Mas o que?: Seis anos de Parada, por Rosilene Santana

Foto: BLOG DO ANDERSON
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Carolina Cordeiro e Bruna Menezes | Mas o que?

A Parada do Orgulho de Ser LGBT  de Vitória da Conquista tem seis anos e uma história incrível, foi a primeira parada a ter uma frente organizadora formada apenas por mulheres e luta por direitos não apenas LGBT, mas também de igualdade de gêneros e contra o preconceito com a cultura afrodescendente.  Confira a entrevista na íntegra.

O MAS O QUÊ? entrevistou a organizadora, Rosilene Santana, do movimento sobre a história da Parada e direitos LGBT. Confira agora:

ROSILENE, 41, LÉSBICA, ORGANIZADORA DO EVENTO DO EVENTO HÁ 6 ANOS.

ROSILENE: Essa é a sexta parada que a gente realiza como grupo de lésbicas, sabendo que a primeira parada do Brasil a ser puxada por mulheres é a de Vitória da Conquista. Não é mista, são só mulheres que puxam. E nós temos que dizer que nós somos lésbicas, bisexuais, transexuais e travesti, porque na verdade, nós temos uma cidade extremamente preconceituosa e conservadora e precisamos quebrar isso, não é paradigma, isso é preconceito e capitalismo, porque a maioria que tá aí no governo não é religioso, são pessoas que saem espalhando ódio e não amor. Nós nessa parada estamos pedindo para beijar na boca, abraçar um ao outro, porque isso é amor. E amor não é sexo, sexo é pra qualquer um. Amor é isso aqui, é esse carisma, é apoio, é uma coisa que nós temos, é o calor humano, somos seres humanos e precisamos disso.
Precisamos ver na parada também que não temos só LGBTs, temos héteros, senhoras idosas, crianças. Então, parabéns a todos vocês que estão presentes com a gente.

MAS O QUÊ?: Quanto tempo a senhora tem de assumida como lésbica?

ROSILENE: Muito, a vida inteira. Não precisamos dizer com que idade a gente assumiu, porque na verdade a gente já nasce, a gente é. Então, que eu me identifiquei como lésbica já tem muito tempo. Eu  não posso nem dizer quanto tempo tem, mas uma coisa eu posso dizer: eu sou lésbica e tenho orgulho de ser lésbica e tenho orgulho mais uma vez de dizer que faço parte dessa coordenação LGBT.

MAS O QUÊ?: Você ta aqui organizando essa parada há 6 anos?

ROSILENE:  6 anos.Primeiro começamos pela conferência LGBT que foi puxada pelo nosso presidente Lula, na época. Foi a primeira conferência LGBT a ser puxada no Brasil, no mundo, foi a LGBT, puxada pelo nosso presidente Lula e o nosso prefeito abraçou a causa. E desde essa conferência em 2008, fundamos um grupo de lésbicas e estamos aí até hoje. Somos mulheres heterossexuais, mulheres lésbicas, bisexuais, mas que apoiam e não só trabalham a sexualidade, mas também apoiamos e lutamos pela igualdade de gênero, de orientação sexual, de intolerância religiosa de matriz africana, porque hoje nós temos uma bancada cristã e evangélica que quer é ganhar dinheiro em cima do LGBT, em cima do povo de terreiro, que são povos de comunidades tradicionais. Então a gente trabalha não só a sexualidade, mas o direito de ser humano.

MAS O QUÊ?: Nesses 6 anos que a senhora organizou a parada aqui de VCA, a senhora percebeu alguma diferença quanto a aderência do público, se aumentou e também quanto a militância na parada LGBT, para não se tornar apenas um carnaval fora de época, mas sim uma parada com lutas pelos direitos, que principalmente esse ano foram caçados pelo Cunha, Feliciano e cia. A senhora percebeu alguma diferença?

ROSILENE: Eu acho que na verdade, a gente do LGBT fizemos política para Marco Feliciano ser eleito, porque ninguém sabia quem era Marco Feliciano, então quando ele jogou nós do LGBT, nós conseguimos colocar ele novamente lá dentro, não só o povo LGBT, mas sim, pessoas que também são do tipo dele, racista, homofóbica e preconceituosa e que faz sexo escondido com homem ou com mulher, infelizmente, mas a gente pode dizer que avançamos, avançamos em Conquista e que a gente tem um governo que tem essa sensibilidade, nós temos academia com essa sensibilidade, como a UESB e a UFBA, e outras que são particulares. Nós avançamos sim e vamos avançar mais, porque hoje, graças a militância e do movimento de lésbicas e da conferência, nós podemos entrar em Conquista, beijar na boca e dizer: eu sou lésbica, eu sou gay, eu sou bisexual, eu sou travesti, eu sou transexual e eu também sou hétero.


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