LUTO: Zó, “a garotinha franzina saiu de entre os campos brancos dos cafezais lá do outro lado da serra”

Fotos: BLOG DO ANDERSON
Fotos: BLOG DO ANDERSON

Esechias Araújo Lima, em 1º de outubro de 2015

Antes de qualquer fala, nosso profundo agradecimento a Deus, autor de todas as coisas, soberano e excelso Senhor, por este momento, esta conquista e, sobretudo, pela porção diária de alento à nossa querida Zoraide, que, com a honra de cada presença aqui, inaugura mais uma das suas lojas Zó Design.

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Senhoras e Senhores,

Disse o grande estadista norte-americano, Abraham Lincoln:  “O êxito da vida não se mede apenas pelas conquistas, mas também pelas dificuldades superadas no caminho.” Zoraide, ou simplesmente Zó, a garotinha franzina saiu de entre os campos brancos dos cafezais lá do outro lado da serra, da fazenda Ouro Verde,  onde brincava por entre flores silvestres aos açoites dos frios ventos de inverno e venceu. Leia na íntegra.

A menina que, entre 11 irmãos via a faina diária da sua mãe, olhava bem para ela e sonhava com um futuro diferente, algo que não beirasse a pompa, nem riquezas, mas uma vida digna onde as madrugadas com seus perfumes de ramagens e seus resplendores de tons e cânticos deixassem os sonhos soltos para que a aurora, em vez de chicote, trouxesse a passarada em notas musicais.

A menina tocava cada grão vermelho do café como se pousasse a mão sobre as asas da liberdade para cometer todas as novidades que os sonhos são capazes de criar.

Com nove anos, volta a Vitória da Conquista, para uma humilde casa na Rua paralela à  do Cruzeiro, onde, entre bonecas de plástico e de pano, dormia a ouvir a águas maestras do Poço Escuro retalharem saudades, promessas e esperanças no leito do Rio Subterrâneo.

Veio para o sonho maior. Veio para, entre livros, fazer uma ponte até o futuro, um porvir diferente do que vivia até então.

A adolescência chega como todas as estações da vida: os pés no presente, mas os olhos voltados para um lugar mais distante, menos árido que a rua empoeirada de periferia, algo condizente com o sonho que trouxera, a sete chaves, há muito acalentado.

Uma menina ainda, via sua mãe, entre vassouras, baldes, suores e lutas, trabalhando numa loja bonita que, quase sempre, embevecia-lhe os olhos miúdos de criança.

Foi ali, na Sinfonia Móveis, onde, vez por outra, acompanhava  sua mãe na labuta, que, um dia, os Lamegos, vendo que havia sonho na flor da adolescência, convidaram-na para trabalhar.

Cada dia, era uma conquista nova, um encantamento maior. Daqueles mestres, sorveu todos os ensinamentos: foi apresentada aos mecanismos do comércio; aprendeu que o traquejo financeiro não se adquire nos bancos escolares, mas com a mão massa. A eles deve parcela considerável do sucesso que hoje colhe.

De lá, foi para a Modulare, outra escola de suma importância para moldar a empresária adormecida no coração daquela mocinha de visão aguçada para os negócios.

Um dia, foi-lhe dado incumbência de administrar toda a loja. Recuou? Nunca. Este verbo não fazia – aliás –, nunca fez parte do vocabulário de Zoraide. Agarrou com as duas mãos e fez bonito.

 Depois de algum tempo, houve a capitulação: o impulso. Sr. Teo a intima. Urge que você tenha o seu próprio negócio.

Com muitos quilos de sonho na cabeça, a mão estendida de Marcos Tadeu, o olhar focado em outros horizontes e, sobretudo, fé e determinação, do lado direito da Siqueira Campos, abrem-se as portas da Zó Designe. Por que o sucesso? O bom gosto? Isso muita gente tem. A qualidade dos móveis e decorações.? Não falta às boas lojas do ramo. O segredo fica por conta de muita garra, muito amor pelo que faz e uma pitada, ou melhor,  uma recheada colher de ousadia.

É óbvio que Zó teve, ao longo desta caminhada, palavras de incentivo, equipe comprometida, mangas arregaçadas. É fato que: “atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher”. Neste caso, vale  o axioma pelo avesso: atrás dessa grande mulher, há a figura do esposo, sempre com um sorriso nos lábios, um olhar de cumplicidade, um gesto de amparo e compreensão. Depois de Deus, Ademir é o que vai à frente, aparando arestas, perdoando-lhe os estresses, oferecendo-lhe o ombro de parceiro e de amigo. Não se olvidam aqui os joelho dobrados de D. Vitória, sua mãe, rogando sempre a Deus por ela, em todos os aspectos da sua vida. Pedro, o filho, perdendo-se em admirações pela mãe, comparando-a a uma Amazona. guerreira forte, apesar de todos os percalços por que passou.

Assim, nesta noite festiva, aos clarões do neon, Zó Designe abre todas as suas portas e os convida, prezados, praticar o conselho de Baudelaire quando escreveu em meados do século XIX:

“E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: “É hora de embriagar-se! Embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso. Com vinho, poesia ou virtude, a escolher”.

Portanto, da mesma forma que Zoraide, embriaguemo-nos de sonho!

Parabéns!

Esechias Araújo Lima

Poeta, membro da Academia Conquistense de Letras

 


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