Ponto pro professor

Por Paulo Ludovico

Pensar é privilégio de poucas pessoas. Pensar rápido nem se fala, aí, meu senhor, já é virtude de pouquíssimos. Mesmo assim, quem rebuscar na memória há de se lembrar que já deve ter conhecido um sujeito desses, bom e rápido de raciocínio. E eu conheci um assim, Gilvan Quadros, filho de Raimundo Quadros (até já contei um história dele aqui) . Gilvan, hoje, é dono de loja de informática, em shoppings, em Salvador. Bom jogador de xadrez (só podia ser), foi ele quem ensinou o movimento do pião, do bispo, da dama, da torre e do cavalo, tudo no tabuleiro, é claro, ao professor  Armínio Santos. Principiando nossa história, tudo aconteceu lá pelos idos de 1970. Gilvan devia estar, naquela época, com 15 anos (ou menos). Fazíamos parte de uma turma onde estudavam pessoas que vez por outra nos vêm à lembrança. Maria Perpétua, que trabalhou no Baneb, Mauro Muñoz, médico oftalmologista aqui em Conquista, Fernando e Crésio, filhos de Dr. Fernando Dantas Alves, Mauro, que já foi dono de revenda da Coca Cola, ali na Praça Vitor Brito, Pedro Moraes Neto, o Pedrinho, Jadel Cajazeira, irmão de Lúcia Cajazeira, do Juvêncio Terra e tantos outros. Ah!, não poderia esquecer de Maria das Graças Duarte, a Gracinha Duarte, naquela época, aluna cobiçada por todos os colegas. Perguntem ao Pedrinho, a Mauro (qualquer um dos dois), certamente eles, como os demais, devem se lembrar dela (por onde andará?). Mas voltemos ao motivo da nossa prosa.

Um colega pouco comum

Por Paulo Ludovico

Quem quiser contar qualquer caso – ou seria causo – do passado escolar de Conquista, certamente terá que falar do velho Ginásio de Conquista. Lá, foi diretor o Padre Luiz Soares Palmeira, o temível (e terrível) Padre Palmeira. A história de um e de outro, do padre e da escola, em certos momentos chega a ser uma só, tanto que, o velho ginásio ficou conhecido também como: o Ginásio do Padre. Padre Palmeira era o típico professor dos tempos passados. Sujeito inteligente e dono de uma cultura que impressionava. Mas, sabem os que estudaram ali, o “bicho” era sisudo e bruto, “igualmente” a uma cancela. Daquele tipo que não leva desaforo pra casa. Existe, na história de Conquista, prá lá de duas rusgas do velho Palmeira.  Anda vivinho por aí, muito cabra bom, outrora aluno do Ginásio do Padre. Cada um se lembra bem das idas e vindas daquele diretor. Gilberto Cardoso (apelido: de Tostão), Humberto Flores (é bom nem tocar no apelido desse aí, é caso encerrado e não se fala mais nisso), Elquisson Soares, Ubirajara Fernandes são apenas alguns dos que estudaram no antigo ginásio.

A Sunga trocada

Por Paulo Ludovico

“Eta tempo bom aquele, sô!” São muitos os momentos que merecem uma referência dessas. E se formos realmente relembrar, certamente, bons tempos de nossas vidas passamos entre tantos amigos que fizemos na escola. Alguns desses amigos caminham juntos por muitos e muitos anos, outros se perdem na trajetória da vida. Tenho muitas saudades de tantos que vi pela vez última nos tempos da escola, lá num tempo bem longe, quando Luxemburgo ainda era um bom treinador. Cá pra nós, Deivid no ataque do Flamengo, é demais! Que saudades dos tempos de Zico, Júnior e Adílio (Mas, o que isso tem a ver com nosso caso?).

Há ainda aqueles que embora se percam no “tracejar” da labuta diária, terminam se encontrando numa curva adiante. Nesse caso, existem muitos como o Dr. Júlio César, advogado que vai protagonizar o nosso caso (ou causo) de hoje. Aconteceu na época do inesquecível Colégio Batista Conquistense (ficava ali onde funcionou a Real Madeireira, na Siqueira Campos).

