Por Ricardo Marques
O Domingo amanheceu meio sombrio, silencioso, embora o sol teimasse em aparecer. Quando soube que Dão Barros nos deixou, parece-me que o Domingo meio que parou. Isso deve acontecer sempre que um grande artista nos deixa. Principalmente um artista multifacetário, que, na música, fabricava seus próprios instrumentos e nas artes plásticas fazia música para os nossos olhos. Dão foi um desses caras que todo mundo gostava. Sempre do seu jeito pacato, sempre com uma idéia na cabeça, sempre com seus projetos artísticos que tanto nos faziam amá-lo. Tive o prazer de conhecer de perto o artista e o ser humano. Na infância, aumentava o rádio quando as cordas de “Saudade” começavam a tocar: “… Andaria duas mil estradas/cruzaria cinco mil luas/somando sete mil beijos/para uma boca, a tua…”. Era o Grupo Barros: Gil, Paulo e Dão. Já sem Carlos Barros, morto num trágico acidente anos atrás. E o som das zamponhas, dos tambores. Realmente dá saudades. A latinidade misturada com os ares do sertão. O resgate das tradições de maneira tão peculiar, tão inteira, tão única. Mas são esses mistérios que a vida não nos revela: que o nosso querido Dão Barros possa continuar na eternidade como seu canto e sua arte. Deve estar agora com Carlos pensando em novos projetos para enriquecer de música o espaço celestial…