Velocidade está entre as principais causas de mortes de jovens no trânsito

Foto: Blog do Anderson

Rafaele Rego | Correio

Segundo dados divulgados pelo Ministério das Cidades, cerca de 42 mil pessoas morrem por ano, vítimas de acidentes de trânsito, e o número de feridos é ainda mais alarmante. Os números que só crescem a cada ano, estão relacionados aos dois principais fatores que influenciam no crescimento da taxa de mortalidade no trânsito: o comportamento dos motoristas e o excesso de velocidade, assuntos que definiram o tema da Semana Nacional de Trânsito, que acontece até o dia 23 de setembro. A campanha aborda pela primeira vez, a velocidade nas estradas e tem como foco principal, a conscientização de jovens entre 18 e 25 anos, considerado o grupo mais vulnerável e de maior exposição ao risco de acidentes de trânsito. Para a especialista em educação no trânsito, Cristina Aragón, do blog de Trânsito do iBahia, a morte de jovens nas estradas está cada vez mais associada a falta de fiscalização e da aplicação das penalidades. 

“A morte de jovens em acidentes de trânsito é uma questão sem solução até hoje. É uma falta de vontade política. As blitze não são eficazes. Um programa de controle de alcoolemia no trânsito deveria ser feito com regularidade e continuidade”, afirma a especialista.

Cristina ressalta também as imprudências cometidas nessa faixa etária como fatores determinantes para os acidentes. “Os jovens excedem a velocidade, muitas vezes por estarem sob efeito de álcool ou de outras drogas,  dirigem com sono em fim de festas e ainda contam com a má estrutura da cidade, com destaque para a inexistência de sinalização.

Foi essa imprudência que causou a morte da jovem Milla Laís Galvão, de 19 anos. A universitária dirigia um veículo adaptado para o dono, que possui nanismo, e não possuía carteira de habilitação. Para a prima da jovem, o acidente foi um choque. “Ela sempre dirigiu em Campo Formoso, sua cidade natal, mas em Salvador não. A morte dela foi um choque muito grande para toda a família e comoveu a toda a população de Campo Formoso”, contou a estudante Marília Galvão.

Apesar de toda a dor da perda, Marília acredita que o acidente da prima serviu como uma lição para os amigos e primos da universitária. “Antes todo mundo vivia em festa, ou até mesmo bebendo na casa dos amigos, mas nunca ninguém se importou em voltar para casa de carro. Hoje, todos estão com um pé atrás, com medo do pior acontecer. Prefiro que se alguém beba na minha casa, que durma por lá mesmo”, afirmou Marília.

Números e ações preventivas
A Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador) não possui estatística por faixa etária, somente o número geral de acidentes e mortes. Até agosto deste ano foram registrados 13.543 acidentes, com 3.985 feridos e 149 mortes na capital. Durante todo o ano de 2011 aconteceram 22.010 acidentes, com 4.546 feridos e 124 pessoas mortas.

Para Cristina, a redução do número de acidentes na capital baiana só funcionaria associada a uma série de ações previstas no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), como um planejamento escolar e ações coordenadas entre os órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito e de Educação, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.

Confira as ações previstas pelo CTB:

1º)  Cumprir o CTB Código de Trânsito Brasileiro no seu Capítulo VI – DA EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO Art. 76  que assim estabelece:

I –  promover a adoção, em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar com conteúdo programático sobre segurança de trânsito;

II – a adoção de conteúdos relativos à educação para o trânsito nas escolas de formação para o magistério e o treinamento de professores e multiplicadores;

III – a criação de corpos técnicos interprofissionais para levantamento e análise de dados estatísticos relativos ao trânsito;

IV – a elaboração de planos de redução de acidentes de trânsito junto aos núcleos interdisciplinares universitários de trânsito, com vistas à integração universidades-sociedade na área de trânsito.

2º) Conscientização dos pais;

3º) Fiscalização ostensiva e aplicação das penalidades;

4º) Melhoria na infraestrutura;

5º) Implantação de um programa de segurança do trânsito.


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