Bira e o barbante

 Por Paulo Ludovico

O Instituto São Tarcísio foi, uma das maiores escolas de Vitória da Conquista. Mas, antes de ser o que chegar a seu ponto máximo, começou pequeno. Quando fui estudar no São Tarcísio, a escola funcionava numa rua, atrás da casa onde moravam “seu” Viriato e “dona” Nenem, pais das professoras Edna (de saudosíssima memória), Edméia (artista plástica das mais talentosas) e Ednalva, além de Ednália e Eduardo, ainda estudantes, e de Edmilson e Edson (esses dois morando em Salvador). Naquela época, também estudavam lá os irmãos Péricles e Márcio Prado, as irmãs Lucila e Marília Fernandes, Robson Miranda (irmão de MacDonald, da Band), os irmãos Osvaldo e Orlando Celino, Ana Maria Sales e seu irmão, Joaquim Sales (da Daytona), Gracinha Duarte (a nossa musa de então), entre outros, que, oportunamente, mencionaremos.

Histórias num clássico de lascar

Por Paulo Ludovico

Da mesma maneira que todo brasileiro (ou pelo menos a maioria deles), gosto de futebol. Sempre me pergunto qual o motivo dessa paixão. Como alguém pode gostar de um esporte onde 22 homens correm atrás de uma bola, assistidos (de dentro do campo) por um que corre de um lado pra outro, com um apito na boca? Esse (o do apito), além de não poder tocar na bola, pára o jogo a todo tempo, sob o pretexto de uma irregularidade qualquer que, em muitos casos, só ele viu. Mas, é mesmo assim, como todo gostar, esse, também, não tem explicação. Gosto e pronto! Gostar ou não gostar não importa, o que importa é que o caso dessa semana aconteceu na próxima (e próspera) cidade de Anagé e envolvendo, justamente, um jogo de futebol. Ou melhor um jogo qualquer, não. Um clássico regional. Um clássico de lascar! Vaquetal X Pé do Morro.

O velocista sem velocidade

Por Paulo Ludovico

 Corria o ano de 1972. Era Presidente da República o General Emílio Garrastazu Médice. Mais adiante digo o porquê dessa citação. Eu, um ano antes, havia sido Bi-Campeão Baiano de Judô, o que me qualificou para disputar em Maceió, nas Alagoas (terra de meu pai), os Jogos Estudantis Brasileiros. Era uma espécie de olimpíada estudantil, disputada em todas as modalidades esportivas. O desfile de aberturar foi no Estádio Rei Pelé, “Pelezão” (recém construído) e teve a participação das delegações de todos os Estados da Federação. Nós, emocionados e orgulhosos, com a bandeira da Bahia à frente, pisamos na pista de atletismo do Estádio, sob os olhares e aplausos de um público que, literalmente, lotava as dependências daquela praça esportiva. Não sei se foi impressão, mas nossa delegação foi uma das mais ovacionadas. Lembro-me bem, no alto-falante, num som potente e “limpo”, ecoava o Hino da Independência da Bahia, o que nos deixava mais emocionados, ainda. Com todas as delegações, impecavelmente perfiladas no centro do gramado, o discurso de abertura foi proferido pelo Presidente Médice, daí a minha lembrança e referência inicial. Estava também presente o Atleta do Século, que dava nome ao Estádio, o Sr. Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé. Diga-se de passagem, dois anos antes ele havia se sagrado Tri-Campeão Mundial de Futebol, no México, tendo sido apontado como o destaque daquela competição. Aliás, permita-me fazer um parêntese e lembrar daquele timaço de70, aSeleção Canarinho de Zagalo, que formava com o goleiro Félix, a zaga era Carlos Alberto (o capita) Wilson Piazza, Brito e Everaldo (esse já falecido); Clodoaldo, Gerson e Rivelino; Jairzinho (o Furacão da Copa), Tostão e ele, Pelé. Mas, voltemos ao objeto de nossa conversa de hoje, que não aconteceu no Estádio Rei Pelé, onde ocorreu o desfile dos Jogos Estudantis Brasileiros. Nossa conversa de hoje refere-se a um momento anterior, ou seja, à viagem até o vizinho Estado de Alagoas, mais precisamente à sua bela capital, Maceió.

Descubra, se for capaz!

