Pequenas Notas

“Eu amo Nova Iorque”

Paulo Pires

Tom Jobim era um frasista cheio de humor. Ninguém resistia às tiradas do maestro.  Quem o ouvia se deliciava em prolongadas gargalhadas.  Uma das mais famosas ele formulou quando lhe perguntaram sobre a diferença básica entre Estados Unidos e Brasil. Tom respirou e na hora sacou: “Lá é bom, mas é uma merda. Aqui é uma merda, mas é bom”. Ninguém resistia à verve do saudoso compositor. Era um sujeito muito espirituoso. Tirando o maestro fora, pergunto: E o Brasil, o que é mesmo? Apesar de tudo, o Brasil ainda é um dos melhores lugares para se viver. E dentro deste País, Vitória da Conquista é uma das melhores cidades para se morar. Evidente que meia dúzia não concorda. Aliás, essa meia dúzia parece que acorda com o intuito de meter o pau na cidade. Como diria Gaguinho um dos nossos personagens mais deliciosos: “Isso é uma absurda!”. Em Conquista, pode crer, tem gente que ao raiar do dia inicia seu esporte predileto: Caçar o que a cidade tem de ruim para descer a ripa. Claro que ninguém lhes tirará esse direito. Numa democracia, há espaço para todas as opiniões. O que se lamenta é constatar que essas opiniões são feitas apenas para destruir, originando daí uma espécie rara de doença política: Autofagia Municipal.  

 Como viver numa cidade que não se gosta? No caso da nossa, vamos delegar aos pesquisadores o dever de perguntar por que essa meia dúzia não gosta de Conquista. Complementando essa primeira questão com outra: O que os faz viver entre nós? Certamente teremos respostas complicadas. Esse tipo de questionamento só deve ser respondido pelos que vivem a detratar a cidade. Eu, ao contrário dessa turma, quando falo de Conquista e dos Conquistenses, faço-o com o máximo de amor e admiração. Tenho aqui grandes amigos, admiro muitas pessoas, sou apaixonado pelo nosso amanhecer nevoento, pelo meio dia mineral e pelo crepúsculo que só encontra adversário nas cores exuberantes na estética pictórica de Cézanne, Renoir ou Van Gogh. É lindo nosso amanhecer, é poético, muito poético nosso por do sol no Remanso!

 Adoro essa Cidade, seu habitantes, seu burburinho. Bebé gritando na Alameda: “olha o cabide”. Carcará vendendo pés de ferro. O Baleiro e seu inconfundível “olha a bala!”. André Cairo vestido de Lampião ou Madame Jamorri fazendo sátiras e críticas sociais inteligentes.  Criamos um clima teatral aberto que mistura o arábico dos nossos mercadões com o timbre ibérico dos nossos violeiros. Tudo isso imerso e emergindo de um enorme caldeirão mutilcultural, étnico e social que encanta a todos que passam por aqui. Walter Salles ficou apaixonado…

E Nova Iorque? Ora, ora, nem precisa falar.  Nova Iorque é boa, mas, cá prá nós, é uma merda (ah, ah, ah, ah). Todos devem se lembrar daqueles fatídicos anos de 1970/77, quando a Big Apple afundou em dívidas e se viu totalmente asfixiada: Lixo nas ruas, atraso na folha de pagamento, traficantes feito a zorra, criminalidade no topo, todos os setores negligenciados e meia dúzia de críticos torcendo pelo quanto pior, melhor. O Prefeito de então, deu uma espiada no cenário, chamou para uma reunião Frank Sinatra, Gregory Peck, Liza Minelli e outros do mesmo calibre e perguntou-lhes: Vocês não vão fazer nada pela sua cidade? A rapaziada acordou. A partir daquele dia todos correram [inclusive o Prefeito] para a casa inteligente de Mary Wells. Lá encontraram abrigo para suas idéias. Essas surgiam e cresciam pelo relato meticuloso do gestor, o qual declarava que a cidade precisava ser defendida e sacudida pelo amor dos seus mais destacados e simples cidadãos. A senhora Wells que sabia ouvir e pensar, disse ao prefeito que a situação seria revertida.

