O “golpe do falso sequestro” voltou a fazer vítimas em Vitória da Conquista. Somente nesta segunda-feira (6) quatro pessoas contataram o BLOG DO ANDERSON para falar sobre a situação que tem infernizado a vida de muita gente. Por telefone os bandidos fingem que estão sequestrando alguém da família. Na Capital do Sudoeste Baiano uma mulher viveu momentos de pânico ao receber uma ligação no telefone da casa dela e pagou um suposto resgate no valor de R$ 4 mil, mas meia hora depois pode constatar que foi alvo da malandragem ao reencontrar a sua mãe. No mês passado a funcionária de estabelecimento financeiro conquistense pagou R$ 12 mil a estacionários que utilizaram a mesma artimanha. Veja aqui uma reportagem que foi ao ar no Jornal Nacional sobre essa modalidade criminosa idêntica das que tem sido aplicado em Vitória da Conquista e diversas cidades da região. >>>>>
Você é brasileiro e sabe que presidiários brasileiros têm telefones celulares, apesar de todas as promessas que as autoridades públicas já fizeram pra acabar com essa situação e você provavelmente já ouviu falar que esses presidiários ligam de dentro da cadeia pra aplicar golpes. Fingem que estão sequestrando alguém da família da vítima. Talvez você mesmo já tenha sido alvo desses criminosos. Até aí, novidade nenhuma. Mas, além do telefone celular, presidiário golpista usa também a criatividade. E o Jornal Nacional mostra qual é a versão mais nova do golpe do sequestro falso.
Uma mulher viveu momentos de pânico ao receber uma ligação no telefone da casa dela. “Eu atendi, a pessoa já: ‘O mãe, o mãe, o mãe. Eu fui sequestrado, eu fui sequestrado, me pegaram aqui. Não chame a polícia. Não faça nada, por favor’”, lembra.
Ela acreditou que o filho de 15 anos estava sequestrado. Sem procurar ninguém da família, passou a obedecer a todas as ordens do suposto sequestrador. Ela fez vários depósitos bancários e recargas de crédito em celulares. O bandido aproveitou para aplicar um novo golpe.
“’Ele falou: ‘Agora você vai se hospedar num hotel, vai ligar pro seu marido e vai dizer que você foi sequestrada. Se você fizer alguma coisa, ele morre’. E aí a pessoa do outro lado gritava, como se fosse meu filho”, conta a mulher.
A mulher nem desconfiou que era vítima da ação criminosa. Ela ligou para o marido e disse que estava sequestrada, mas que não poderia dar mais detalhes. No dia seguinte, a mulher foi ao banco e depositou mais dinheiro na conta indicada pelo criminoso. No total, gastou R$ 10 mil. Ao perguntar pelo filho, recebeu a notícia dos próprios bandidos de que tudo se tratava de um golpe. Pior que o prejuízo financeiro é o trauma psicológico das vítimas. “A gente não dá nem um passo sem falar um com outro. Isso é um horror”, afirma a mulher.
A polícia rastreou o celular da vítima e descobriu que as ligações partiram do complexo penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. Não foi um caso isolado. Só neste ano no centro-oeste paulista, este tipo de ação já causou prejuízo de R$ 100 mil às vítimas.
“As principais perguntas que a vítima tem que fazer a hora que recebe uma ligação dessas: será que não é um trote, será que não é um golpe? E desligar o telefone. Em seguida, perguntar pra si mesmo: qual é o criminoso que está negociando um sequestro que pede que sejam feitas recargas de telefonia celular que podem ser rastreados? Isso já é um indicativo forte de que se trata de um golpe”, diz o delegado Kleber Granja.
Mas nem sempre os golpistas se dão bem. O humorista Jonathan Nemer também recebeu uma ligação de um suposto sequestro envolvendo a irmã. Mas ela estava ao lado dele na hora que o criminoso ligou. Ele gravou a conversa que virou sucesso na internet.
Golpista: Eu estou querendo uma quantia em dinheiro para liberar ela com vida. Você está disposto a pagar pela vida dela?
Jonathan Nemer: Estou, mas depende de quanto, né?
Golpista: Tá, eu quero a quantia de R$ 20 mil. Você tem esse dinheiro?
Jonathan Nemer: Eu vou matar quem para conseguir esse dinheiro?
Golpista: Sem mentira nenhuma. Quem está ai com você?
Jonathan Nemer: Minha irmã.
Golpista: Só está você e sua irmã?
Jonathan Nemer: É.
Na conversa, Jonathan alega não ter o dinheiro para pagar o resgate. O golpista insiste.
Golpista: No banco, tem quanto no banco?
Jonathan Nemer: Não tenho nem conta. Meu nome tá sujo.
Golpista: Você está com o nome sujo?
Jonathan Nemer: É.
Golpista: Você não tem conta no banco?
Jonathan Nemer: Não.
Golpista: E com você aí você tem quanto?
Jonathan Nemer: R$ 700.
Golpista: Tá bom então. Tá me ouvindo? Eu vou ajudar você. Eu vou ajudar você.
Jonathan Nemer: Obrigado, viu.
Golpista: Eu vou fazer isso porque a gente não queria pegar ela. Infelizmente, nós pegamos ela enganada. Ela me pediu para ligar para você.
“Gente é muita safadeza”, afirma a irmã do humorista.
Jonathan Nemer: O cara liga de um jeito dizendo: “Tô aqui com sua irmã. Minha irmã tá aqui pô. É nóis gente. Fica esperto”.
“O ideal mesmo é a pessoa manter a calma. Eu conheço essa voz? E não falar nada, mãe, irmã. Não falar nenhum nome, por exemplo, Renata, João, fica quieto. Quem é? Qual é o seu nome, o que está acontecendo? Não fala nada. A pessoa mesmo vai se entregar, dizer que é um golpe”, diz o humorista.