Por Paulo Ludovico 

Existe por aí muito cabra, danado de prepotente. É o tipo do sujeito que, em cada uma de suas atitudes, faz valer a expressão: ”pensa que tem um rei na barriga”. Conheço uma “distinta advogada” assim. Ela, sem gastar um centavo sequer (na “saliva”, diria meu pai), passou um verão inteirinho na casa de praia de um amigo (que por sinal é meu amigo também e me relatou essa passagem). Uns vinte dias depois, esse amigo a encontra no Fórum e, ingenuamente, com a pureza que lhe é cotidiana, pergunta:

– Fulana! Onde fica o cartório tal?

Ela responde, na bucha:

– Fulana, não! Doutora Fulana!

Comendo, só, carne branca

Por Paulo Ludovico

Existem muitos camaradas gozadores. Aqueles, para os quais, a vida é uma grande brincadeira. Eles estão eternamente felizes e, na ponta da língua, hospeda, sempre, uma piada pronta, de tudo e de todos. É aquele tipo de sujeito que passando (com a nova namorada) em frente ao boteco onde tem uma conta pendente, o proprietário do estabelecimento, aproveitando-se da oportunidade para cobrar a dívida, diz, bem alto:

– Amigo! Aqui tem três cervejas suas!

Ao que, prontamente, recebe a resposta:

– Guarde, que mais tarde passo pra bebê-las!

Tropeçando na cortesia

Paulo Ludovico

Há certos dias, na vida de cada um, que melhor seria se não houvesse existido. Quem nunca disse: “Hoje as coisas não estão dando certo, parece até que acordei com o pé esquerdo”. Ou, então, como diz alguém que conheço: “Não acerto uma hoje, parece até que pisei em rastro de corno”.  O dia, que nunca deveria ter existido na vida de alguém, é um daqueles em que tudo começa dando errado. Numa situação hipotética, logo de manhã, falta água para escovar os dentes. O café não está pronto, é que acabou o gás. Chegar ao trabalho, só se pegar táxi, o carro amanheceu com dois dos pneus furados. Lá pelo meio-dia, de volta pra casa, a difícil tarefa de encarar dez andares de escada, o elevador enguiçou. E o dia vai assim, nada dando certo. À noite, em casa, preliminarmente tudo bem, mas, “nos finarmente”, nem uma caixa inteira de “Viagra” resolveria o problema. E, de “cabeça baixa”, o melhor é dormir e esquecer, afinal, aquele foi um dia que não deveria mesmo ter acontecido. E é justamente sobre um dia assim que vamos contar essa história. Um dia que não deveria ter acontecido na vida de “dona Detinha”, esposa do ex-prefeito, ex-governador da Bahia e ex-senador, Lomanto Júnior (aliás ele já foi prefeito de Jequié por três vezes).

A fúria do rezador

Por Paulo Ludovico

Num passado não muito remoto, terminava-se o 3º Ano Colegial em Conquista e continuar os estudos, só em outras localidades. Conheço muitos profissionais que atuam em Conquista, mas que concluíram os estudos em outros lugares. O principal destino era Salvador. Eu por, exemplo, saí um pouco antes. Fui fazer o 3º Ano Colegial com Pré-Vestibular no Curso e Colégio Águia (foi lá onde comecei a carreira de professor), que ficava na Praça da Piedade, bem no Centro da capital da Bahia. Logo que chegamos a Salvador, eu e meu irmão Marcos, fomos morar no pensionato de uma senhora, que viveu em Conquista e era, na oportunidade, bem amiga de minha mãe. Foi uma experiência terrível, inclusive já contada por mim, numa crônica anterior que intitulei “Meu primeiro dia para morar em Salvador”. Nesse pensionato, só aguentamos ficar uns seis meses. Como alguém conseguiria viver num local onde a geladeira era fechada com corrente e cadeado? Saímos de lá. Meu irmão foi morar em outro local. Eu fui morar no pensionato de Dona Lourdes, na Rua Areal de Baixo, nº 7. O pensionato crescera e a proprietária se viu obrigada a alugar um apartamento com três quartos no Areal de Cima. Ficávamos no Areal de Cima e fazíamos as refeições no Areal de Baixo. Conheci muita gente de diferentes paragens nessa época. Inclusive conquistenses. Dois deles são protagonistas de nosso causo desta semana.