Dias depois, em outra reunião, apresentou ao grupo o genial publicitário Charles Moss e este, antes de qualquer coisa, disse que as pessoas realmente precisavam ser sacudidas, pois estavam muito entorpecidas em suas rotinas. Era urgente despertar em cada uma delas o sentimento de grandeza do seu habitat. Cada cidadão deveria exprimir o orgulho de viver em um lugar como aquele. A cidade era um bom lugar…

Moss levou suas idéias para outro genial homem de publicidade Richard Glazer e juntos compuseram o famoso slogan I Love New York.  Desse dia em diante, o cenário começou a mudar. Os cidadãos de Nova Iorque começaram a “mostrar muito gás”, alegria e orgulho de morar numa cidade como aquela, mesmo com problemas terríveis em seu cotidiano. Camisetas se espalharam nos Estados Unidos, declarando: Sou da Flórida ou de tal lugar, mas amo Nova Iorque. A campanha se proliferou por toda a América e pelo Mundo com enorme sucesso.

Em pouco tempo, tudo começou a mudar. Os delinqüentes foram identificados, os mafiosos enquadrados, o lixo foi removido, as folhas de pagamento dos servidores foram regularizadas e os defensores do “quanto pior melhor” se viram obrigados a ficar calados (no melhor sentido democrático do termo).

No Brasil, o genial Carlito Maia, mineiro tradicional e um dos fundadores do PT, também um grande frasista, morava em São Paulo há dezenas de anos. Um dia lhe perguntaram sobre Sampa. Ele disse entre irônico e debochado: “São Paulo, amo com todo o meu ódio”. Será que os críticos de Conquista amam nossa terra desse mesmo jeito? Sou obrigado a voltar a Carlito Maia: “Só Fraude explica”. Deus os perdoe e tenha piedade de nós.


6 Respostas para “Pequenas Notas”

  1. Pestista arrependido

    ….SEM COMENTÁRIOS!

  2. Paula

    Sabemos das diculdades e anseios da nossa querida Conquista. Precisamos de muitas ações e mudanças coletivas para melhorar a nossa cidade. Mas sabemos também que muitos fazem uso particular e interesseiro das nossas mazelas, são os verdadeiros urubus que se aproveitam da carniça alheia para se beneficiarem, desculpem pela a comparação os urubus não merecem. Amo essa cidade que acolheu os meus pais, onde nasci e vivo com orgulho de ser Conquistense.

  3. Pestista arrependido

    Vitória da Conquista está precisando de prefeito e vereadores competentes!.

  4. Arilano Castro Gomes

    Meu estimado professor Paulo Pires sei de sua imensa, e verdadeira, paixão por essa joia do sertão baiano, mas é de admirar que os seus escritos hoje tem uma intencionalidade, a de bajular a administração municipal, encabelando seus deslizes, e com isso caro amigo acabas por macular sua imagem e fica seus escritos a ser meras quimera, pois os seus conteúdos já não mais verve de “sua alma”. Será que tu precisas assim se submeter? O amor vence barreiras e quão belo serias se voltasse a ser o Paulo Pires de sempre e não mensageiro de quem não o faz pr merecer…

  5. Maria andrade

    Paula concordo com você e Paulo Pires. Também amo a minha cidade e sou daquelas que contribui para melhora-la ainda mais naquilo que está em meu alcance, pois acredito se os múnicipes não contribuirem, por mais que queira, o nosso governo que diga-se de passagem está entre os 100 mais atuantes do país cocorrendo até com capitais, não poderá alcançar as suas tão bem traçadas metas.Quanto a comparação com urubus ainda bem que você se desculpou pela comparação. ” Os urubus são faxineiros por exelencia do nosso planeta, aqueles que aproveitam das nossas dificuldades para denegrir a a nossa cidade é a propria carniça”

  6. PAULO PIRES

    Meu caro amigo Arilano

    Eu não bajulo (nem por amizade nem por necessidade), apenas reconheço merecimentos.

    Nunca disse a ninguém que nosso Governo Petista é o melhor dos Governos, mas anote aí: Diante dos postulantes e críticos ao Prefeito, Guilherme Menezes está a centenas de léguas de competência deles. Só isso…

    Como tenha mania de sonhar sempre o melhor para nossa Terra, fico com ele, porque trata-se de um cidadão sério, competente, digno e discreto.

    O importante é que o Povo de Conquista sabe disso. Quando chegarmos aos 07 de outubro de 2012, o amigo comprovará.

    Daqui a dois meses sairá nova Pesquisa do InDataHoje. Incrível.

    Paulo Pires

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