Saber que ele tem uma doença do grupo funcional, que não vai virar câncer ou úlcera já é um ganho no tratamento. Não existe uma dieta especial, pois o tratamento é muito individualizado. Existem alimentos que fazem mal a algumas pessoas e a outras não, mesmo elas tendo a mesma patologia.

No processo de tratamento alguns transtornos como ansiedade e depressão tem que ser corrigidos, pois eles podem ter uma relação com a doença e os sintomas do paciente. A endoscopia é muito importante a partir dos 40 anos para todos os sintomas dispépticos, servindo para afastar alguma outra patologia como câncer, úlcera ou outro tipo de patologia. O tratamento terapêutico deve ser feito com orientação médica e existem vários medicamentos para isso.

Quando a pessoa deve procurar o médico?

Todo sintoma que torna-se frequente já é bem indicada a procura ao médico, até para esclarecer se é uma patologia benigna ou não. Dor no estômago, queimação, sensação de plenitude precoce, ou seja, a pessoa come um pouquinho ou uma quantia normal e se sente muito cheio são alguns dos sintomas que merecem atenção e uma visita ao médico. Assim como os sintomas alarme, quando as pessoas devem procurar o médico ainda mais urgentemente, como vomitar sangue, evacuar preto, engasgar com os alimentos, começar a emagrecer, entre outros.

Por: Cássia Dias
Assessoria de Comunicação do IBR Hospital
Agência vOceve Multicomunicação


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