Um Flamengo e Bahia, pra lá de inesquecível

Paulo Ludovico

 Esta semana vou contar um casso que se “assuscedeu” comigo. Eu morava em Salvador e voltava pra casa, depois de um Bahia X Flamengo, na Fonte Nova. Ou seja, o caso não se refere ao jogo, mas ao que aconteceu depois do jogo. Estávamos no finalzinho da década de 70 ou início da de 80. Eu cursava Engenharia Civil. Começava, também, minha carreira de professor, ensinando Matemática em várias escolas da capital do Estado. Entre outras, no Curso e Colégio Águia, no Radar, no Curso e Colégio Laser. Minha vida se resumia em estudar e dar aulas. Fazia um ano, mais ou menos, que havia me casado. Algumas vezes, ia a uma academia de judô, fazer exercícios e treinamentos, já que eu era faixa-preta. Hoje, meu filho Thiago é quem se dedica ao judô. Ele é faixa-preta, 2º dan, isto é, um segundo estágio da faixa-preta.

O Padre e a mulher do Prefeito

Paulo Ludovico 

Antigamente, nas pequenas cidades, principalmente nas cidadezinhas do interior nordestino, ninguém tomava certas atitudes sem antes fazer algumas consultas a determinados tipos de pessoa. Se o problema era com a educação do filho ou da filha, aí a conversa era com o professor (geralmente, o único da cidade). Sujeito respeitado pelos conhecimentos (Ah! Como as coisas mudaram), era sempre convidado para almoços e jantares das famílias mais tradicionais. E, na mesa, tinha lugar de distinção, perto do dono da casa. O gerente do banco (do banco, porque, outrora, em cidades pequenas, só existia, mesmo, o Banco do Brasil) era outro camarada também de muita importância, principalmente para opinar sobre os negócios. Comprar ou vender uma propriedade, sem antes falar com o “ome lá do banco”? Nem pensar! Pra esse aí, a maioria das famílias reservava a própria filha. Se o casamento fosse feito, pronto, o futuro da “rapariga” (no bom sentido, é claro) estaria garantido. É que o salário do “mardito” era alto e, por causa disso, sobrava sempre um dinheirinho para ser investido em propriedades (diria um bancário de hoje: “ah! Nesse aspecto, como as coisas também mudaram!”). Outro sujeito bem respeitado nas cidadezinhas de antigamente era o médico. Esse aí tinha tanta importância que opinava até sobre a vida sexual do dono da casa. De vez em quando vinha de lá um conselho: “compadre, hoje não. Espere pra outra semana”. Ou assim: “acho melhor o compadre dormir na sala durante esta semana, porque a comadre anda um tanto indisposta”. Ai de qualquer outro que ousasse dar um conselho dessa natureza. Era briga pra mais de um século. O delegado. Esse mesmo é que fazia parte da amizade “do peito” de muitas famílias antigas, principalmente dos “coronéis”. Vez por outra, fazia vista grossa para certas atitudes mais explosivas daqueles que detinham o poder.

Dançar? Só com bonito!

Paulo Ludovico 

Em todo início de ano, é a mesma coisa, nas escolas que se espalham por esse Brasil a fora. São as velhas, intermináveis e enfadonhas reuniões de planejamento pedagógico. No dizer dos entendidos elas servem para planejar o ano letivo inteirinho. Eu, de minha parte, nunca entendi como é possível se preparar um ano letivo inteirinho, apenas, numa ou duas manhãs. Era começar o ano, ali pelo mês de fevereiro, e você recebe a comunicação, escrita com letras garrafais:

“Professor, no próximo dia tal, a partir de tal hora, reunião pedagógica para programar o ano letivo. Não falte, sua presença é muito importante para o processo que pretendemos implantar este ano.

Logo abaixo vem a programação:

8:00 encheção de saco

9:00 mais encheção de saco, ainda etc.

A foto com Zico

Paulo Ludovico

Clube de Regatas Flamengo ou, simplesmente, Flamengo.

Conheço muitos que têm verdadeira adoração por esse clube. Ex-treinador do Flamengo, Gentil Cardoso, criador de máximas que até hoje persistem no futebol, como: “quem não faz, toma” ou “quem pede recebe, quem desloca tem a preferência”, dizia que “ser Flamengo é o mesmo que ter uma religião” ou, ainda, “o Flamengo não possui camisa, e sim um manto sagrado”. Gentil dizia também, referindo-se aos que iam fazer testes no Flamengo: “sei se alguém é bom jogador logo na chegada, no arriar das malas”. Confesso que já fui um torcedor mais “vidrado” pelo Flamengo. Hoje torço pelo clube, é claro, mas sem aquela empolgação de antes. Dizem alguns que, quem torceu pelo Flamengo na era Zico perdeu um pouco o amor pelo Clube, quando o Galinho de Quintino (apelido de Zico) deixou de jogar. É como, para nós brasileiros, a Fórmula 1 sem o Ayrton Sena. Eu poderia até dizer que a Fórmula 1 deixou de ser “massa”.

