Toque de recolher em Vitória da Conquista?

Na última sexta-feira, (11/02), a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista realizou uma reunião para se discutir o “disciplinamento” do horário de funcionamento de restaurantes e bares em Vitória da Conquista. Em Itiruçu isso se chama toque de recolher.   Participaram da reunião na prefeitura a cúpula da administração municipal, membros do conselho de segurança da cidade e alguns policiais militares. Não havia na reunião donos de restaurantes, proprietários de lanchonetes, garçons de bares, lancheiros de trailers ou gerentes de lojas de conveniência. Gente diretamente interessada nesse debate.

Membros do governo municipal apresentaram dados (sabe-se lá aferidos por qual órgão ou Ong) que dizem que os casos de violência em nossa cidade estão ligados ao consumo de bebida alcoólica. Essa apresentação da Prefeitura usou como comparativo os dados da cidade de Diadema, na Grande São Paulo, que historicamente foi uma cidade violenta.

Existe um problema de violência em Vitória da Conquista que se acentuou nos meses de janeiro e fevereiro de 2011, e se busca uma justificativa para tal. A Prefeitura pelo visto resolveu culpar os restaurantes e bares da cidade pela escalada da violência. Isso é um engodo.

  Os responsáveis pelo governo municipal deveriam na verdade fazer uma reavaliação sobre a equivocada política social promovida pela Prefeitura desde 1997, quando se criou uma falsa eficiência dos programas sociais municipais e na verdade estavam jogando a sujeira pra debaixo do tapete. Tomem como exemplo o conjunto habitacional da Vila América que foi criado pelo poder público sem nenhuma preocupação com as conseqüências sociais. Ruas sem asfalto, casas sem esgotamento sanitário, jovens sem quadras de esporte, pessoas sem praças de convivência. Hoje a Vila América é um dos maiores focos de violência da cidade. A violência é reflexo direto do social. É o Estado gerando problema para o próprio Estado.

Esses tomadores de decisão da Prefeitura julgam que para o pobre qualquer coisa serve, então fazem a coisa de qualquer jeito sem se preocupar com o amanhã. Agora eles se reúnem para eleger um culpado como se a violência de Vitória da Conquista tivesse como causa as pessoas que saem à noite para divertir.  Essa intervenção seria um absurdo, um precedente perigosíssimo. Esperamos que a ética e o bom senso prevaleça.
  
José Nunes Neto, estudante de Jornalismo da Uesb


8 Respostas para “Toque de recolher em Vitória da Conquista?”

  1. Gleyson Lima

    Uma coisa é proibição de vender bebida alcoólica a partir de uma dada hora, outra coisa é “toque de recolher”. O primeiro é parar de beber, o segundo é obrigação de recolher-se às suas casas. Você confundiu as bolas. A propósito: sou contra o projeto de lei.

  2. ESCRACHADOR

    O cidadão e a cidadã , conquistenses a cada ano, se sente menos livre – No seu direito de ir e vir.Fora os espaços de lazer, cada vez mais restritos.A cidade deixa uma certa impressão de estado de sítio.

  3. Marcilio Nunes

    Projetinho de lei vagabundo.
    Me lembrei de Hitler…
    O Fuhrer antes de instituir os guetos, estabeleceu horarios e locais para a populacao permanecer….

    isso é um atestado na inceficiencia do Estado em dar seguranca e colocam a culpa na bebida.
    95% do valor da bebida é imposto.
    Mas lei pra proibir a venda de qq tipo de bebida nao existe.
    Mas… acho que o cara que roubou o celular da minha irmã, na semana passada, em pleno centro da cidade, monitoriado por inumeras cameras, as 4 horas da tarde, estava bebado… acho que ele nao queria puxar um beck não….

  4. Geyse

    Absurdo!Mais uma vez o coronelismo impera em nossa cidade!O poder público acredita que uma cidade só cresce com cimento,mas ele se engana.Precisamos também de diversão e arte!As opções de lazer em Conquista já são poucas, muitas já acabaram por falta de incentivo, como a Micareta.E agora o que a PM e PMVC desejam?Controle da informação aos moldes de 1984?ABSURDO!Não podemos mesmo deixar que esse “toque de recolher” aconteça em nossa cidade,com o falso pretexto de diminuir a violência.

  5. Wagner

    Acho correto esse tipo de ação, infelizmente somos vitimas de pessoas que quando bebem não sabem o que fazem. Junte-se a isso a falta de estrutura da polícia, que quando é acionada demora muito a chegar. Prefiro que seja assim, pois Conquista esta uma verdeira feira de bandidos. Parabéns ao poder público, e acho que demorou tal postura!

  6. Adelson

    o grande problema é que eles não estão interessados em proibir apenas a venda de bebida alcoólica, mas sim proibir o funcionamento desses estabelecimentos (mas também a circulação de pessoas em determinado horário, porque essa seria a principal conseqüência da possível lei), um restaurante por exemplo não vende apenas bebidas, mesma coisa um trailer de lanche ou uma pizzaria, a polícia não consegue fazer seu trabalho direito e quer transferir os prejuízos de sua incompetência as cidadãos ao e comerciantes.

  7. aNTÔNIO

    Os beberrões são a pior espécie de gente; bebem,gritam, pertubam a ordem pública e ainda acham que estão certos. A polícia e a prefeitura estão certos em controlar esse tipo de comportamento.

  8. James Joyce

    Primeiro: é certo que as informações que a PMVC possui não refletem a realidade. Qual estudo a PMVC utiliza para se creditar responsabilidade ao alcool pelo “suposto” acréscimo de “violência”. Segundo: de qual violência estamos tratando? Terceiro: a gestão municipal se preocupa com a distribuição antidemocrática da Polícia Militar neste município? Essa eu respondo, não, pois inclusive apoia o programa ronda nos bairros, uma aberração, já que ronda nos bairros deveria sempre ser feita pela PM, que não faz pois precisa guardar os bairros da classe alta, o comércio, a indústria, e o cidadão (pobre ou remediado) que de seu jeito. Mas a PM adora qualquer restrição à liberdade, pois diminui seu trabalho.

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