Zé Malagueta

Jorge MaiaJorge Maia

Sim, senhores, o nome dele é Zé Malagueta. Uma das figuras mais engraçadas da Beócia. Sujeito esforçado que saiu lá dos cafundós e foi para a cidade da  Beócia, tentar a vida. Trabalhou em vários lugares, aprendeu muitos ofícios. Mas sempre teve um problema, dos grandes: é muito esquentado, daí o apelido de Zé Malagueta. Suas histórias são impagáveis e por isso motivo de risos.

Outro dia, quando me encontrava na Beócia,  necessitei acompanhar Zé Malagueta em uma diligência para fazer a citação de determinada pessoa. Agora Zé era Oficial de Justiça da Beócia, dos melhores, com ele mandado não fica sem  cumprir. No caminho contou-se alguma das suas história. Ri muito.

Segundo ele, caminhando em suas jornadas rotineiras, deparou com uma jovem parada no meio da rua, falando ao celular. Era uma situação em que ela impedia a passagem de veículos. Naquele momento, um motorista que pretendia seguir em frente viu-se impedido de fazê-lo, pois a jovem dona da rua permanecia ali parada, apesar de haver percebido a presença do veículo,  e fazia de conta que nada estava acontecendo.

Zé Malagueta, dirigiu-se para o veículo, bateu na janela em que estava o carona, mulher do motorista, e vendo a indecisão do condutor, prejudicado com a atitude da dona da rua, disse para a mulher: dona, divorcia desse frouxo, como é que ele permite uma coisa dessa? Manda ele passar por cima dessa desgraça. Foi um desespero, quase houve morte.

Retornamos para o Fórum e entramos no gabinete do Juiz para tratar sobre a diligência que fora cumprida e lá esta o Juiz às voltas com uma ligação em seu celular e dizia: não, agora não. Em outra ocasião, não moça, não estou precisando. Aquela conversa se prolongou por mais uns três minutos. Naquele momento, Zé Malagueta, compreendendo do que se tratava, pois tudo indicava que era uma venda de telemarketing, daquelas que é difícil de se livrar, avançou na mão do juiz, tomou o telefone e disse: Oh desgraça, não está vendo que ele não quer? Desliga isso!.

Devolveu o celular para o juiz, que aliviado agradeceu a Zé Malagueta, elogiando-o de como era prático em resolver questões daquela natureza. Meio sem graça, concordei com o juiz.

Hoje, quando recebo a oferta de venda de algum produto pelo telefone, vem à memória aquele episódio e sinto vontade de fazer igual ao Zé Malagueta, mas, confesso, ainda não tenho a sua experiência. Preciso voltar à Beócia e tomar mais algumas lições.VC260714


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