Feia…Mas nem tanto

Paulo Ludovico

Antes de começar o caso (ou causo) de hoje, quero agradecer às demonstrações de carinho dos que “curtem” os meus escritos. São crônicas que retratam fatos verídicos (diga-se de passagem). Um desses agradecimentos é para Dona Elza Souza e Dona Mariana Pinto (pinto!!!!!!???). Perco o amigo, mas não perco o comentário. As duas tiveram a coragem de confessar serem leitoras de todos esses causos. Pra todos vocês, aqui vai mais um. Quem me contou jura ter sido verdade.  Um dito popular: “esse cabra é igual a peixe, morre pela boca”. Todo mundo já conheceu alguém assim. E, pra relembrar, não é preciso de muito rodeio, basta pensar um pouco…  pronto, a imagem do brabo já está aí, batendo na memória. Morrer pela boca é aquele tipo que “tem opinião formada sobre todos e sobre tudo”. Na maioria das vezes, o indivíduo se acha dono da verdade. Numa prosa qualquer, surge a deixa, o infeliz manda ver, palavras bonitas chuviscam. Mesmo sem que uma pergunta tenha sido feita, a danada da opinião “pipoca de lá”. Doa a quem doer. 

O professor Aparecido e a pimenta da baiana de acarajé

Por Paulo Ludovico

Aparecido (do Opção, FTC e Fainor) é professor dos mais competentes. Em disciplinas que envolvam cálculo, o bicho é “boca de zero nove”, como se diz na gíria. Se pra uns, palavra cruzada, jogar baralho, bater um babinha, assistir a TV é a diversão, pra Aparecido o passa tempo é tocar violão e resolver problemas de matemática e daqueles bem cabeludos, que ninguém mais sabe, nem pra onde vai. “Tá” difícil a questão? Entregue a Aparecido que logo sai a resposta. “O danado parece até que tem parte com belzebu”, já vi muitos falarem isso. Agora, pense num cara bom de prosa, coração pra lá de generoso.  Nem precisa se esforçar muito e logo vem a figura do professor Aparecido. Piadista que só ele. E falo com conhecimento. Lá pelos meus tempos de Salvador, por volta dos longínquos 1979 (do século passado, acredite) eu e Aparecido lecionávamos Matemática, no Colégio e Curso Águia, que ficava no centro da capital, na Praça da Piedade. Éramos dois tabaréus do interior, tirando uma onda lá no meio dos soteropolitanos. De vez em quando, batia aquela saudade de casa, que chegava a dar arrepios. As coisas não eram fáceis como hoje. Não tinha avião toda hora e quando tinha era coisa pros mais abonados. Comunicar com o pessoal de casa, só por carta (quatro dias para chegar aqui), telegrama era coisa cara, só cabiam poucas palavras. Não tinha esse negócio de internet (e-mail, facebook, twitter e outras coisas do gênero). O jeito, era nos encontrar, para relembrar da vida no interior. Eram as intermináveis (e agradabilíssimas, diga-se de passagem) sessões de nostalgia, que, geralmente, aconteciam em finais de semana.  

A “cantada” ao professor de Biologia

Por Paulo Ludovico

Bicho danado é aluno. Sempre foi. Nos tempos de hoje, nem se fala. Sozinho, qualquer aluno é pessoa normal, como outra qualquer. Em grupo seu moço, é osso duro de roer. Pintam e bordam, demoram de entrar na sala, pedem pro professor não dar aula, mas se o professor faltar, é “um Deus nos acuda”, não há direção de escola que suporte as reclamações. Claro que Isso é em relação ao aluno mais “cobra criada”, de fazer qualquer diretora levantar os cabelos (Niêta e Ana Aquino que o digam). Claro que todas essas brincadeiras são saudáveis, fazem parte do viver da própria juventude. Quem não brincou nos tempos de escola? Quem nunca “colou” da prova de um companheiro. É difícil encontrar quem não tenha escrito na palma da mão pelo menos uma fórmula daquela prova de Física ou de Matemática. O professor que afirma: eu, tomando conta de prova, o aluno não “pesca”, é um enganado na vida. Quando o aluno quer, “pesca” mesmo. Não há quem impeça. Não vivenciar as “traquinagens” dos tempos de escola, com certeza é não ter tido uma juventude completa.

Uma cantada pouco comum

Paulo Ludovico

Dizem que conversar muito é privilégio das mulheres. Quando digo muito, não me refiro, especificamente, a conversar bem. “Muito”, nesse caso, é referência a tempo de conversa mesmo, e não à qualidade da prosa. Se o papo é no telefone, aí, meu amigo, é um “deus-nos-acuda”. Sei de uma distinta senhora que passou mais de cinco horas num papo por telefone. A que falava era daquele tipo que tinha a conversa comprida. E falou de Deus e do mundo. A que ouvia, sentou, levantou, sentou de novo, deitou, esperou, tornou a deitar, se irritou, e, em certo momento, esticou tanto o fio do telefone que o danado chegou a perder aquela aparência de mola, ficou “esticadão”. E lá vem blá blá blá. No final da conversa, a que ouviu “tava” com a orelha em brasa, assada igual a “bunda de nenê”.

Conheço um danado que é também desse tipo, quando levanta pra falar, ninguém agüenta. Numa determinada reunião, o “home” começa a prosa com um assunto, lá pelo meio emenda com outro, mais adiante vem um tema diferente, e assim, enchendo a paciência de todos (inclusive a de dois amigos, Juvêncio e Aloísio, que participam da mesma reunião), vai botando palavra em cima de palavra, sem que a prosa chegue ao fim.   

Meu primeiro dia, para morar em Salvador

Paulo Ludovico

Terminado o 2º ano do Segundo Grau, lá pelo ano de 1975, eu e meu irmão, Marcos Ludovico, fomos, em companhia de outros colegas, cursar o 3º ano,em Salvador. Erao 3º ano, com Pré-Vestibular. Ele queria fazer Direito, eu, Engenharia Civil. Até hoje, pergunto-me o porquê. Desde pequeno, respondia: “quando crescer, eu quero ser Engenheiro Civil”.  O certo era que iríamos para “a civilização”, para a capital da Bahia.  Meu pai, apesar dos insistentes convites, não queria que hospedássemos em casa de parentes. Moravam lá, um tio e uns primos nossos. Dizia o velho Ludovico (meu pai) que poderíamos, num final de semana ou outro, almoçar com esse tio (irmão da minha mãe). – Mas morar, não! Dizia papai e justificava: “na primeira semana, tudo sairia perfeito, depois as coisas mudariam”.  Sempre concordei com ele, ainda que, nas oportunidades em que fomos almoçar com esse tio, éramos muito bem tratados. Nossa moradia, então, seria num pensionato, de propriedade de uma senhora de Conquista, amiga de minha mãe, das reuniões do Centro Espírita Humberto de Campos. O danado do pensionato ficava num edifício de 18 andares, localizado na Rua Areal de Baixo, no Centro de Salvador. Lembro-me como se fosse hoje, era o edifício Nossa Senhora de Lourdes, mas, pelo apelido, “Balança, Mas Não Cai”, passamos a ter noção de onde iríamos morar e de que nos esperava.

A difícil tarefa de ser gordo

Por Paulo Ludovico

Entre os que sofrem nesse mundo, com certeza, estão os gordos. Eu sei o que é isso. Já pesei 197 quilos. Hoje, depois que me submeti, em 2003, a uma cirurgia bariátrica (aquela do estômago ou da obesidade, como queira), tenho a sensação de ter o corpo de um bailarino espanhol. Gordo, prá mim, é Ronaldo, o fenômeno (ou ex), é Adriano, do Corinthians. Qualquer outro é gordo, menos eu. E a discriminação vem de todo o lado. Uns quilos a mais, lhe tacham de GORDO. Agora, meu amigo, se você tiver (como eu tive) muitos quilos a mais, você já sobe de posto, passa a ser GORDÃO. Já o médico lhe chama de gordo de uma maneira mais elegante: OBESO. Mas, para aquele com os quilos a mais (o gordão), ainda acrescentam a palavra MÓRBIDO. Repare que coisa assustadora: o médico olha pra você e, como se desse uma notícia qualquer, diz: